Evento debate o roteiro com profissionais do mercado brasileiro

O cinema na era da TV, os desafios de escrever para crianças e adolescentes, o maior público da televisão paga; discussões sobre roteiros de reality show, o formato mais produzido nesse meio de comunicação; e roteiros audiovisuais infanto-juvenis são alguns dos temas abordados no Encontros de Cinema, que acontece entre os dias 9 e 13 de setembro, no Itaú Cultural, em São Paulo. Além das cinco mesas de debates, a programação oferece para o público workshop de capacitação, com 25 vagas, que precisam de inscrição prévia. Os diretores e roteiristas Anna Muylaert e Luiz Bolognesi, a produtora e gestora de projetos multiplataforma Beth Carmona, o produtor e roteirista Paulo Cursino, o jornalista e radialista Flávio Queiroz, a roteirista Carolina Kotscho e o diretor da Moonshot Pictures Roberto D’Ávila, entre outros, comandam as mesas de debates.

No primeiro dia, 9 (quarta-feira), a mesa de abertura acontece às 20h. Para iniciar o ciclo de debates, Anna Muylaert e Luiz Bolognesi falam sobre Cinema na Era da TV. Ela participou da equipe de criação de um dos programas de mais sucesso no mundo infanto-juvenil, apreciado por diversas gerações, Castelo Rá-Tim-Bum, e é também diretora de Que Horas Ela Volta?, filme que entrou em cartaz nas salas de cinema da cidade e já recebeu vários prêmios, entre eles, o Prêmio Especial do Júri na categoria Atuação às protagonistas Regina Casé e Camila Márdila, no Festival Sundance.

Bolognesi escreveu um dos grandes filmes de sucesso nacional, Bicho de Sete Cabeças, de 2001. A mediação é da roteirista Maria Camargo, autora de Correio Feminino, adaptação da obra de Clarice Lispector (TV Globo, 2013) e da minissérie, em finalização, Dois Irmãos, baseada no romance de Milton Hatoum, ambas dirigidas por Luiz Fernando Carvalho. Na TV Globo, foi também autora-colaboradora da novela Lado a Lado, vencedora do Emmy Internacional em 2013, e de Babilônia, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, cujo último capítulo foi transmitido na semana passada.

Depois disso, no dia seguinte, quinta-feira, às 18h, a consultora, produtora e gestora de projetos multiplataforma, Beth Carmona, que esteve à frente de canais como TV Cultura, Discovery Kids, Animal Planet, na América Latina, e Disney Channel, em São Paulo; a Mestre em Cinema e Audiovisual Contemporâneos pela Universidade Pompeu Fabra de Barcelona, Tatiana Nequete, diretora e roteirista do curta-metragem As Férias de Lord Lucas; e a autora de As Aventuras de Glauber e HildaUm Pinguim TupiniquimA Maldição da Moleira Perdendo Perninhas, Índigo, ficam à frente da mesa As crianças, os adolescentes e as histórias: Desafios de escrever para o maior público da TV paga. Escrever roteiros audiovisuais infanto-juvenis de qualidade é uma tarefa que exige dedicação e sensibilidade. O roteirista precisa ter um ouvido atento e um respeito profundo por esse público jovem, ​ávido e curioso, que está em constante transformação. A discussão do que é ou não educativo, as distintas visões sobre as fases da infância e da adolescência e as demandas de público e mercado são os temas abordados nesse momento. A mediação fica por conta da também roteirista Andrea Midori, que passou pela série Cocoricó, da TV Cultura, e de comédias como A Vida de Rafinha Bastos, da FOX, e O Homem da sua Vida, ainda inédita, para a HBO.

Duas horas depois, às 20h, Entre a realização autoral e o grande público. O cinema na era da TV: características e possibilidades é o tema abordado pelo diretor do premiado Beijo de Sal, Felipe Barbosa; por Paulo Cursino, que também foi autor e colaborador de programas da Rede Globo, como Sai de BaixoOs Caras de PauSOS Emergência e A Grande Família, além de redator-final das quatro temporadas do seriado Sob Nova Direção; e Juliana Rojas, diretora do longa-metragem Trabalhar Cansa (2011) e dos curtas O Lençol Branco (2005) e Um Ramo (2007), todos exibidos no Festival de Cannes, sendo que o último premiado na Semana da Crítica. Com mediação do jornalista e também roteirista Marcelo Starobinas, coescritor do longa Jean Charles (2009), a conversa permeia a produção cinematográfica brasileira, em atual polarização entre as comédias populares e filmes que buscam experimentar e inovar. Durante o bate-papo são feitas indagações como: que tipo de histórias e formatos narrativos atraem o grande público? Qual o impacto dos interesses comerciais nas decisões criativas dos roteiristas? Como é o processo de elaboração do roteiro no cinema de autor? É possível ampliar o público de obras consideradas mais “difíceis”? No centro do debate, está o papel do cinema enquanto arte e entretenimento.

A sexta-feira é o último dia com mesas de discussão, já que o fim de semana é dedicado somente à série de workshop de capacitação. O primeiro debate, às 18h, trata das narrativas reais, ou seja, dos roteiros de reality – o formato mais produzido na TV paga brasileira. Até onde se pode roteirizar a realidade? As possíveis respostas para ​esta​ pergunta enriquecem a polêmica que envolve o gênero reality show em todas as suas modalidades. A mesa Narrativas Reais tem por objetivo discutir as especificidades de um roteiro para es​te tipo de formato e o lugar do roteirista em um gênero criticado por muitos e consumido à exaustão por tantos outros. Para contribuir com esse assunto, a mesa conta com Roberto D’Ávila, que carrega mais de 30 anos de experiência em televisão, vídeo e cinema, e é diretor da Moonshot Pictures, atuando na área de Rights Management, concepção e desenvolvimento de propriedades e produtos audiovisuais para cinema e TV. Para acompanha-lo, Flávio Queiroz, que foi, por cinco anos, editor-chefe do reality show A Fazenda, da TV Record; e Carolina Kotscho, que está por trás de grandes sucessos do cinema como Dois Filhos de Francisco. A mediação é do jornalista, diretor de televisão e professor Gabriel Priolli, ex-colunista, repórter e crítico de televisão na Folha de S. Paulo, do O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Gazeta Mercantil, Carta Capital, Época e também ex-editor do Jornal Nacional, da TV Globo.

Há um número cada vez maior de livros que ensinam a escrita e a estrutura da narrativa de ficção audiovisual por meio de conceitos e fórmulas. Os exemplos utilizados para sustentar as teorias de roteiro partem, quase sempre, de filmes americanos bem sucedidos. Em que medida esses manuais contribuem ou prejudicam a criação de boas histórias? Há certo ou errado na forma de se escrever um roteiro? Como saber quando acatar as regras e quando é hora de subvertê-las? O tema será abordado às 20h do mesmo dia, 11, e se juntar a Elena Soares, roteirista de Cinema e TV, com destaque para os filmes Eu, Tu, Eles (2000), Cidade dos Homens – O Filme (2007) e Xingu (2012); a Adirley Queirós, diretor de cinema e roteirista, com uma atuação cultural constante, principalmente junto à periferia do Distrito Federal, mais especificamente na cidade-satélite Ceilândia. Ele também é o diretor de Branco Sai, Preto Fica, premiado como melhor filme na Competição Internacional de Longas-Metragens do Festival Internacional de Cinema do Uruguai. Também participa dessa mesa, Daniel Tabau, escritor, diretor de televisão e professor de roteiro, criatividade e literatura em universidades e academias na Espanha e na América, além de autor do clássico Las paradojas del guionista e de El guión del siglo 21, el futuro de la narrativa en el mundo digital. Thiago Dottori, presidente da associação Autores de Cinema, é o mediador.

No sábado, 12, na Sala Vermelha do instituto, Guilherme Carboni, professor universitário e advogado na área de Direitos Autorais assessorando artistas, produtores, entidades e empresas, comanda o workshop Direitos Autorais. O início é às 9h30. Às 14h, a oficina é sobre Conteúdo e apresentação, com Julia Priolli, roteirista de televisão, como da comédia Lili a Ex, do GNT.

As atividades no dia 13 começam no mesmo horário, às 9h30. O primeiro workshop do dia é sobre Picthing, metodologia de apresentação de ideias, em tempo restrito, na qual o apresentador tenta convencer os presentes, em muitos casos potenciais financiadores, de que sua proposta merece receber apoio. Sobre isso, a responsável é Fernanda De Capua, produtora audiovisual, com 15 anos de experiência, produziu o curta Submarino, os longas Sonhos de Peixe (2006), além de Casa Grande, vencedor do prêmio de público no Festival de Cinema do Rio de Janeiro e lançado em 2015. Ela realizou também os documentários Violencia S.A.Harmonia Brasil, Se Eu Demorar Uns Meses e Quem Matou Eloá, e produziu para a TV o programa Capital Natural, da Band News, e a série documental Arte Ativa.

Finalizando a programação de cinco dias, às 14h, Mariana Brasil, que trabalha há 20 anos no mercado de produção independente de audiovisual, atuante na área de Coordenação de Produção de projetos audiovisuais em produtoras e em emissora de TV, ministra a oficina Formatação de projetos. Ela já foi gerente de produção na TV Cultura, na Diretoria de Documentários e Produção Independente, durante a gestão de Paulo Markun. Lá, gerenciou mais de 120 produções próprias ou independentes que consolidaram sua experiência nessa área.

 

 

 

Encontros de Cinema
Data:
de 9 a 13 de setembro
Local: Itaú Cultural – Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô – Fones: 11. 2168-1776/1777
Ingressos: Gratuitos, com distribuição com 30 minutos de antecedência de cada atividade

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