Mostra apresenta filmes que imaginam diferentes futuros sombrios para o país
A Caixa Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 15 a 27 de agosto, a mostra cinematográfica Brasil Distópico, que traça um panorama da produção nacional sobre as distopias. Para a programação, os curadores Luís Fernando Moura e Rodrigo Almeida selecionaram 37 curtas e longas-metragens que imaginam diferentes futuros sombrios para o país, entre clássicos da ficção-científica brasileira e obras menos conhecidas.
A mostra contribui com a descoberta ou a redescoberta de obras ricas e singulares no cinema nacional, parte delas pouco revisitada pelas últimas gerações ou restrita a um circuito limitado de distribuição. Ao mesmo tempo, propõe uma genealogia da distopia no cinema brasileiro que, ainda que livre e parcial, colabora com a construção de um imaginário ainda tímido sobre a ficção científica na produção cinematográfica nacional.
Na programação, filmes como A Noite do Espantalho, de Sergio Ricardo; e Hitler, Terceiro Mundo, de José Agrippino de Paula, poderão ser vistos ao lado de longas mais recentes, como Serras da Desordem, de Andrea Tonacci; e Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós. Tal aproximação provocará reflexões acerca dos encantos e desencantos estéticos e políticos da época de cada obra e sobre nosso próprio tempo.
A curadoria optou por diferentes abordagens na seleção de filmes, convidando o público a descobrir relações, passagens e contrastes entre as diversas obras. Algumas produções revisitam formas de o Brasil catalisar sintomas das grandes crises ocidentais do século XX, como a Guerra Fria e a ditadura militar brasileira, a exemplo de O Quinto Poder (1962), de Alberto Pieralisi, e Brasil Ano 2000 (1969), de Walter Lima Júnior. Outras incorporam de forma mais bruta e cristalina as convenções da ficção científica, encenando a ameaça nuclear e o colapso do planeta, como Parada 88: o Limite de Alerta (1978), de José de Anchieta; e Oceano Atlantis (1993), de Francisco de Paula.
Há, ainda, aqueles que instalam o cinema de gênero em imaginários locais do Brasil, sequestrando seus modelos para reprocessá-los culturalmente, como é o caso de Abrigo Nuclear (1981), de Roberto Pires; e Areias Escaldantes (1985), também de Francisco de Paula. Por fim, há a produção dos últimos dez anos com Brasil S/A (2014), de Marcelo Pedroso; A Seita (2015), de André Antônio; X-Manas (2017), de Clarissa Ribeiro; e Hiperselva (2014), de Helena Lessa.
Para aprofundar o tema com o público, a mostra oferece um minicurso gratuito sobre a ficção científica no cinema brasileiro, nos dias 17, 18 e 19 de agosto (quinta a sábado), sempre às 14h30. Durante os três dias, o professor e pesquisador Alfredo Suppia resgatará a trajetória da ficção científica no cinema nacional, dialogando com outras linguagens, no intuito de estabelecer um panorama de diferentes abordagens estéticas, políticas e históricas. Serão disponibilizadas 50 vagas e as inscrições devem ser feitas através do e-mail brasildistopico@gmail.com.
A programação inclui, ainda, dois debates. No dia 20 de agosto (domingo), às 17h30, o debate tem o tema Sensibilidades distópicas no presente. Os convidados discutirão o caráter distópico das políticas atuais em diálogo com recente fortalecimento do futurismo e da ficção científica em nosso imaginário. E no dia 24 (quinta-feira), às 19h, na mesa Paisagens distópicas no cinema brasileiro, a conversa trata das características estilísticas e os modos de produção das distopias nacionais. Ambos os debates têm participação gratuita, com ingressos distribuídos 1h antes do início.
A programação completa da mostra está em www.caixacultural.gov.br.
Mostra Brasil Distópico
Data: de 15 a 27 de agosto
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Cinema 1 – Av. Almirante Barroso, 25, Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca) – (21) 3980-3815
Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia.
Lotação: 78 lugares (mais 3 para cadeirantes)
Bilheteria: de terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Acesso para pessoas com deficiência