Santos Film Festival promove edição on-line

Por Maria do Rosário Caetano

A quinta edição do Santos Film Fest (Festival Internacional de Cinema de Santos) acontecerá a partir dessa terça-feira, 29 de setembro, até seis de outubro, em versão on-line, com acessos pela plataforma Videocamp.

A primeira atividade do festival, que há cinco anos movimenta a Baixada Santista, não será um filme, mas sim uma “live” com seus homenageados. Em encontro virtual, estarão o ator Paulo Betti, o cineasta Sérgio Rezende e a atriz e diretora Julia Katharine. Betti e Rezende trabalharam juntos em “Doida Demais”, “Lamarca”, “Mauá” e “O Paciente”. Katharine é primeira cineasta trans a ter um filme de sua autoria exibido no circuito comercial brasileiro. O curta “Tea for Two” foi exibido junto com o longa “Lembro Mais dos Corvos”, de Gustavo Vinagre, que a tem como protagonista. Betti, Rezende e Julia conversarão com dois homenageados de anos anteriores, os atores Ondina Clais e Luciano Quirino.

Ondina e Quirino, que batizam os troféus do festival, conversarão com seus colegas sob moderação do diretor do festival, André Azenha, durante 150 minutos (das 20h às 22h30). Serão exibidos videobiografias dos homenageados e trechos de filmes. E o público poderá enviar suas perguntas. A conversa deve ser movimentada, pois Katharine é dona de discurso articulado e cativante. E Paulo Betti transformou-se, nesses tempos epidêmicos, num dos mais requisitados conversadores digitais do país. O sorocabano (de Rafard), também cineasta, tem o dom da coloquialidade, é franco, brincalhão. Enfim, o que se pode chamar de “bom papo”.

O Santos Film Festival apresentará, esse ano, 67 produções, sendo 33 em mostras competitivas e 34 em mostras informativas. Espectadores de todo país poderão assistir aos filmes em generosos horários. Detalhe importante: não há limite de acessos.

André Azenha explica que “cada longa-metragem terá duas sessões com horário pré-marcado”. Já os curtas nacionais e internacionais estarão disponíveis em tempo integral, de 29 de setembro até a manhã de 6 de outubro. Mesmo caso para as produções da competição de “Filmes Regionais”, criada esse ano para valorizar a produção da Baixada Santista.

A mostra competitiva de longas-metragens compõe-se com dez títulos, a maioria documental. Um filme deve causar sensação: o paulistano “Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha”, de Pablo Lopes Guelli. Apesar do slogan que o nomeia ser um mantra bolsonarista, o filme segue por outras searas. Coloca a mídia brasileira em questão. Sua premissa: “No Brasil, seis conglomerados controlam 90% da informação que circula pelos diferentes tipos de mídia”. O realizador se coloca em campo para entrevistar personalidades da política, da Academia e do jornalismo (caso de Jessé Souza, Glenn Greewald, Tales Ab’ Saber, Luis Nassif)”.

Ao longo de 62 minutos, Gelli e seu documentário pretendem refletir sobre “a descrença do povo brasileiro com a mídia tradicional”. E o faz sob a crença de que “a narrativa fornecida ao povo brasileiro, de 2013 a 2018, levou o país a flertar com o fascismo”.

Em competição com “Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha”, estão longas-metragens de várias regiões brasileiras. “Como Vivem os Bravos”, um nordestern (western cangaceiro) que chega do Ceará, “Nós, que Ficamos”, de Eduardo Monteiro, de Pernambuco. Goiás se faz representar pelo drama “Hotel Mundial”, de Jarleo Barbosa, de Goiás.

O Rio de Janeiro é o estado com mais forte representação: quatro longas. “O Samba é Primo do Jazz”, documentário de Angela Zoé, biografa a cantora Alcione, a Marrom, e busca afinidades entre o samba e o jazz, uma das paixões da trompetista maranhense. “Servidão”, de Renato Barbieri, questiona se houve, realmente, abolição da escravatura no Brasil a partir daquele maio de 1888, quando foi assinada a Lei Áurea. Em busca de respostas, ele investiga as razões da existência de 360 mil brasileiros vivendo e trabalhando como escravos. A cantora Negra Li, uma das protagonistas de “Antonia” (Tata Amaral, 2006), narra o filme, Reynaldo Zangrandi assina a fotografia e Eduardo Canavezes, a trilha sonora.

O drama “O Buscador”, de Bernardo Barreto, e documentário “InVisíveis – Pedal Cidadão & Outras Histórias”, de Léo Miguel, completam a representação carioca. Os documentários “Eletronicamentes”, dos paulistanos Dácio Pinheiro, Denis Giacobelis e Paulo Beto, e “Um Presente à Prova de Futuro”, de Eduardo Rajabally, este, fruto de parceria entre Brasil e Holanda, completam a competição.

Nove curtas-metragens vindos da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais, Ceará, Distrito Federal, Paraná e Pernambuco somam-se a um concorrente oriundo de Portugal (ver lista abaixo).

Pela primeira vez, o Santos Film Fest terá uma mostra voltada especialmente à produção audiovisual da Baixada Santista. Serão exibidos seis curtas-metragens nesse segmento. Para a Mostra Humanidades, foram selecionados sete filmes. Um troféu será dado à melhor produção que trouxer “maior valor humanitário”. Para uma micro-mostra dedicada a “Filmes de Rock”, foram escalados três títulos.

Mostra Competitiva Longas

– “Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha” (SP), de Pablo Lopes Guelli
– “Servidão” (RJ), de Renato Barbieri
– “Como Vivem os Bravos” (CE), de Daniell Abrew
– “Hotel Mundial” (GO), de Jarleo Barbosa
– “Nós, que Ficamos” (PE), de Eduardo Monteiro
– “O Buscador” (RJ, drama, de Bernardo Barreto
– “O Samba é Primo do Jazz” (RJ), de Angela Zoé
– “Um Presente À Prova de Futuro” (Brasil/Holanda), de Eduardo Rajabally
– “Eletronicamentes” (SP), de Dácio Pinheiro, Denis Giacobelis e Paulo Beto
– “InVisíveis – Pedal Cidadão & Outras Histórias” (RJ), de Léo Miguel)

Mostra Humanidades

– “A Cor Branca” (MG), de Afonso Nunes
– “IMO” (MG), de Bruna Schelb Corrêa
– “Lisergia Clássica” (SP), de Jaime Vipúdes
– “Não Tem Arrego” (GO), de Gabriel Vilela e José Eduardo
– “Rosa Vênus” (RJ), de Marcela Morê
– “Selvagem” (SP), de Diego da Costa
– “Tranças” (BA), de Lívia Sampaio

Mostra Competitiva de Curtas

-“Ângela” (MG), de Marília Nogueira
– “Antes que Seja Tarde” (SP), de Leandro Goddinho
– “As Viajantes” (SP), de Davi Mello
– “No Oco do Tempo” (SP) de Antônio Fargoni
– “Seremos Ouvidas” (PR), de Larissa Nepomuceno
– Sofia (Portugal), de Filipe Ruffato e Gonçalo Viana
– “Surpresas” (SP)de Flávio Colombini
– “Um dia Frio” (PR), de Victor Percy)
– “Luis Humberto: O Olhar Possível” (DF), de Mariana Costa e Rafael Lobo
– “NC5 Contra A Lei do Impedimento” (RJ), de Lúcio Branco

Mostra Regional Baixada Santista

– “Projeção” (Praia Grande), de Thomas Aguina
– “Vila dos Pescadores “ (Santos), de Cintia Neli da Silva Inacio e Geovanne Rafael
– “Blandina” (Santos), de Arthur Micheloto
– “Mar-celo” (Santos), de Arthur Lotto
– “Jeitinho Brasileiro” (Santos), de Dayana Santos e Luana Marques
– “Mulheres de Fé” (Santos), de Bruna Santos e Dalila Ramos

SESSÕES INFORMATIVAS

– Três Vezes Paulo Betti
– “A Fera na Selva”, de Paulo Betti, Eliane Giardini e Lauro Escorel (diretor e protagonista)
– “Lamarca”, de Sérgio Rezende protagonista)
– “Cafundó”, de Paulo Betti e Clóvis Bueno (diretor)

Especial Julia Katharine

– “Lembro Mais dos Corvos”, de Gustavo Vinagre

Momentos do Santos Film Fest

 – “Receita Para a Felicidade: O Homem, o Cão e o Salto”, de Delson Mattos Gomes (documentário inaugural da 1ª edição do festival)
– “A Mais Briosa – Um Amor 100 Divisão”, de Guilherme Bernardo (longa documental vencedor do voto popular no 3º Santos Film Fest)
– “O Coringa do Cinema”, de Sérgio Kieling (longa documental vencedor do voto popular e do júri de melhor longa no 4º Santos Film Fest)

 

V Santos Film Festival
Data: 29 de setembro a de outubro
Programação: www.santosfilmfest.com
Plataforma de exibições: www.videocamp.com

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