Bate-papo online comemora 20 anos de “Bicho de Sete Cabeças”

No dia 8 de maio, às 18h, os diretores Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi; o produtor Caio Gullane; o fundador da Fiocruz Paulo Amarante; Fernando Spinato, militante da luta antimanicomial; e os atores do filme, Rodrigo Santoro e Gero Camilo, se reúnem num bate-papo online para comemorar os 20 anos de Bicho de Sete Cabeças, com mediação de Eduardo Torres (Fiocruz). Organizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), com apoio das produtoras Buriti Filmes e Gullane, o bate-papo “Bicho de Sete Cabeças, 20 anos nas telas e na luta antimanicomial” será transmitido pelo Youtube e Facebook da ABRASME.

Desde seu lançamento em 2001, o longa Bicho de Sete Cabeças tem sido uma ferramenta extremamente importante na luta antimanicomial no Brasil, ao relatar o tratamento desumano dispensado a pessoas com sofrimento mental, a realidade dos hospitais psiquiátricos, o abuso dos profissionais e o descaso com os pacientes – e abrindo, durante esses 20 anos, debates e eventos que deram maior visibilidade a um assunto necessário.

O bate-papo busca relembrar a questão da reforma psiquiátrica, que, embora tenha avançado desde o início dos anos 80, está longe de ser a ideal: “O filme teve como objetivo amplificar o grande grito que o Carrano deu em seu livro Canto dos Malditos e mesmo não estando mais entre a gente, ele continua ativamente na luta antimanicomial junto a todos nós.” Comenta Laís sobre Austregésilo Carrano Bueno, um dos maiores nomes da luta antimanicomial no Brasil, que escreveu o livro no qual o roteiro do filme foi baseado.

Um dos filmes mais aclamados da época, Bicho de Sete Cabeças reuniu 450 mil espectadores nos cinemas, conquistou 46 prêmios nacionais e internacionais e foi visto em toda a América Latina por meio da HBO. Registrou uma média de 37 pontos de audiência ao ser transmitido pela Rede Globo e, por conta de toda a sua importância histórica, é considerado um clássico do cinema nacional.

O Brasil vem enfrentando mudanças no setor psiquiátrico desde o fim da década de 70, quando movimentos ligados à saúde denunciaram abusos cometidos em instituições, além da precarização das condições de trabalho. Com isso, surgiram movimentos de trabalhadores do setor, familiares e participação social, que evidenciaram a necessidade de uma reforma psiquiátrica. Foi só em 18 de maio de 1987 que essa luta começou a avançar, quando foi realizado um encontro de grupos favoráveis a políticas antimanicomiais, que discutiram a reforma do sistema psiquiátrico brasileiro. A data ficou marcada como o Dia Nacional de Luta Antimanicomial.

Desde então, esse avanço vem acontecendo lentamente, pois ainda existem muitos hospitais no Brasil com registro de abusos e negligência. Em agosto de 2020, com o surto de Covid-19, o país foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), sediada em Washington (EUA), por conta da gravidade sanitária do Hospital Psiquiátrico São Pedro e do Hospital Colônia de Itapuã, ambos na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo denúncias feitas por funcionários e pessoas em tratamento, pelo menos 80% dos pacientes foram contaminados com coronavírus e nove haviam morrido na época.

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