Pérolas escondidas nas plataformas de streaming
Por Maria do Rosário Caetano
Quem pesquisar os obscuros desvãos das plataformas de streaming encontrará verdadeiras pérolas escondidas em meio à oceânica oferta de produções vindas dos cinco cantos do mundo.
Na Amazon Prime, a pedida é um filme chileno – “Tenho Medo Toureiro”, de Rodrigo Sepúlveda – imperdível para aqueles que acompanham a trajetória de Alfredo Castro, ator-fetiche de Pablo Larraín e protagonista de um dos raros filmes latino-americanos a triunfar em Veneza (“De Longe te Observo”, de Lorenzo Vigas, 2016). Imperdível, também, para quem aprecia narrativas queer banhadas em música latina.
No streaming da Reserva Imovision, dois destaques especiais: o ucraniano “Atlantis”, de Valentyn Vasyanovych, e o grego “O Trabalho Dela”, de Nokis Labô.
Espectadores mais sensíveis poderão assustar-se com início brutalista de “Atlantis”, marca forte de boa parte da produção desta ex-República Soviética, que costuma chegar aos festivais. Quem conseguir superar começo tão desesperador, assistirá a um filme de imensa (e inovadora) beleza visual, personagens e temática que remetem a pesadelos bélicos. Uma produção poderosa, que permanece em nossa memória, mesmo nesses tempos em que a quantidade insiste em soterrar experiências mais complexas e originais.
O serviço de streaming do distribuidor Jean-Thomas Bernardini nos traz outra preciosidade: “O Trabalho Dela”. Esse filme, de aparência singela, constitui programa obrigatório a estudiosos (como o sociólogo do trabalho e professor da Unicamp, Ricardo Antunes) e a todos que – como ele e Ken Loach – se interessam pelas imensas mudanças ora efetuadas no mundo laboral. Vivemos um tempo marcado pela precarização (ou uberização) dos contratos trabalhistas.
Na Netflix, em meio a brutal oferta de imagens, destacam-se dois títulos raros – “Tribunal” e “O Discípulo” – ambos dirigidos pelo indiano Chaitanya Tamhane, de apenas 34 anos. Duas produções indicadas a quem quer ver algo que não se vê cotidianamente. Narrativas sem pressa, que se constroem com personagens e espaços dos quais pouco, ou nada, sabemos. E que nos fascinam.
Quem gosta do cinema de outras geografias vai interessar-se pelo bósnio “Quo Vadis, Aida?”, de Jasmila Zbanic, que representou a Bósnia-Herzegovina, país nascido da fragmentação da Iugoslávia, na recente disputa pelo Oscar internacional. Perdeu para o favorito “Druk, Mais ima Rodada”, da Dinamarca.
“Quo Vadis” se passa no final do século passado (1995), quando guerra de extermínio de populações muçulmanas foi perpetrada pelos sérvios. Calcula-se que, em Srebrenica, mais de 8 mil muçulmanos foram mortos. O que diria o Marechal Josip Tito (1892-1980), se tomasse conhecimento de tal morticínio na Iugoslávia que governou, unida, por longos 27 anos?
Também com história ligada, de certa forma, ao Oscar são os dois primeiros longas-metragens da grande vencedora deste ano, a sino-americana Chloé Zhao. Antes do triunfo de “Nomadland”, estrelado e coproduzido por Frances McDormand, a despojada cineasta chinesa, que vive nos EUA desde a adolescência, dirigiu “Songs my Brothers Taught me” (Canções que meu Irmão me Ensinava, 2015), disponível no MUBI, e “Domando o Destino” (nome brasileiro para “The Rider”, de 2017), na Globoplay e Telecine Play.
Dois filmes tocantes e reveladores da paixão de Chloé Zhao por espaços ermos, personagens de vidas modestas e em diálogo orgânico com o cinema documental. Daí seu gosto ao somar, em seus elencos, atores profissionais a “naturais”.
Curioso que a grande indústria norte-americana tenha convocado Zhao para comandar “Os Eternos”, filme do infindável ciclo de super-heróis da Marvel. Comenta-se que ela não se deslumbrou, nem recorreu, com fúria de super-heroína, à infinita profusão de efeitos especiais. Que continuou fiel ao uso de locações reais. Será?
Quem gosta do universo povoado por cowboys, encontrará, na Netflix, um filme de tema dos mais curiosos: “Alma de Cowboy”, de Ricky Staub, com o astro britânico Idris Elba no papel de Harp, pai do jovem Cole (Caleb McLaughlin). O que chama atenção nesse filme é seu mergulho em gênero tão wasp quanto o western. Ao invés de durões brancos como os que deram fama e glória a John Wayne, nos deparamos com homens negros que amam cavalgar. Baseado no romance “Ghetto Cowboys”, de Greg Neri, o filme não se ambienta em pradarias fordianas, mas sim em espaço urbano disputado pela especulação imobiliária.
No Belas Artes à la Carte, serviço de streaming programado por André Sturm, há uma significativa variedade de filmes, mas a recomendação recai em um grande momento do cinema argentino: “El Bonaerense” (“O Outro Lado da Lei”), de Pablo Trapero, lançado em 2002. Apesar de realizado vinte anos atrás, o filme mantém incômoda atualidade.
O título brasileiro de “El Bonaerense” – “O Outro Lado da Lei” – não é absurdo, mas parece servir, genericamente, a filmes sobre policiais de qualquer canto do mundo. Trapero quis situar, geograficamente, os agentes da lei que povoam delegacias situadas nas periferias de Buenos Aires. Como explicou Ricardo Darín, que trabalharia com o cineasta em “Abutres” (2010), os “bonaerenses” são os habitantes da província de Buenos Aires, aqueles que não são portenhos (estes habitam a região nobre e histórica da cidade de Buenos Aires, desenvolvida em torno do porto).
O sucesso do filme de Trapero, ele mesmo um bonaerense (um suburbano, um periférico), deu a esse gentílico a condição de sinônimo do agente policial mostrado em “O Outro Lado da Lei” – homens rudes, recrutados para os quadros da polícia, que passarão a usar seu uniforme para, inclusive, praticar atos de corrupção.
Abaixo, mais informações sobre esses dez filmes oriundos das mais diversas geografias e disponíveis no streaming.
Tenho Medo Toureiro (Chile, 94 minutos, 2021)
Baseado em romance de Pedro Lemebel
Direção: Rodrigo Sepúlveda
Elenco: Alfredo Castro, Leonardo Ortizgris e Julieta Zylberberg
Onde: Amazon Prime
Depois de ganhar o Oscar de melhor produção internacional com “Uma Mulher Fantástica” (Sebastián Lélio, 2017), o cinema chileno resolveu empreender outro projeto internacional no segmento ‘queer’. O novo filme estabelece parcerias com a Argentina e o México. Por ser bem mais radical que o longa-metragem laureado pela Academia de Hollywood, “Tenho Medo Toureiro”, que participou do Festival de Veneza, pode não render um novo Oscar ao Chile, mas tem tudo para agradar a quem ama o bolero e outros gêneros musicais latinos. Até seu título nasceu de empréstimo de sucesso musical de Diego El Cigala. Que se faz ouvir no filme, junto com “La Llorona”, clássico na voz de Chavela Vargas (amada por Pedro Almodóvar) e “Na Batucada da Vida”, com nossa Elis Regina. “Tenho Medo Toureiro”, que em certa medida lembra “O Beijo da Mulher Aranha”, aproxima um guerrilheiro (o mexicano Leonardo Ortizgris, que protagonizou “Museu” com Gael García Bernal) de uma travesti já entrada nos anos, interpretada por Alfredo Castro. O rapaz tem uma missão política: executar, com sua célula de guerrilheiros, atentado contra Pinochet, que governava o país desde o triunfo do golpe militar de 1973. A travesti, que se define como La Loca del Frente, está mais preocupada com sua vida ao lado das amigas, uma delas a travesti Myrna (Luis Gnecco, o Neruda, de Larraín). Mas acaba apaixonando-se pelo jovem Carlos e por ele correrá muitos riscos.
Atlantis (Ucrânia, 108 minutos, 2019)
Direção: Valentyn Vasyanovych
Onde: Reserva Imovision
Prêmio máximo na Mostra Horizonte, no Festival de Veneza. Um filme poderoso, criativo e de beleza visual arrebatadora. Trabalho de som dos mais instigantes. Apesar do brutalismo de sua primeira meia-hora, “Atlantis” acabará por nos envolver. Em clima de pesadelo bélico – ambientado em espaço apocalíptico e futurista (a Ucrânia devastada por guerra com a Rússia) – conheceremos um soldado, Sergey (Andryy Rymaruk), atormentado por estresse pós-traumático. Ele tentará encontrar algum sentido para sua vida. Na região de Donbass (hoje principal cenário dos conflitos entre a Ucrânia e a Rússia), devastada, Sergey conhecerá uma jovem voluntária, que se apresenta como uma “arqueóloga” de corpos. Ou seja, integrante de pequena equipe que localiza cadáveres de militares (soterrados) para tentar identificá-los. Numa das mais belas sequências de “Atlantis”, imagens de “Sinfonia de Donbass”, documentário que Dziga Vertov realizou em 1931, são projetadas num telão futurista. O grande cineasta da vanguarda soviética construíra seu canto de “Entusiasmo” aos trabalhadores que buscavam, na bacia do Rio Donbass, o progresso bolchevique. Mas, no filme de Vasyanovych não há celebração. O clima é de pesadelo.
O Trabalho Dela (Grécia, 82 minutos, 2021)
Direção: Nokis Labô
Elenco: Marisha Triantafyllidou, Dimitris Imellos e Marina Filini
Onde: Reserva Imovision
Uma jovem mãe vive com o marido desempregado e dois filhos em casa, cuidando de exaustivas tarefas domésticas. Um dia, toma coragem e candidata-se à função de faxineira em um novo shopping-center. Para conseguir o posto, a candidata deve saber dirigir. Ela não sabe, mas afirma saber. Aprovada para período probatório, esmera-se em busca da mais vistosa eficiência. O primeiro desafio consiste em dirigir o “carro” da limpeza. Ela pena até conseguir fazer curvas com a engenhoca. O trabalho é duro, mal pago e as condições laborais enquadram-se no que hoje se chama de ‘precariado’ (mistura de precário com proletariado). Mesmo assim, a faxineira encontra no trabalho uma forma de autoafirmação. A protagonista, interpretada pela jovem Marisha Triantafyllidou, é encantadora, o filme sintético, delicado, revelador e necessário.
Tribunal (Índia, 130 minutos, 2016)
Direção: Chaitanya Tamhane
Onde: Netflix
Um limpador de bueiros é encontrado morto em seu local de trabalho. Não há sinais de crime. Teria ele cometido suicídio? Por que, então, não deixara sequer um bilhete que justificasse tal gesto? O poder judiciário decide acusar um músico de 65 anos de ter incitado o pobre homem a colocar termo à vida. Afinal, o cantor é conhecido por suas músicas de protesto. Uma de suas letras propõe que limpadores de bueiro de Bombaim, onde se passa a história, deveriam se matar inalando o gás dos esgotos. O Tribunal leva os versos do cantor ao pé da letra. O artista desejava, apenas, denunciar a insalubridade, marca do trabalho daquele segmento da população da gigantesca cidade asiática. Mesmo assim, seria transformado em réu e submetido ao “teatro” judicial. Um julgamento conta, além do incriminado, com um juiz, um promotor (uma mulher, no filme), um advogado de defesa e uma plateia ávida por detalhes da vida alheia. A viúva do suposto “suicida”, uma mulher simples, entende que a insalubridade do trabalho do marido é, sim, a provável causa de sua morte. Mais que o julgamento de um homem, o que o filme nos revela é uma radiografia da sociedade em que aqueles personagens estão inseridos.
O Discípulo (Índia, 110 minutos., 2020)
Direção: Chaitanya Tamhane
Onde: Netflix
Vencedor do Prêmio Fipresci (Crítica Internacional) e melhor roteiro no Festival de Veneza. A música – o milenar Raga indiano, que tem no canto mais que uma técnica, uma arte de elevação espiritual – está no centro desse outro filme de Chaitanya. Seu protagonista, o discípulo do título, é um jovem de nome Sharad Nerulkar, que tenta se aperfeiçoar como músico clássico, praticando com afinco o Raga. Seu pai, que também quis ser um cantor, teve aulas com uma professora muito respeitada. Ela, ao morrer, não deixou nada gravado. O discípulo vai buscar a memória daquela mestra, tão sábia, verdadeiro símbolo da perfeição. Estuda, para tanto, com um professor, ex-discípulo daquela exímia cantora do Raga. Música e espiritualidade se somam numa narrativa construída com idas e vindas no tempo.
Quo Vadis, Aida? (Bósnia-Herzegovina, 141 minutos, 2020)
Direção: Jasmila Zbanic
Onde: Now, Vivo Play e Youtube
Quem foge de filmes de guerra não tem porque se negar a ver esse longa-metragem, finalista ao Oscar internacional. Embora seja definido como um drama bélico, o que a cineasta Jasmila Zbanic faz, com sua ambiciosa narrativa ambientada na Guerra da Bósnia, é mostrar o drama de um povo, centrado em uma protagonista carismática. Aida (Jasna Djuricic) é convocada a atuar como tradutora de tropas da ONU (os capacetes azuis), deslocados para a cidade de Srebrenica, com a missão de tentar impedir o massacre de muçulmanos, em processo de “limpeza étnica” promovida pelos sérvios. Em meio a pessoas desesperadas, refugiadas dentro de seu próprio país (e esperando que a ONU impeça o massacre), Aida tenta salvar sua própria família. O filme, uma ficção construída em diálogo aberto com o cinema documental, é nervoso e denso. E sua protagonista uma força da natureza.
Songs my Brothers Taught me | Canções que meu Irmão me Ensinava (EUA, 98 minutos, 2015)
Direção: Chloé Zhao
Onde: MUBI
Em seu primeiro longa-metragem, a diretora de “Nomadland”, vencedor do Oscar, volta sua câmera à Reserva Indígena de Pine Ridge, para acompanhar, com pegada documental, a vida de dois jovens irmãos, Johnny Winters (John Reddy) e Jashaun (Jashaun St. John). Eles vivem com a mãe, Lisa Winters (Irene Bedard), viúva de um cowboy, o pai deles, de quem pouco sabem. O rapaz sonha em mudar-se para Los Angeles, com sua namorada, mas se o fizer, terá que abandonar a irmã mais nova, por quem nutre imenso afeto. Ele vive de pequenos contrabandos de bebida, até levar surra do grupo que domina o comércio clandestino. Sem grandes reviravoltas, o filme busca mais um retrato da vida na Reserva, mais uma atmosfera que um relato dramático da vida em família.
Domando o Destino (“The Rider”, 105 minutos, 2017)
Direção: Chloé Zhao
Elenco: Brady Jandreau, Lilly Jandreau e Lane Scott
Onde: Globoplay e Telecine Play
Brady Blackburn é uma promessa no mundo dos rodeios. Espera tornar-se uma das estrelas em seu arriscado ofício. A vida segue seu curso. Só que, um dia, um grave acidente o afasta das competições (ele monta cavalos selvagens). Passa a necessitar de assistência médica e fica sabendo que está terminantemente proibido de montar. Se o fizer, poderá ter convulsões gravíssimas, que o levarão a óbito. Brady tenta domar seu destino, mas a situação é realmente muito difícil. Não se entende com o pai, gosta muito da irmã, portadora de deficiência cognitiva, e costuma visitar o amigo Lane Scott, um cowboy que ficou tetraplégico (na vida real). O veremos, na TV, em vídeos pretéritos, quando, jovem e são, ele montava cavalos bravios. Em sua busca de um cinema realista e atmosférico, Chloé Zhao cercou-se de personagens reais. Seu protagonista é um cowboy de Dakota do Sul, que também se acidentou durante um rodeio. Pena que a cineasta sino-americana esteja, mesmo que temporariamente, abandonando este universo tão rico, que vinha desvendando com muita sensibilidade. O que um filme Marvel acrescentará à sua carreira (fora os dólares que rechearão sua conta bancária)? Eis a questão.
Alma de Cowboy (EUA, 111 minutos, 2020)
Baseado no romance “Ghetto Cowboys”, de Greg Neri
Direção: Ricky Staub
Elenco: Caleb McLaughlin, Idris Elba, Jharrel Jerome e Lorraine Toussaint
Onde: Netflix
O adolescente Cole (Caleb McLaughlin), que vive em conflito com a mãe (Lorraine Toussaint), é mandado para o norte da Filadélfia, onde vive seu pai Harp (Idris Elba). Um pai que ele mal conhece. Rebelde, o garoto se une a um colega que vive na marginalidade. Para afastar Cole do crime, o pai tenta envolvê-lo com os cavalos do Estábulo de Fletcher Street. Harp é um cowboy urbano, irmanado a grupo de negros dedicados à criação de cavalos preparados para competições. Só que a especulação imobiliária está de olho na área ocupada pelos estábulos e conta, a seu favor, com as autoridades sanitárias. Estas encaram as baias como focos de doença. Cole se afeiçoa a um belo e rebelde cavalo. O alazão corresponde aos bons tratos recebidos do garoto. Verdadeira cumplicidade se estabelece entre os dois. Mas os cowboys urbanos, uma tradição secular, conseguirão continuar a praticar a paixão que os move, transformando a área, violenta e pobre, em reduto de inclusão? Essa é a essência desse filme que tem qualidades e merece ser visto. Pelo menos por dar aos afro-americanos a condição de protagonistas absolutos de um western, ainda que urbano.
El Bonaerense | O Outro Lado da Lei (Argentina, 104 minutos, 2002)
Direção: Pablo Trapero
Onde: Belas Artes à la Carte
Num lugar pequeno e pobre, o chaveiro Zapa (Jorge Román) participa de um assalto a mando de seu patrão. Ele deverá usar sua perícia na abertura de um cofre. Para não ser preso, providenciam a transferência (ou melhor, a fuga) de Zapa para a periferia da grande Buenos Aires. Ele deixará, no povoado natal, a mãe já idosa (Graciana Chironi). E, na nova cidade, transformar-se-á em um “bonaerense”, ou seja, um membro da força policial tida como a “mais corrupta” da Argentina. Alto, dono de significativa força, ele vai incorporar os hábitos dos colegas. Viverá tórridos momentos de sexo com uma colega policial (Mimi Ardú), companheira de outro fardado, e aprenderá que a polícia, muitas vezes, ao invés de combater o crime, o pratica. Embora não seja um dos filmes mais badalados de Trapero (como “O Clã”, um exitoso blockbuster, “Leonera” ou “Abutres”), “El Bonaerense” prova o quanto os primeiros filmes do argentino mergulharam fundo nas mazelas de seu país.