CineBrasilTV inicia comemorações de seus 20 anos de parceria com produtores independentes
Foto: Tereza Trautman, em cena de “As Protagonistas”, de Tata Amaral © Camila Freitas
O canal CineBrasilTV inicia nessa segunda-feira, 10 de julho – data comemorativa de seus 19 anos como vitrine da produção independente brasileira – calendário de atividades que levarão aos festejos de seus 20 anos.
No comando do canal está a cineasta Tereza Trautman, que depois de dirigir os longas-metragens “Os Homens que Eu Tive” e “Sonhos de uma Menina Moça” e episódios dos filmes “Fantasticon” (A Curtição) e “As Deliciosas Traições do Amor” (Dois é Bom, Quatro é Melhor), resolveu dedicar-se por inteiro à implantação de um canal por assinatura destinado à produção e difusão de obras audiovisuais brasileiras. “Hoje” – pondera a cineasta e produtora –, “apesar do momento difícil que estamos atravessando, contamos com 130 projetos contratados e em produção, sendo 80 filmes e 50 séries”.
“As dificuldades de nosso setor” – explica a produtora – “agravaram-se no momento em que a Ancine não soube regular esse segmento do mercado (o da TV por assinatura)”. A falta de tal regulação – detalha – “ limitou nosso acesso a tal mercado, com o agravante de que as cotas da Lei da TV Paga vencem em setembro, portanto daqui a dois meses”, como Tereza explica em seu texto abaixo.
As parcerias do CineBrasilTV são, apesar de todas as dificuldades, das mais significativas. O canal coproduziu e serviu de vitrine a projetos de realizadores estreantes, ou experientes, como Eryk Rocha, Caru Alves de Sousa, Beth Formaggini, Eliane Caffé, Larissa Figueiredo, Susanna Lira, Betse de Paula, Eugenio Puppo, Toni Venturi, Hermes Leal, José Araripe Jr, Paulo Markum, Silvio Tendler, Orlando Senna e Tata Amaral. No caso desta realizadora, há que destacar-se a série “As Protagonistas”, que narra em 13 episódios a saga do cinema feminino no Brasil. Tudo começa na fase muda, com o pioneiro “O Caso do Dominó Preto”, realizado em 1931 por Cléo de Verberena, e passa por Carmen Santos, Gilda de Abreu, Ana Carolina, Adélia Sampaio, Tizuka Yamasaki, Helena Solberg, Suzana Amaral, Carla Camurati, Helena Ignez, Anna Muylaert e chega às novíssimas realizadoras (sem esquecer as de origem afro e indígena) que fizeram sua estreia no longa-metragem nos últimos cinco anos (destaque para Viviane Ferreira e Graci Guarani).
O ator, produtor e documentarista Marcos Palmeira também trabalhou em parceria com o CineBrasilTV no projeto “Manual de Sobrevivência para o Século 21”. Paulo Markum dirigiu “Diretas, Já!”, hoje disponível na TV aberta (Fundação Padre Anchieta – TV Cultura). Eugenio Puppo já realizou vários trabalhos com o canal comandado por Tereza Trautman, caso de “A República dos Juízes” e “História da Alimentação no Brasil”, série dedicada à culinária brasileira, vista pelo prisma de Luiz da Câmara Cascudo (1898-1986), importante estudioso de nossos hábitos alimentares.
Para este próximo mês de agosto, estão previstos os lançamentos de duas novas séries no campo da comédia – uma se intitula “Sala dos Professores” e a outra, “A Dona Branca”.
Neste exato momento, além de buscar recursos para a produção dos filmes e séries que têm o CineBrasilTV como parceira, Tereza Trautman, aos 73 anos, assiste, entusiasmada, o resgate de “Os Homens que Eu Tive”, filme estrelado por Darlene Glória e proibido pela Censura no início da década de 1970.
“Meu primeiro longa-metragem está sendo redescoberto”, comemora. “Ele encontra-se em fase final de seu processo de remasterização, feita pela Cinemateca Brasileira, para integrar mostra de filmes lançados em 1973, portanto há exatos 50 anos”.
A remasterização – pondera a realizadora – abrirá novas janelas para “Os Homens que Eu Tive”. Tanto que “o Canal Brasil deseja licenciá-lo para sua programação”. Ao recuperar suas cores e qualidades originais, explica Tereza, “o filme poderá atender aos convites de exibição em festivais e mostras nacionais e internacionais”.
Algumas produções realizadas em parceria com CineBrasilTV:
. “As Protagonistas”, de Tata Amaral (doc)
. “Memória da Mídia”, de Beth Formaggini (doc)
. “Travessia”, de Eliane Caffé e Inês Figueiró
. “Linhas Negras” de Muriel Alves e Susanna Lira (doc)
. “Mulheres de Encantaria”, de Larissa Figueiredo (doc)
. “No País da Poesia Popular”, de José Araripe Jr
. “Na Força da Lei”, de Hermes Leal (doc)
. “Idade da Água”, de Orlando Senna (doc)
. “Memória Perigosa – A Política Indigenista nos Anos de Chumbo”, de Marian Weis e Laura Faerman
. “Conexão Brasil-Senegal: A Cultura em Nós”, de Carem Abreu e Cheikh T. Sy
. “Plural, a Série”, de Zezeh Barbosa e Giouseppe Bizzari
. “A Política “Guardiã da Floresta”, de Betse de Paula (doc)
. “República dos Juízes”, de Eugenio Puppo (doc)
. “Amor dos Outros”, de Alexandre Mello e Paulo Fontenelle (ficção)
Mais acesso a conteúdo nacional
Por Tereza Trautman
O Canal Brasil realizou, recentemente, estudo sobre o consumo de produções brasileiras e identificou a necessidade de aumentarmos o acesso a essas obras, devido ao alto interesse que despertam.
Ao mapear as preferências da população, constatou que 82% de todos os entrevistados consomem frequentemente filmes e séries nacionais. Para 62% não podem faltar filmes brasileiros, e para 57% não podem faltar séries brasileiras em um serviço de vídeo.
Só que o público pouco consegue acessar as produções nacionais independentes, e tampouco consegue ter acesso a mais canais nacionais que ofereçam conteúdo qualificado de sua preferência. A maioria só tem acesso aos dois canais estabelecidos pela lei de Cotas. Mesmo as pesquisas tendo demonstrado que o público brasileiro gosta de se reconhecer e cada vez mais quer assistir à produção nacional de conteúdo qualificado, o quadro constato pela pesquisa não mudou.
Dentro em breve, vencerão os artigos que estabelecem Cotas de Exibição de Conteúdo Nacional Independente nas Operadoras, conforme disposto na Lei 12.485/11. Cotas que tramitaram por quase cinco anos no Congresso Nacional até serem aprovadas. Elas só foram conquistadas porque constam explicitamente de nossa Constituição Federal, no seu Artigo 221, inciso II – “promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive a sua divulgação, reforçado pelo Artigo 222, § 3º”. E há o esclarecimento: “os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar o disposto no Artigo 221”. Artigos da Constituição Federal que claramente têm como finalidade o apoio à produção e o estímulo à veiculação da produção nacional independente, indo ao encontro dos anseios de nossa população.
Para atender a estes anseios temos um canal nacional, de conteúdo qualificado, de programadora independente, que é totalmente dedicado à produção independente brasileira e está completando 19 anos no ar: o CineBrasilTV. Mesmo sofrendo a exclusão do mercado desde o seu nascedouro, quando atendemos ao apelo da Anatel para não deixar que o mercado da produção independente nacional se tornasse monopsônico, viabilizamos a produção em torno de 280 horas anuais de filmes e séries, conteúdo original inédito, inclusive premiados em mostras e festivais nacionais e internacionais.
Atendemos até às ressalvas manifestadas na pesquisa, com restrições à linguagem chula, sexo e violência, que são respeitadas pelo CineBrasilTV, cuja programação é livre e atende aos princípios de finalidades artísticas e culturais estabelecidos no Inciso I do Artigo 221 da Constituição Federal.
Para acolher ao anseio de nossa população por mais programação nacional de qualidade, nossa proposta é que as Operadoras e/ou Provedores se prontifiquem a entregar Canais Nacionais de conteúdo qualificado ao assinante mediante solicitação
Assim seriam atendidos os desejos da população e beneficiados e fortalecidos todos os agentes econômicos da nossa atividade.
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