Janela Internacional do Recife apresenta mostra de diretores afro-americanos

O X Janela Internacional de Cinema do Recife traz, pela primeira vez ao país, um recorte de 16 filmes da produção do L.A. Rebellion, como ficou conhecido grupo de realizadoras e realizadores negros egressos da Escola de Cinema da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), nos anos 1970 e 1980. Viabilizado pelo Funcultura/Governo do Estado, com apresentação da Petrobras e organização pela CinemaScópio Produções Cinematográficas e Artísticas, de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, o festival acontece entre os dias 3 a 12 de novembro.

Foco de um projeto de restauração e catalogação pela universidade na última década, esta numerosa e frutífera produção tem sido redescoberta com entusiasmo dentro e fora dos EUA, como uma espécie de Cinema Novo negro, por seu arrojamento político e estético, sua independência em relação aos esquemas industriais vigentes em Hollywood e sua pregnância crítica no presente.

A mostra L.A. Rebellion: Um Novo Cinema Negro, apresentada no Janela, com cópias em diferentes formatos que vêm de diversas fontes nos EUA, é uma produção do festival com seleção de filmes feita pelo curador Luís Fernando Moura e pelo curador convidado Victor Guimarães.

A seleção conta com filmes dirigidos por realizadores e realizadoras, entre elas Julie Dash, primeira diretora negra a ter um filme em circuito comercial nos EUA, Filhas do Pó (Daughters of the Dust), em 1993 – e que tem declaradamente inspirado iconografia pop contemporânea, como o álbum visual Lemonade, de Beyoncé. Além do longa, restaurado em DCP em março deste ano, Dash tem também um curta-metragem e um média-metragem na programação, das décadas de 1970 e 1980, respectivamente.

Um dos diretores com maior visibilidade no grupo, e que receberá Oscar honorário no ano que vem, Charles Burnett, terá dois curtas-metragens e dois longas-metragens exibidos, entre eles, o clássico O Matador de Ovelhas (Killer of Sheep), de 1978. Alguns raros títulos serão projetados em cópias 16mm, provenientes do arquivo de preservação da UCLA, como Assim na Terra como no Céu (de Larry Clark, cineasta e professor da San Francisco State University, não o homônimo fotógrafo e cineasta), de 1973, e o antológico mas pouco acessível Bush Mama (do realizador de origem etíope Haile Gerima), de 1979.

Além da exibição dos filmes, no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco – Cinema do Museu, o X Janela promove também um conjunto de debates em torno desta produção e da produção de cinema por realizadores negros no L.A. Rebellion e no Brasil contemporâneo. L.A. Rebellion: Criando um Cinema Novo Negro é um projeto do Arquivo de Cinema & Televisão da UCLA desenvolvido como parte do Pacific Standard Time: Art in L.A. 1945-1980. / L.A. Rebellion: Creating a New Black Cinema is a project by UCLA Film & Television Archive developed as part of Pacific Standard Time: Art in L.A. 1945-1980.

A programação completa da mostra pode ser acessada em www.janeladecinema.com.br.

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