Cine Humberto Mauro revisita carreira do italiano Federico Fellini em retrospectiva com cópias restauradas

Federico Fellini dispensa adjetivos. Mas, certamente são os únicos capazes de descrever o universo e os personagens criados por um dos maiores nomes da sétima arte. Filmes que são fascinantes, oníricos. Uma boa parte de sua obra poderia ser caracterizada como peculiar. Todos, principalmente os personagens, sem exceção, são “fellinianos”. Sendo um dos poucos diretores cujo nome se tornou, ele mesmo, um adjetivo, o realizador italiano construiu uma longa e aclamada carreira, que agora será revisitada em uma retrospectiva completa de sua filmografia no Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte.

O Palácio das Artes será ocupado, entre os dias 5 de junho e 3 de julho, por intensa programação centrada em todos os seus 20 longas-metragens, três curtas de antologias e um média-metragem para a televisão, além de filmes em diálogo. A sessão de abertura trará ao público uma cópia restaurada em DCP do filme “8½” (1963), com comentários de Raphael Camacho, do portal Guia do Cinéfilo. A obra é um dos quatro longas do cineasta a ganhar o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

2024 marca o centenário de nascimento de Marcello Mastroianni, talvez o mais célebre ator italiano de cinema. Coincidentemente, são também 30 anos da morte de Giulietta Masina, outra grande atriz daquele país. Ambos contracenaram juntos em apenas um filme: “Ginger e Fred” (1986), de Federico Fellini. Mas os laços de cada um com o diretor são lendários: Giulietta foi casada com Fellini por cinco décadas, e musa do realizador em diversos filmes, como “A Estrada da Vida” (1954) e “Noites de Cabíria” (1957), enquanto Mastroianni foi imortalizado como alter-ego do próprio realizador em longas-metragens como “A Doce Vida” (1960) e “8½” (1963). Estes e outros astros e estrelas capturados pelas lentes particulares e pelo olhar surrealista de Fellini em cenas icônicas, como a dança durante a madrugada na Fontana de Trevi, povoam o imaginário de gerações de pessoas, mesmo aquelas que não associam tais imagens ao diretor.

Cena de “Ginger e Fred”

A Retrospectiva Fellini percorrerá tanto os filmes já citados quanto outros, igualmente significativos para a carreira do artista: “Mulheres e Luzes” (1950), primeiro filme em que Fellini assina a direção, com Alberto Lattuada; “Abismo de um Sonho” (1952), primeira direção solo do cineasta; “A Voz da Lua”, seu último trabalho; além dos cultuados “Julieta dos Espíritos” (1965) e “Amarcord” (1973). A programação conta ainda com obras que dialogam com a curadoria principal, como: “Roma, Cidade Aberta” (1945) e “Paisà” (1946), ambos dirigidos por Roberto Rossellini, roteirizados por Fellini e definidores do chamado neorrealismo italiano; e as antologias “Amores na Cidade” (1953), “Boccaccio ’70” (1962) e “Histórias Extraordinárias” (1968), que incluem segmentos dirigidos por Fellini.

Destaque também para os documentários “NBC Experiment in Television – Episódio 6 ‘Fellini: A Director’s Notebook’” (1969), dirigido por Fellini para a televisão estadunidense, “Ciao, Federico!” (1970), que acompanha os bastidores das filmagens de “Satyricon de Fellini” (1969), “Marcello Mastroianni: mi ricordo, sì, io mi ricordo” (1997), no qual o mais felliniano dos atores rememora sua própria vida e carreira, e “Fellini, Confidências Revisitadas” (2023), que estreia em Belo Horizonte durante a mostra e narra a vida e a obra do cineasta através de suas próprias palavras. A curadoria traz, ainda, o último filme do diretor italiano Ettore Scola, “Que Estranho Chamar-se Federico” (2013), no qual o cineasta presta uma homenagem a seu compatriota Fellini.

“Noites de Cabíria” (1957) será a inspiração para uma montagem cine-teatral inédita no palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no último dia da programação. O espetáculo, estrelado pela atriz Rejane Faria, conjuga as linguagens diversas do cinema, do teatro e de outras expressões artísticas, com dramaturgia de Ricardo Alves Júnior e participação do grupo de teatro Quatroloscinco.

Haverá, ainda, filmes restaurados vindos de acervos na Itália, França e Estados Unidos. Outros destaques são as intervenções artísticas especialmente criadas por artistas da Cia de Dança Palácio das Artes e do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, antes e depois das sessões de cinema, em variados lugares do Palácio das Artes. Como parte das ações formativas, a programação inclui um curso inédito, ministrado pela Profª. Drª. Ana Lúcia Andrade, da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, nos dias 13 e 14 de junho. O público poderá conferir também um dossiê de críticas e ensaios inéditos publicados de forma gratuita na plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde, no período de realização da mostra, alguns dos principais filmes de Fellini estarão disponíveis para espectadores de todo o Brasil. Todas as sessões no Cine Humberto Mauro são gratuitas, e o espetáculo multimídia terá ingressos a preços populares.

Cena de “A Estrada da Vida”

O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a Retrospectiva Fellini. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da Arcelor Mittal e Correalização da APPA – Cultura e Patrimônio, Governo Federal, Brasil, União e Reconstrução.

 

Retrospectiva Fellini 

Sessões dos filmes
Data:
5/6 a 30/6
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte/MG
Entrada gratuita
Os ingressos poderão ser retirados a partir de 1 hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema

Montagem teatral multimídia inspirada em “Noites de Cabíria”
Data:
 3 de julho (quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte/MG
Ingressos gratuitos, disponíveis tanto na plataforma Eventim quanto na bilheteria do Palácio das Artes

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