Gravações de “O Cravista”, de Luiz Eduardo Ozório, são finalizadas
Foto © Rafael Azerevo
A história da música clássica no Brasil está intrinsecamente ligada à vida de Roberto de Regina. Um dos cravistas mais importantes do país, Roberto, hoje com 97 anos, reintroduziu a música barroca no Brasil, tendo sido o primeiro músico a construir o instrumento de cordas pinçadas em solo nacional. “O Cravista”, com direção e roteiro de Luiz Eduardo Ozório e produção da OZ Films Productions, conta a trajetória pessoal e profissional do homem que deixou o mundo atual para viver os encantos do século 18. As gravações foram finalizadas na Casa Julieta de Serpa (RJ), com convidados, em um inusitado baile Real. Dançarinos e músicos especializados no período, coreografados pelo Professor da UFF Mário Orlando, acompanharam, com figurinos de Rogério Madruga, o ritmo das notas tocadas pelo cravista. O lançamento do projeto está previsto para o segundo semestre de 2024.
Em uma produção minuciosa e delicada, “O Cravista” aborda a história deste artista singular que vive pela arte. Prestes a comemorar seu centenário, a trajetória de Roberto é retratada no filme através de temas como a persistência em seguir a verdadeira vocação, o envelhecimento, o relacionamento de 40 anos com Ronaldo Ribeiro e as amarras do preconceito.
Para o filme documental, que começou a ser rodado em 2022, o diretor Luiz Eduardo Ozório acompanhou diversos momentos importantes da vida do maestro, como a homenagem que a Camerata Antiqua de Curitiba fez para ele na Sala Cecília Meireles, em 2022, e a sua última apresentação nos palcos, realizado na Academia Brasileira de Letras (ABL), em 2023. “Mostrar a trajetória de um dos artistas mais importantes da música clássica brasileira, além de um privilégio, é necessidade, porque o Roberto de Regina é uma lenda viva da cultura e da arte, reconhecido por um grupo de pessoas, mas um ilustre desconhecido para grande parte. Este filme é uma oportunidade de celebrarmos a vida e a obra dele e com ele”, comenta o diretor e roteirista. Em 1974, Roberto de Regina fundou a Camerata Antiqua de Curitiba, em atividade até hoje, e em 1960 se apresentou na inauguração de Brasília, momento pelo qual o artista continua a ser reverenciado.
Em 2023, o cravista recebeu o título de Honoris Causa pela Academia Brasileira de Belas Artes. Essa diferente forma de observar a vida o estimulou a ser mais do que um músico e maestro, se tornando também pintor e luthier. Abordada em “O Cravista”, a Capela Magdalena criada por Roberto em Guaratiba, no Rio de Janeiro, é sua casa atual, onde vive aos moldes dos castelos europeus, transportando toda a atmosfera do século XVIII para os dias atuais. Nela, o maestro realiza apresentações periódicas, acompanhadas de um elegante jantar, além de ser possível visitar seu museu particular, com 500 maquetes e miniaturas exibidas.
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