Korean Film Festival, traz à cidade de São Paulo, o melhor da produção cinematográfica sul coreana de 2022 a 2024
Foto: “Soulmate”, de Min Yong-geun
Nos últimos anos, a crescente popularidade da cultura coreana tem cativado o público mundial, impulsionada pela força do cinema, da música e de outras manifestações artísticas. O cinema coreano, em particular, tem impactado e conquistado o mundo com produções inovadoras em termos de câmera e edição e narrativas criativas que abordam temas universais e humanos, trazendo à tona questões sociais de maneira única e envolvente.
Para destacar uma das cinematografias mais relevantes da atualidade, o KOFF – Festival de Cinema Coreano retorna a São Paulo em 2024. Organizado pelo Instituto São Paulo de Arte e Cultura (ISPAC), a 2ª edição do evento acontece de 3 a 9 de outubro, no Reserva Cultural, na Avenida Paulista. O evento chega à capital após passagem por Piracicaba, onde também é realizado anualmente e se tornou parte do calendário oficial da cidade. Esta 2ª edição será aberta no mesmo dia da criação de um dos feriados de grande importância na Coreia do Sul. A data marca a Fundação de Gojoseon, nome dado ao antigo reino que é considerado o primeiro Estado da nação coreana. O festival trará as principais produções comerciais e independentes lançadas entre 2022 e 2024, sob curadoria de Rubens Rewald, cocuradoria de Marcia Kling, consultoria de Soleiman Dias e produção executiva de Eduardo Komatsu e Guilherme Merisio.
O KOFF reafirma seu papel como importante ponte cultural entre Brasil e Coreia do Sul, apresentando mais de 60 filmes, quase todos inéditos no país, nas mostras competitiva e não-competitiva. A produção cinematográfica sul-coreana se destaca por combinar temáticas fortes e propostas estéticas avançadas mantendo um diálogo direto e acessível com o público, conciliando, de forma singular, elementos artísticos e comerciais. O festival também promoverá oficinas de produção de vídeo em escolas públicas e debates internacionais em formato virtual com cineastas, atores e produtores coreanos. As conversas buscam fortalecer o intercâmbio entre os dois países e a troca de ideias sobre a indústria cinematográfica. Todo o conteúdo estará disponível no canal oficial do festival no YouTube.
Na Mostra Não-Competitiva serão apresentados 20 filmes, entre eles 10 longas-metragens selecionados entre os mais representativos e premiados da produção cinematográfica sul coreana, de 2022 a 2024, homenageando sucessos internacionais de público, e dez curtas-metragens selecionados entre os premiados no Busan International Short Film Festival – BISFF, Jeonju International Film Festival, Muju Film Festival e outros importantes festivais de cinema da Coreia do Sul.
Na Mostra Competitiva, foram selecionados mais de 40 filmes de cineastas emergentes, entre 325 inscritos da Coreia do Sul e Brasil. O espectador poderá assistir os longas “Table for Two”, “Birth” e “Juhee from 5 to 7”, entre outros. “Table for Two” é um belo documentário sobre a relação entre uma mãe sua filha que teve uma severa crise de anorexia e bulimia na adolescência. Um filme sensível e forte na abordagem das personagens. “Birth” (2022) é um drama delicado com direção de Yoo Ji-young, sobre a gravidez não planejada de uma jovem escritora promissora que está prestes a publicar seu novo livro “Jay”, causando conflitos entre ela e seu companheiro. Investigando temas de escolha pessoal, expectativas sociais e a luta inerente pela autonomia, surge como uma reflexão comovente sobre as complexidades da feminilidade contemporânea. Já “Juhee from 5 to 7” se relaciona diretamente com o clássico de Agnès Varda, “Cleo das 5 às 7”. Assim como no filme de Varda, a protagonista aguarda o resultado de um exame de câncer, enquanto vivencia uma tarde na universidade em que leciona. Um filme com uma estrutura temporal que foge da linearidade.
Entre os destaques da Mostra Não Competitiva estão longas-metragens que tiveram bastante evidência na produção sul-coreana nos últimos dois anos, como, por exemplo, o filme de abertura do festival, “Past Lives” (“Vidas Passadas”), da diretora Celine Song, sucesso de crítica e público em todo o mundo e indicado ao Oscar Academy Awards de Melhor Filme deste ano. Também estão na programação os dois sucessos do cinema coreano dos últimos dois anos, inéditos no Brasil: “Spring in Seoul” (2023), um thriller político com direção de Kim Sung-su, indicado em várias categorias no Asian Film Awards, que ultrapassou 11 milhões de espectadores em 36 dias de exibição. Baseado em fatos reais, a história tem como ponto de partida o assassinato do presidente Park em 1979, quando várias facções militares lutaram pelo controle durante um violento golpe; e “Exhuma”, que explora o terror psicológico, rituais xamânicos e a possessão de forma absolutamente original e, ainda, faz críticas sutis ao impacto da história da Coreia com o Japão. Dirigido por Jang Jae-hyun, estreou em fevereiro deste ano e se tornou a maior bilheteria na Coreia do Sul em 2024, com U$ 83 milhões.
Além deles, será exibido “Sleep” (2023), dirigido por Jason Yu, indicado ao Festival de Cannes em 2023, na Semaine de la Critique, onde foi ovacionado. Amplamente elogiado por sua narrativa única que mescla mistério, sobrenatural e suspense, é um dos últimos trabalhos de Lee Sun-kyun, ator que ficou mundialmente por sua participação em “Parasita”, falecido em dezembro de 2023. Outra obra expressiva é “Road to Boston” (2022), do diretor Kang Je-gyu, muito bem recebido pelo público de Piracicaba, que aborda a trajetória de um jovem atleta em busca de redenção para seu país na Maratona de Boston, em 1947, após 35 anos da ocupação japonesa na Coreia. Já “Soulmate” (2023), segundo filme da diretora Min Yong-geun, selecionado para o prestigiado Festival Internacional de Cinema de Busan, explora a profunda amizade entre duas mulheres, desde a infância até a vida adulta, ao longo de 14 anos. As paisagens da ilha de Jeju, onde parte da trama se passa, também são um destaque visual.
Ainda entre os destaques, dois filmes que têm comovido as plateias ao redor do mundo por sua abordagem emocional e sensível. Um deles é “Ditto” (2022), dirigido por Seo Eun-young, um remake de um clássico de 2000 com o mesmo nome. A história mistura ficção científica e romance, centrando-se em dois estudantes universitários, Kim Yong (Yeo Jin-goo) e Mu-nee (Cho Yi-hyun), que vivem em períodos diferentes, 1999 e 2022, mas se comunicam por meio de um rádio vintage. O outro é “Dog Days”, lançado em 2024 e dirigido por Kim Deok-min, um drama que explora as conexões humanas por meio de histórias relacionadas a cães e à convivência em um hospital veterinário. O elenco inclui alguns dos maiores nomes do cinema coreano, como Youn Yuh-jung e Kim Yun-jin, além de uma participação especial da atriz Kim Go-eun.
Adrenalina também está presente no festival com duas histórias eletrizantes. A primeira é “The Roundup: No Way Out” (2023), a terceira parte da popular franquia de sucesso coreana “Crime City”, estrelada por Ma Dong-seok como o detetive Ma Seok-do e com direção de Lee Sang-yong. O filme combina sequências de ação intensas e questões sociais mais sombrias, investigando temas de corrupção policial e as perigosas consequências do tráfico de drogas na Coreia do Sul. A segunda é “Hijack 1971” (2024), dirigido por Kim Sung-han-I, um thriller baseado em um incidente real, quando um avião da Korean Air foi sequestrado em 1971. A trama acompanha um voo civil que, após uma explosão a bordo, é tomado por um sequestrador que tenta desviar o avião para a Coreia do Norte. O filme tem recebido atenção em festivais internacionais e foi lançado em vários países, incluindo os Estados Unidos.
E, por fim, estão “Mimang” (2023), estreia na direção do cineasta Taeyang Kim, uma obra dramática selecionada para o Toronto International Film Festival, filmada durante quatro anos, que explora encontros casuais e conexões humanas ao longo das ruas de Seul; e “Concrete Utopia” (2023), dirigido por Um Tae-hwa, filme que mistura suspense e drama em um cenário pós-apocalíptico. A trama gira em torno de um único complexo de apartamentos que permanece de pé após um terremoto devastador em Seul, abordando o relacionamento entre os sobreviventes internos e externos ao condomínio.
A seleção de curtas-metragens do KOFF em 2024 e a Mostra Não Competitiva traz pequenas obras-primas. Na abertura de cada dia do evento será exibido “Night Fishing”, um curta-metragem de Moon Byoung-Gon, produzido pela Hyundai, na Coreia do Sul, vencedor do 28º Fantasia International Film Festival, em Montreal, no Canadá, na categoria Melhor Edição. É classificado como um thriller humanista, captado a partir da perspectiva de um carro equipado com câmeras especiais, criando uma fusão entre tecnologias automotivas e expressão artística.
Este projeto marca a primeira incursão da Hyundai na produção de filmes, contando com a participação de importantes figuras da indústria cinematográfica sul-coreana. Entre elas, destaca-se o ator Son Sukku, conhecido por seu papel em “The Roundup 2” e na série da Netflix “D.P.”, além do diretor Moon Byoung-Gon, que se tornou o primeiro cineasta coreano a vencer a Palma de Ouro na competição de curtas-metragens do Festival de Cannes, em 2013. Entre os destaques, “The Hairpin” (2024), dirigido por Kim Seung-yeon, explora as complexas dinâmicas de amizade e ciúmes na adolescência, revelando as emoções intensas que surgem quando o amor e a rivalidade se misturam. Em “My Mother’s Story” (2023), de Kim So-young e Jang Minhee, Notsae compartilha histórias de infância com sua filha Eunsung. Ela recorda seu primeiro amor, que foi convocado para o serviço militar, o dia em que a eletricidade chegou pela primeira vez à sua aldeia e sua mãe, que tanto sente falta.
“My Worst Nightmare” (2023) mostra um encontro inesperado em um trem entre uma mulher, que passa os dias compondo músicas em um percurso sinuoso, e um homem apático, que acaba de deixar seu emprego, transformando a vida dos dois. Direção de Lim Ju-hyeong. E tem também a bem-humorada ficção científica “My Heart Is Going to Explode!” (2024), dirigido por Jung In-Hyuk, onde Soojin, após o fim de um relacionamento marcado por gaslighting, é assombrada pela garota de luz verde que conhece em uma balada. A garota literalmente emitia uma luz verde.
Na Mostra Competitiva, o curador Rubens Rewald destaca “Anamnese”, documentário de diretora brasileira sobre uma vila chinesa habitada por coreanos, cheia de hábitos folclóricos mesclados das duas culturas; “Jung Ok”, que conta a história de uma mulher que acaba de entrar na menopausa e acaba vendendo seus absorventes para uma menina que menstruou pela primeira vez; “Your Regards”, filme cativante sobre um rapaz que faz um documentário, mas na verdade quer descobrir sobre a morte de um velho amigo; e “ID_Yunggil’s Mom”, onde pai e filho se conectam a partir da morte da avó.
A programação completa do festival pode ser conferida em https://koffko.com.br.
Koff – Korean Film Festival
Data: 3 a 9 de outubro
Local: Reserva Cultural. Av. Paulista, 900, Bela Vista, São Paulo/SP
Entrada: gratuita em todas as sessões
Pingback: news-1727981244020-6360 – News Conect Inteligencia Digital