Embratur promove edital de curtas para mostrar o Brasil com “S” e a Amazônia

Foto: Marcelo Freixo em coletiva na Mostra de Tiradentes © Leo Lara/Universo Produção

Por Maria do Rosário Caetano, de Tiradentes (MG)

No momento em que o cinema brasileiro conquista vitrine internacional com “Ainda Estou Aqui” indicado a três categorias do Oscar — incluindo melhor filme e melhor atriz para Fernanda Torres —, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, festeja “a conquista histórica do nosso audiovisual”.

Presente na Mostra de Cinema de Tiradentes para apresentar quatro curtas do Edital Brasil com “S”, selecionados por edital da Embratur, Freixo aproveita a ocasião e a cidade como cenário e vitrine do lançamento do segundo edital, agora destinado a curtas-metragens ambientados na Amazônia. Empresas amazonenses podem se associar a produtoras de outros estados brasileiros (na base de 50% para cada parte) e disputar apoio financeiro de R$100 mil (para cada filme).

Freixo contou que “agora transformada em agência de fomento (antes era uma autarquia), a Embratur pode dar apoio financeiro a festivais”, desde que estes atuem para ajudar a difundir a imagem do Brasil no exterior. “Como nossa função primordial é mobilizar turistas internacionais a visitar nosso país, nossa agência apoia oito festivais brasileiros realizados em cidades como Paris, Nova York e Buenos Aires”. E, depois de apoiar, na belíssima ilha de Fernando de Noronha, o Festival de Film Commissions (23 espalhadas pelo país), passamos a apoiar a Mostra de Tiradentes, a primeira do calendário anual de festivais, sediada em um centro de atração turística da maior importância”.

Por isso, o festival realizado na região do ouro de Minas Gerais tornou-se palco da Mostra Brasil com “S”, agendada para a noite desse sábado, primeiro de fevereiro, na Praça das Forras, no centro histórico de Tiradentes. E do lançamento do Edital Brasil com “S” – Amazônia Destino Turístico.

E como se encaixa o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, no discurso do presidente da Embratur?

Na conversa mantida com os jornalistas, Marcelo Freixo já começou falando do candidato brasileiro ao Oscar. “No dia 2 de março, um domingo de Carnaval, uma de nossas maiores festas, se dará o anúncio dos vencedores — acho que será o nosso filme”, torceu! “A premiação” — brincou — acontecerá na hora do desfile da minha Mangueira. Ficarei dividido entre esses dois acontecimentos tão importantes”.

O argumento de que não há dinheiro público no filme de Walter Salles não deixa Freixo sem argumentos.

“O que interessa” — postula — é que ‘Ainda Estou Aqui’ representa o Brasil, nossa gente, nossa cultura, nosso idioma e nossa história na festa do Oscar”. Para acrescentar: “sou historiador e sei da importância desse filme para a questão dos Direitos Humanos e de nossa luta pelos desaparecidos políticos, vista na figura do engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva”. Aliás, “faço questão de lembrar que somos hoje a maior e mais plena democracia do mundo. Digo isso num momento em que os EUA e outras nações vivem momentos terríveis”.

Voltando à relação entre turismo e audiovisual, Freixo destaca “o imenso papel desempenhado pelo cinema no fomento ao turismo”. Cita o que vem acontecendo na Coreia do Sul depois do triunfo de “Parasita” no Oscar. E o que aconteceu na Nova Zelândia depois das filmagens de “Senhor dos Anéis” e na Espanha com o estouro de “Casa de Papel”. “Exemplos incontornáveis e fertilizadores”.

Nesse ano em que França e Brasil comemoram 200 anos de relações diplomáticas, a Embratur entra firme nesse calendário festivo. “E o fazemos com entusiasmo” — conta Freixo —, pois “a França é um dos países que mais nos enviam turistas”.

O presidente da Embratur lembra que, “nesse primeiro semestre, o calendário de comemorações se dará em solo francês. No segundo semestre chegará ao território brasileiro”.

Até agora, a atividade que mais atenção chamou no calendário do Ano Brasil-Franca gravitou em torno da atriz Fernanda Torres, que teve presença luminosa na Semana da Alta Costura de Paris, no Grand Palais.

Com a Maison Chanel, que festeja seus 110 anos, no centro das atenções, a protagonista de “Ainda Estou Aqui” sentou-se na primeira fileira do desfile. E, devidamente vestida pela griffe de Gabrielle “Coco” Chanel, ocupou assento nobre ao lado de atrizes como Marion Cotillard, oscarizada por seu desempenho em “Piaf”, Vanessa Paradis e Pamela Anderson.

“A estrela brasileira” — explicou a Maison Chanel — “escolheu um sobretudo abotoado da coleção ‘Métiers d’Art 2025’, desfilada em dezembro do ano passado”.

E mais: “a Chanel destaca que esta coleção é inspirada nas telas (incluindo ‘Coromandel’) de Gabrielle “Coco” Chanel, que decoram as paredes de seu lendário apartamento em Paris”. Para, então, finalizar, “a roupa não poderia trazer nenhuma forma de excesso”, até por combinar com o atual (e austero) estilo da intérprete de Eunice Paiva.

Se, porém, depender da vontade de Marcelo Freixo, titular da Embratur, Fernanda Torres vestirá um longo em verde-e-rosa, as cores da Mangueira, na noite do Oscar de número 97. “Com estas cores”, brinca Freixo, “ela ficará ainda mais linda e terá muita sorte”. “Já pensou” — vislumbra — “a Mangueira na avenida e Fernanda, de verde e rosa, buscando seu Oscar?”

O presidente da Embratur permanece em Tiradentes ao lado de seu assessor audiovisual, Christiano Braga, para assistir, no Cine Praça ao ar livre (sábado, 19h30), aos curtas produzidos pelo primeiro edital Embratur (ver lista abaixo).

Enquanto aguarda, otimista, o triunfo de “Ainda Estou Aqui” e de Fernanda Torres na noite das estatuetas douradas, Freixo avisa que “o setor de turismo brasileiro vai muito bem” depois de “dois anos de pandemia e quatro de pandemônio”. Que o Brasil recebeu, nesse ano que passou, “mais turistas que na Copa de 2014, da qual fomos país-sede”. Quantificou o desempenho de 2024: “houve um incremento de 7,3 bilhões de dólares em nossa economia”. E que o setor vem gerando “muitos empregos e renda”. Ajudando, portanto, o país a ostentar a mais baixa taxa de desemprego desde 2012 — 6,6%.

“O presidente Lula” — disse Freire — “sempre pede a seus colaboradores que prestem atenção na Amazônia”. Que “devemos realizar atividades produtivas e criativas lá, para substituir o garimpo e os madeireiros ilegais”. A transformação da Amazônia “numa imensa porta de entrada de nosso turismo e a criação do edital para curtas-metragens amazônicos” são, mesmo que pequenas, “as contribuições da Embratur”.

E, entusiasmado, Freire diz mais: “estamos ampliando campanhas internacionais de divulgação do país, voltando nossas atenções à China, que pode nos enviar muitos turistas, e preparando a criação de uma Film Commission nacional”.

Sobre esta última meta, Freixo detalhou: “Contamos com vinte e três Film Commissions na quase totalidade das unidades da Federação”. Duas delas — “a do Rio e a de São Paulo — funcionam muito bem”. Já as demais — avalia — “trabalharão muito melhor se puderem estabelecer sinergia com uma Film Commission de alcance nacional, fruto da soma de forças do Ministério da Cultura e da Embratur”.

A seguir, os filmes do primeiro edital (estão abertas inscrições para o segundo) que serão exibidos na Mostra de Cinema de Tiradentes:

  • “Carimbó da Amazônia” (documentário) – Um mergulho nas tradições do carimbó e nas paisagens de Alter do Chão, no Pará. De Maxwell e o Mestre Chico Malta (este protagoniza o filme).
  • “Entre Sinais e Mares” (ficção) – Uma história de amor na Ilha do Mel, em Maringá (PR), abordando inclusão e diversidade LGBTQIAP+. Os atores que integram o curta são surdos. Direção de João Gabriel Kowalski. O ator Leo Castilho e membros do elenco estarão no palco. Com tradução em Libras.
  • “Huni Kuï: O Povo Verdadeiro” – Obra traz um retrato do turismo etnográfico e da cultura indígena Huni Kuï, no Acre. O estado é habitado por 15 etnias e outras três não-contatadas – os chamados “índios isolados”. A diversidade étnica está distribuída entre 11 municípios, onde estão localizadas 34 Terras Indígenas. Direção de Tatiana e Gabriel Sager, que participa do festival mineiro junto com o roteirista Carlos Hammes.
  • “Caminhos do Peabiru” – O curta ressignifica e redescobre a história da estrada transcontinental mais importante da América do Sul antes da chegada dos europeus. Direção de Juliano de Paula, que apresentará o filme ao lado produtora Desirre Portela e da turismóloga Tatiana Perim.

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