Cinema do IMS Paulista reúne amostra da produtora independente Anarca Filmes
De 10 a 13 de julho, o cinema do IMS Paulista recebe a mostra Antologia do Delírio: 10 Anos de Anarca Filmes, que reúne, pela primeira vez, uma amostra significativa da trajetória da produtora independente Anarca Filmes, que explora as possibilidades entre o cinema, a internet e as artes visuais, por meio de linguagens experimentais, abordagens colaborativas e uma visão política e estética centrada nas vivências LGBTQIAPN+.
Serão exibidas 34 produções que não obedecem à linearidade nem se restringem à filmografia do coletivo. Os filmes são distribuídos em sete programas, alguns em sessões apresentadas pelo artista visual e diretor Sosha (Sócrates Alexandre), e contará ainda com uma conversa e oficina, no dia 12 de julho (sábado), às 16h, conduzida por Helena Ignez, expoente do cinema experimental, que abordará práticas performáticas como ferramenta de expressão política e artística.
Criada em 2014, a Anarca Filmes é um coletivo audiovisual formado por Amanda Seraphico, Clari Ribeiro e Lorran Dias, que contrapõe os limites do cinema tradicional, adotando o erro como linguagem própria e cultivando uma estética da fabulação e do excesso. O grupo emergiu das festas do Rio de Janeiro e do Recife, onde improvisos e registros da cena cultural criavam espaços de encontro e experimentação, atrelando o cinema a uma cultura viva, coletiva e dissidente, com especial atenção às experiências LGBTQIAPN+.
Entre os destaques da mostra, está o filme “Usina-Desejo contra a Indústria do Medo” (foto, 2021), primeira obra interativa da Anarca Filmes, cujo desfecho final é escolhido pelo público. A exibição integra o programa Delírios Coletivos, ao lado do curta inédito “Primeiro Cinema” (2025), na abertura da mostra, que acontece dia 10/7, às 19h30, e será seguida de debate com integrantes do coletivo.
Outro destaque é o programa Cabine Monstra, que evidencia o papel da internet na trajetória da Anarca Filmes e propõe que produções inicialmente veiculadas em plataformas digitais, como teasers de festa, clipes e memes, possam ser valorizadas e apreciadas em sala de cinema. A sessão reúne 12 títulos, entre eles “Leona Assassina Vingativa 4 – Atrack em Paris e Metrópole”, em que Leona e Sosha, duas referências do audiovisual independente, colaboram com o coletivo recifense Surto & Deslumbramento. O programa acontece no dia 13/7, às 16h30, e será apresentado pelo próprio Sosha (Sócrates Alexandre), que dirigiu outras produções presentes na mostra. A programação completa está disponível no site do IMS.
Neste mês, o IMS Paulista promove também a Sessão Indeterminações, dedicada à crítica, pesquisa e exibição dos cinemas negros brasileiros. Com o tema Grande Otelo, Enigma das Contradições, esta edição apresenta duas produções com Sebastião Bernardes de Souza Prata (1915-1993), eternizado como Grande Otelo. O ator mineiro possuía forte ligação com a música, geralmente como intérprete em filmes musicais e no teatro de revista. No cinema, estrelou “Macunaíma” (Joaquim Pedro de Andrade, 1969), “Os Cosmonautas” (Victor Lima, 1962), “Rio, Zona Norte” (Nelson Pereira dos Santos, 1957), entre outros.
A sessão de estreia terá entrada gratuita e será realizada no dia 17/7, às 19h, seguida de debate com os curadores da sessão, Lorenna Rocha e Gabriel Araújo. A reprise, sem debate, acontece no dia 27/7, às 17h50. Um dos filmes exibidos é “Sebastião Prata, ou Bem Dizendo, Grande Otelo” (1971), de Murilo Salles e Ronaldo Foster. Na obra, o ator é filmado na intimidade da sua casa, cantando em ritmo de samba a frase: “Há de passar 100 anos até que se esqueçam de mim”. O curta reúne cenas de filmes e pequenos depoimentos, compondo um perfil conciso e sensível de Grande Otelo, em uma abordagem de documentário experimental.
Na ocasião também será projetado, em cópia digital restaurada em 2K a partir de materiais em 16 mm, o filme “Também Somos Irmãos” (1949), dirigido por José Carlos Burle. O longa narra a relação de amor e ódio entre Renato (Aguinaldo Camargo) e Miro (Grande Otelo), dois irmãos negros criados por uma família branca. O filme expõe tensões raciais e de classe, consolidando-se como um dos marcos na discussão sobre a racialidade no cinema brasileiro.
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