Seiscentos profissionais de cinema lançam, no Festival de Brasília, manifesto em defesa do cinema documental
Foto: Evaldo Mocarzel e equipe de “Sergio Mamberti – Memórias do Brasil”
O cineasta Evaldo Mocarzel, que apresentou o longa-metragem “Sergio Mamberti – Memórias do Brasil” no segmento Sessões Especiais do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, leu — em nome de 600 profissionais dedicados ao cinema documentário — manifesto em defesa desse segmento da produção audiovisual.
No palco do Cine Brasília, Mocarzel, que vem se dedicando há quase 30 anos à realização cinematográfica, lembrou que o “Manifesto em Defesa do Documentário Brasileiro” foi elaborado para “denunciar a relegação sistemática do gênero nas políticas públicas de fomento”. E reivindicar “mudanças urgentes”.
O documento foi escrito pelas cineastas Daniela Broitman e Laura Faerman, com apoio de profissionais do audiovisual, entre eles o documentarista Silvio Tendler, que morreu na semana passada. O manifesto mobilizou dezenas de diretores renomados, de diversas gerações, e outros profissionais de destaque no setor – como produtores, roteiristas, diretores de fotografia, montadores e distribuidores de filmes. Além das 65 assinaturas iniciais que constam no manifesto, ele segue circulando publicamente e já ultrapassa 600 nomes.
O documento destaca “o papel estratégico e social do documentário na construção da memória coletiva, na valorização da diversidade cultural e na democratização da produção audiovisual – especialmente por permitir a atuação de pequenas e médias produtoras, em um momento em que há um grande índice de desemprego no setor audiovisual”.
Para os signatários do manifesto, “o documentário não deve ser tratado como um subgênero cinematográfico”. Pois, “há filmes documentais de todos os tamanhos, tanto de baixo orçamento como os que demandam mais recursos” e “muitos deles envolvem viagens, aquisição de imagens de personalidades e de acervos televisivos, além de licenciamentos musicais”. Enquanto “outros demandam anos de acompanhamento de personagens e processos, pesquisas aprofundadas e equipes altamente especializadas”.
“Essa diversidade de formatos e necessidades orçamentárias” — conclui o documento — “evidencia a importância de garantir linhas de financiamento específicas em todos os editais públicos de produção, finalização e distribuição, incluindo ações voltadas à circulação em instituições de ensino”.
