“Suçuarana” é eleito o melhor filme da 13ª edição do Festival Audiovisual Bariloche
Com uma cerimônia realizada às margens do lago Nahuel Huapi, no histórico Puerto San Carlos, encerrou-se a 13ª edição do Festival Audiovisual Bariloche (FAB), o mais importante encontro cinematográfico da Patagônia argentina e um dos principais espaços de difusão e formação audiovisual do sul do continente.
A grande vencedora desta edição foi o longa-metragem brasileiro “Suçuarana”, dirigido por Clarissa Campolina e Sérgio Borges, que recebeu o prêmio de Melhor Longa Latino-Americano, dividindo a distinção com o documentário venezuelano “Kueka, Memoria Ancestral”, de María de los Ángeles Peña Fonseca.
A consagração de “Suçuarana” marcou uma edição especialmente significativa para o Brasil, país convidado de honra do festival neste ano. Ao longo de sete dias – de 29 de setembro a 5 de outubro –, Bariloche transformou-se em um ponto de encontro entre cineastas, produtores, estudantes e público de toda a América Latina, com 99 produções selecionadas entre mais de mil inscritas, distribuídas em dez competições oficiais e uma ampla programação gratuita de atividades, exibições e debates.
Nesta 13ª edição, o festival inaugurou as novas competições latino-americanas de longas e curtas-metragens, ampliando seu alcance e seu diálogo internacional.
Nesse contexto, “Suçuarana” destacou-se como uma das obras mais potentes do evento. O filme — uma produção independente brasileira de 85 minutos — acompanha Dora, uma mulher que percorre uma região mineradora em busca de trabalho e da terra que pertencia à sua mãe. Após um acidente de carro, ela reencontra um cachorro que havia abandonado e, guiada por ele, chega a um vilarejo onde a vida comunitária ainda resiste à fragmentação social. Dora encontra abrigo, trabalho e afeto, mas sua natureza errante a leva novamente à estrada, sozinha.
Filmado em paisagens rurais de Minas Gerais, “Suçuarana” combina realismo social e lirismo poético, explorando as relações entre território, deslocamento e pertencimento.
A dupla Clarissa Campolina e Sérgio Borges constrói uma narrativa que entrelaça corpos, afetos e paisagens, com uma linguagem que funde o político e o sensível. Campolina, reconhecida por seu longa de estreia “Swirl” (2011), exibido e premiado no Festival de Veneza, também é autora de “Enquanto Estamos Aqui” (2019) e “Faraway Song” (2022), obras que circularam por festivais como Rotterdam, Locarno e BAFICI. Borges, por sua vez, é fundador do coletivo Teia e diretor de “O Céu sobre os Ombros” (2010), vencedor do Festival de Brasília.
“Suçuarana” chega a Bariloche depois de participar do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde venceu seis categorias, entre elas, Melhor Atriz, Melhor Fotografia e Melhor Montagem, além de ter sido premiado no Fantaspoa e no International Film Festival Innsbruck.
A edição de 2025 do FAB reforçou seu caráter de integração regional ao escolher o Brasil como país convidado, valorizando a diversidade e a força criativa de sua produção contemporânea. As diretoras Kátia Klock e Clara Antunes participaram presencialmente do festival com apoio da Embaixada do Brasil na Argentina, apresentando seus curtas “Luci y la Tierra” e “El Cuidado Invisible”.
As sessões, realizadas na Biblioteca Sarmiento, foram seguidas por um debate sobre o papel das mulheres no cinema brasileiro e o diálogo entre os cinemas do sul.
O júri da competição de longas latino-americanos — formado por Manque La Banca, Katia Klock e Ulises Rosell — destacou em “Suçuarana” “a sensibilidade com que retrata a coletividade e a resistência, transformando o espaço em um personagem vivo”.
Outro destaque da cerimônia foi o prêmio da Competição Latino-Americana de Curtas-Metragens, que reuniu obras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
O curta brasileiro “Tapando Buracos”, de Pally e Laura Fragoso, compartilhou o prêmio principal com o chileno “El Canon”, de Martín Seeger.
A obra das realizadoras brasileiras, já exibida em diversos festivais regionais, destaca-se pelo retrato intimista do trabalho e da resistência cotidiana, enquanto o curta chileno investiga as imagens do poder e da memória na América Latina.

Pingback: news-1759689527296-26770 – News Conect Inteligencia Digital