Grande Otelo Doc
Por que ainda não foi feito um documentário sobre a carreira do centenário Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo (1915-1993)? Ano que vem, deve chegar aos nossos cinemas longa documental sobre o malaguenho-brasileiro Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Diaz, o Oscarito (1906-1970), maior parceiro de Otelo. O filme trará a assinatura do ator Carlos Loffler, neto do cômico nascido na Espanha.
Já o documentário sobre o pequeno Otelo segue emperrado. Em 1971, os jovens Murilo Salles e Ronaldo Foster realizaram ótimo curta-metragem sobre “Sebastião Prata, ou Bem Dizendo, Grande Otelo”. O artista, então com 55 anos, é visto em sua modesta casa, ao lado da volumosa esposa e dos três filhos pequenos (Mário Luiz, Carlos Sebastião e José Antônio). Fala de seu trabalho, mostrando sempre invejável domínio da língua portuguesa. E apresentando raro jogo de cintura ao fugir de dois assuntos complicadíssimos: o suicídio de sua primeira mulher (que antes do trágico gesto matara o filho) e a má fama, naquele começo dos anos 1970, de estar faltando a compromissos de trabalho por razões etílicas.
Depois do curta de Salles & Foster, Otelo fez novos filmes ficcionais e telenovelas e nada de ter sua vida narrada em um longa-metragem. O cineasta Evaldo Mocarzel acertou-se com os herdeiros do ator e foi convidado a dirigir o filme que registraria seus 78 anos de história artística. “O projeto” – rememora – “foi concebido pela Sarau Agência de Cultura, do Rio, e constava de montagem teatral, organização do acervo, um site na internet e a biografia (que seria escrita por Sérgio Cabral). Tudo foi feito”. O resgate da memória do pequeno notável terminaria com um documentário. “Chegamos a ganhar o edital do BNDES, em parceria com a Videofilmes” – lembra Mocarzel, “mas não conseguimos captar a metade do orçamento e, acredite se quiser, tivemos de devolver o dinheiro ao banco”. Outro que tentou realizar um doc sobre Otelo foi Celso Sabadin, autor de cinebiografia de Mazaroppi. No caso dele, “o impedimento veio dos herdeiros que impediram que fosse feito um documentário sobre o centenário do pai. Eu já estava com o projeto prontinho para a Ancine, havia um eficiente produtor carioca já engajado, a pesquisa em andamento, dois dos filhos bem entusiasmados com tudo, quando um dos filhos roeu a corda e pediu dinheiro adiantado para autorizar o uso de imagem”.
Prezados, eu estou na produção de um documentário sobre o Grande Otelo, que já está sendo gravado. Esperamos finalizar até o aniversário de 101 anos dele, em outubro de 2016.