Sem vaga nos festivais

Os festivais internacionais estão com um pé atrás em relação ao cinema brasileiro. Até festivais B (os “letra A” são Cannes, Veneza e Berlim) andam esnobando a produção nacional. Os curadores argumentam que nossos filmes andam muito “comerciais e televisivos”. Essa ideia generalizou-se de tal forma, que só curtas-metragens têm encontrado espaço significativo em festivais internacionais. Walter Salles (que finaliza “On the Road”) e Fernando Meirelles (“360”), dois nomes reconhecidos no exterior, têm trabalhado fora do país. Veneza esperava contar com o filme de Salles, que não ficou pronto em tempo. Meirelles acabou mostrando seu sexto longa em Toronto. Para agravar, os brasileiros ou fazem filmes comerciais (portanto sem chance em festivais) ou recorrem a seu extremo oposto: filmes pequenos, de baixo orçamento e experimentação de linguagem. E esses filmes só conseguem espaço, quando o conseguem, em mostras paralelas das grandes festas do cinema. O cineasta argentino Pablo Trapero, que tem tido boa aceitação em eventos internacionais, reconheceu, em entrevista ao Estadão, que seu país consegue, com maior frequência, realizar filmes que dialogam com plateias mais amplas, sem abrir mão da qualidade.

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