Cine Bike reúne sucessos sobre duas rodas

Por Maria do Rosário Caetano

Os filmes de estrada, os cultuados road movies, sempre privilegiaram os veículos sobre quatro rodas. Mas há aqueles que preferem as saudáveis bicicletas, meio sustentável de transporte, verdadeiro estímulo ao espectador interessado em mudar de hábitos e ajudar a preservar o planeta.

Pois, a partir desta terça-feira, 19 de julho, o CCBB Brasília (Centro Cultural Banco do Brasil) sedia o Cine Bike – Festival Internacional de Cinema e Mobilidade Urbana, evento composto por filmes de ponta (selecionados pelo curador Sérgio Moriconi), mostra virtual, oficinas, debates, passeio ciclístico e diversas atividades educativas.

A ideia dos criadores do Cine Bike é propor “reflexão e estimular a tomada de consciência ambiental em nome da sustentabilidade, apostando na educação, informação e no divertimento”. Poderiam fazê-lo exibindo obras de puro entretenimento. Mas não. O crítico, professor e cineasta Sérgio Moriconi caprichou na seleção e o resultado é, além de fascinante, esteticamente mobilizador.

O primeiro título que nos vem à mente, quando o assunto é cinema sobre duas rodas, não é um típico road movie, mas um drama social neo-realista, que arrancou lágrimas planetárias: “Ladrões de Bicicletas” (1948), de Vittorio De Sica. Quem não chorou quando o menino interpretado por Enzo Staiola apertou a mão do “pai ladrão” (Lamberto Maggiorani), que depois de perder sua bicicleta, instrumento de trabalho, furtou outra que pudesse lhe garantir o almejado emprego?

A curadoria trará, além de clássicos da grandeza de “Ladrões de Bicicletas”, filmes inéditos da França, Holanda, Portugal, Inglaterra, Suécia, Itália e Alemanha. Sem esquecer o Brasil.

De Portugal, virá o documentário inédito “A Alma de um Ciclista”, de Nuno Tavares. E da Grã-Bretanha, o primeiro filme dirigido por Ridley Scott, o média-metragem “O Garoto e a Bicicleta”. Juntos, os dois compõem o programa inaugural do Cine Bike. Depois, sessões com entrada franca se sucederão no cinema do CCBB e ao ar livre. E haverá sessões on-line para espectadores de todo território brasileiro.

O filme de Ridley “Blade Runner” Scott é uma preciosidade de apenas 27 minutos, realizada em 1965, quando ele se iniciava no cinema. E tem como protagonista seu irmão Tony Scott, então um adolescente. Finalizado (e restaurado) pelo BFI Experimental, o “O Garoto e a Bicicleta” registra em belo preto-e-branco as aventuras de um estudante despreocupado, que anda de bicicleta pela cidade de Hartlepool, no condado de Cleveland.

Depois de ler o “Ulysses”, de Joyce, o irmão mais velho de Tony (Ridley nasceu em 1937 e o irmão mais novo em 1944), resolveu realizar um filme a partir do quarto do brother-colegial. E dotá-lo de um fluxo de consciência. Ou seja, de pensamentos que passeiam por sua mente enquanto ele, ao invés de ir à escola, monta sua bike e trilha caminhos livres.

Com enquadramentos de grande beleza, vemos Tony (o nome do adolescente foi preservado) andando pela região costeira, numa ágil bicicleta, conduzida com rara perícia. E seus pensamentos, tão velozes quanto as duas rodas de seu veículo, vão pulando de um tema a outro, com imensa liberdade.

Ridley Scott, hoje com 84 anos, tornou-se mundialmente famoso com o sucesso planetário de “Blade Runner, o Caçador de Andróides” (1984). Tony, apesar da promissora estreia como ator, acabou optando pela carreira de diretor. Mas não alcançou o sucesso do irmão mais velho. Ainda assim, pelo menos dois de seus filmes têm admiradores – “Fome de Viver” (1983), com Catherine Deneuve, Susan Sarandon e David Bowie em mundo vampiresco-fashion, e “Amor à Queima Roupa” (93), com roteiro de Quentin Tarantino. Morreu cedo, em 2012 (aos 68 anos).

A França, país que sedia a mais famosa corrida de bicicletas do mundo (o Tour de France) tem significativa presença no Cine Bike. Jacques Tati se faz representar por dois títulos – o longa “Carrossel da Esperança” e o curta “Escola de Carteiros”, ambos imperdíveis. E há dois documentários, ambos de 52 minutos — “A Rainha da Bicicleta”, de Laurent Védrine, e “Velotopia”, de Erik Fretel. Ambos têm a bike como protagonista absoluta. O primeiro narra a história do veículo sobre duas rodas desde sua criação como objeto de lazer de ricaços até sua popularização e transformação, a partir de 1903 (criação do Tour de France) em esporte favorito dos franceses. O segundo, um “doc-comédia”, garante que a bicicleta é “uma fonte de felicidade capaz de salvar a humanidade”. Simpático exagero.

A vizinha Bélgica comparece com animação de encantadora beleza – “As Bicicletas de Belleville”, de Sylvain Chomet, e com o drama social “O Garoto da Bicicleta”, dos Irmãos Dardenne. Da Holanda chega o premiado “Porque Pedalamos”, de Hulster e Gielen, e da Suécia, “Bikes vs Carros”, de Fredrik Gertten.

O Brasil tem um road movie típico no Cine Bike – o drama “O Caminho das Nuvens”, produção da família Barreto, dirigida por Vicente Amorim. Protagonizado por Wagner Moura e Cláudia Abreu, e embalado por canção de Roberto Carlos, o filme nasceu de fato real. O paraibano Romão resolveu deixar sua pequena cidade natal, com esposa e cinco filhos, de bicicleta, pedalando por mais de 3 mil km, até chegar a Bangu, no Rio de Janeiro. Isto tudo depois de enfrentar as mais duras privações. Claro que o filme, roteirizado por David França Mendes, ficcionalizou a história. No caminho da pobre família, aparece o “cigano” Sidney Magall. Foi o bastante para a carreira do intérprete de “O Meu Sangue Ferve por Você” dar uma boa reaquecida.

Outra produção brasileira, no caso brasiliense, do Cine Bike é “No Rastro das Cargueiras”, também um drama social, narrado com estrutura documental. Carol Matias mostra a vida cotidiana de Dona Caçula, que atravessa a cidade equilibrando metais e plásticos em cima de sua bicicleta cargueira. Ela integra grupo de catadores-ciclistas que trabalham no contrafluxo do consumo urbano em Brasília, em busca do descarte do mundo industrial.

No terreno do curta-metragem foram reunidas produções cubanas, canadenses, australianas, alemãs, francesas, italianas, suecas, holandesas e brasileiras.

Os amantes das duas rodas, além de ver filmes, farão passeios ciclísticos, frequentarão praça de food-bikes, aprenderão a andar de bicicleta e promoverão encontros para falar do cinema e de assuntos que lhes interessem.

A programação atenderá a todos os públicos – adultos, jovens e crianças. Filmes serão exibidos em telão especialmente montado para o evento nos jardins do CCBB em tela de LED destinada à programação infantil.

Nomes de ponta do pensamento sobre mobilidade urbana no Brasil farão palestras e o público poderá colher autógrafo da escritora Josi Paz, que lançará o livro “Pedalar é suave”.

Os que residem fora de Brasília, poderão desfrutar de mostra on-line composta de dois longas-metragens e três curtas do Cine Bike. Os selecionados da programação (acesso pela plataforma www.cinebikebrasil.com.br, por 24 horas) são os longas “A Alma de um Ciclista” (Portugal, 2021) e “Bike vs Carros” (Suécia, 2015), e os curtas “O Porta-Voz” (Austrália, 2013), “Todos os Corpos na Bike” (EUA, 2020) e “Explorando as Ruas de Estocolmo” (Suécia, 2014). O Cine Bike prossegue até dia 31 de julho.

 

PROGRAMAÇÃO

. Terça-feira (dia 19) – 19h30 – Abertura: O Garoto e a Bicicleta (27’, Ridley Scott, 1965) e A Alma de um Ciclista (74’, Nuno Tavares, 2021)

. Quarta-feira, 20 – 18h00 – Pânico na Cidade (38’, Yann Le Quellec, 2014) + A Volta em Minas (21’, Fernando Biagioni, 2021); 20h00 – Bike vs Carros (91’, Fredrik Gertten, 2015)

. Quinta-feira, 21 – 18h00 – No Rastro das Cargueiras (71’, Carol Matias, 2020); 20h00 – O Garoto da Bicicleta (87’, Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, 2011)

. Sexta-feira, 22 – 18h00 – Ladrões de bicicleta (93’, Vittorio de Sica, 1948); 20h00 – Velotopia (52’, Erik Fretel, 2012), 12 anos

. Sábado, 23 – Ao ar livre – 16h00 – Sessão infantil: Um, Dois, Árvore (7’, Yulia Aronova, 2014) + A Bicicleta do Elefante (9’, Olesya Shchukina, 2014) + Escola de Carteiros (15’, Jacques Tati, 1947) + Ciclo (2’15, Sophie Olga de Jong e Sytske Kok, 2019) + Pedalando com Molly (1’46’, Sara Chia-Jewel, 2021) + Ernest e Célestine no Inverno (48’, Julien Chheng e Jean-Christophe Roger); no Cinema – 15h30 – Pedalar é Suave, de Flora Gondim (26’, Flora Gondim, 2018) + Lulu Vai de Bike (15’, Edson Fogaça, 2019); 17h00 – Meu Segredo Italiano (92’, Oren Jacoby, 2014); 18h30 – Área Externa: Porque Pedalamos (60’, Gertjan Hulster e Arne Gielen, 2020), livre

. Domingo, 24 – 15h00 – Elo Perdido – o Brasil que Pedala (30’, Renata Falzoni, 2019) + Explorando as Ruas de Estocolmo (13’, Clarence Eckerson Jr., 2014); 17h00 – A Rainha Bicicleta (52’, Laurent Védrine, 2013); 18h30 – As Bicicletas de Belleville (80’, Sylvain Chomet, 2004)

. Terça-feira, 26 – 18h00 – O Caminho das Nuvens (85’, Vicente Amorim, 2003); 20h00 – O Sonho de Wadjda (97’, Haifaa Al Mansour, 2012)

. Quarta-feira – 27 – 18h00 – As Pernas de Amsterdam (13’, Wytse Koetse, 2015) + A Alma de um Ciclista (74’, Nuno Tavares, 2021); 20h00 – Carrossel da Esperança (86’, Jacques Tati, 1949)

. Quinta-feira, 28 – 18h00 – As Bicicletas de Havana (6’, Ian Clark e Diego Vivanco, 2014) + Todos os Corpos na Bike (13’, Zeppelin Zeerip, 2020) + Mama Agatha (16’, Fado Hindash, 2015) + Pai e Filha (8’, Michael Dudok de Wit, 2000); 20h00 – A Rainha Bicicleta (52’, Laurent Védrine, 2013)

. Sexta-feira , 29/07 – 16h30 – Curtas clássicos: Os Pivetes (18’, François Truffaut, 1957) + Escola de Carteiros (15’, Jacques Tati, 1947) + O Garoto e a Bicicleta (27’, Ridley Scott, 1965); 18h00 – O Porta-Voz (13’, Dean Saffron, 2013) + O Homem que Vivia em sua Bicicleta (3’, Guillaume Blanchet, 2012) + Circulando pelo Enquadramento (17’, Cynthia Beatt, 1988); 20h00 – O Quadro Invisível (60’, Cynthia Beatt, 2009)

 

Mostra on-line:

Dia 29/7 – A Alma de um Ciclista (74’, Nuno Tavares, 2021)
Dia 30/7 – Bike vs Carros (91’, Fredrik Gertten, 2015)
Dia 31/7 – Sessão curtas: O Porta-Voz (13’, Dean Saffron, 2013) + Explorando as ruas de Estocolmo (13’, Clarence Eckerson Jr., 2014) + Todos os corpos na bike (13’21’, Zeppelin Zeerip, 2020)

 

Os longas e médias-metragens:

. “A Alma de um Ciclista” – Doc, Portugal, 2021, 74′. De Nuno Tavares. Através de um grupo de ciclistas “clássicos” e do seu interesse comum pela bicicleta, vamos descobrir valores que estão se perdendo na sociedade moderna, como a importância da amizade, da ecologia, da valorização do antigo, da rejeição ao consumismo e de outras premissas importantes para se alcançar uma vida mais simples e preenchida com o que realmente importa. Neste documentário, as bicicletas nos transportam para a descoberta e reflexão de outro estilo de vida, de novas relações pessoais, carregdas de humanismo, antítese da sociedade “virtual” em que vivemos.

. “Ladrões de Bicicleta” – Drama, Itália, 1948, 93′- De Vittorio de Sica – Desempregado, Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) está em estado de euforia, pois finalmente encontrou trabalho como colador de cartazes pela cidade de Roma, destruída pela guerra. Sua esposa Maria (Lianella Carell) vende os lençóis da família para resgatar a bicicleta dele de loja de penhor. Só assim, Ricci poderia assumir o posto de trabalho. Porém, o desespero toma conta do recém-empregado, quando sua bicicleta é furtada. Um primeiros longas a vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro.

. “No Rastro das Cargueiras” (Doc, Brasil, 2020, 71′ – De Carol Matias – Dona Caçula atravessa a cidade equilibrando metais e plásticos em cima de sua bicicleta cargueira. O filme apresenta as técnicas, as paisagens e as histórias do grupo de catadores-ciclistas no contrafluxo do consumo urbano em Brasília. A lata de refrigerante vazia pode ser só lixo na visão de quem a descarta, mas, para os catadores, é a matéria-prima de sua sobrevivência, diante do desemprego, desalento econômico e dificuldades sociais, sobretudo neste período de incertezas trazido pela pandemia do Coronavírus. É sobre isso (e muito mais) que trata esta produção brasiliense.

. “O Caminho das Nuvens” – Drama, Brasil, 2003, 85′ – De Vicente Amorim. Com Claudia Abreu, Wagner Moura e Carol Castro. O caminhoneiro Romão (Wagner Moura) está desempregado. Para sustentar a família – a mulher Rose (Cláudia Abreu) e seus cinco filhos – ele decide partir em busca de um local onde possa conseguir sonhado emprego, capaz de remunerá-lo com salário de R$ 1.000,00. Romão e familiares partem então numa jornada de 3.200 Km, saindo de Santa Rita, na Paraíba, até o Rio de Janeiro de bicicleta. Na viagem, os sete enfrentam a fome e a sede, a falta de dinheiro, de condições de viajar, de coragem de continuar. Algumas cenas são marcantes, como o empenho de Rose e seu filho do meio em descolar alguns trocados cantando “Como é Grande meu Amor por Você”, de Roberto Carlos.

. “O Garoto da Bicicleta” – Drama, Bélgica, 2011, 87′. De Jean-Pierre e Luc Dardenne. Com Cécile de France, Thomas Doret, Jérémie Renier – Cyril, um garoto de onze anos, foi deixado em orfanato. Ele acreditava que de forma temporária. Que o pai o buscaria. Ele se nega a creditar o pai o abandonou, mudou do apartamento e, até, vendeu sua bicicleta. Por acaso ele conhece a cabeleireira Samantha, que comprara a bike e resolve devolvê-la ao garoto. A pedido de Cyril, ela permite que ele viva com ela nos finais de semana. Juntos, Samantha e Cyril reencontram o pai do garoto, mas ele não quer mais ver o menino e pede que Samantha o adote.

. “Meu Segredo Italiano” – Doc, Itália, 2014, 92′. De Oren Jacoby. Com participação de Isabella Rossellini – Um fato heroico, quase perdido na história italiana, é resgatado neste filme. O ídolo ciclista Gino Bartali, o médico Giovanni Borromeo e outros italianos trabalharam com líderes judeus e funcionários da Igreja Católica, arriscando suas vidas ao desafiar os nazistas. O objetivo deles era salvar milhares de judeus que viviam na Itália. As lembranças em primeira pessoa dos sobreviventes são testemunhos comoventes de que a coragem pode prosperar mesmo nas circunstâncias mais sombrias.

. “As Bicicletas de Belleville” – Animação, França, 2004, 80′. De Sylvain Chomet – Champion (Michel Robin) é um menino solitário, que só sente alegria quando está em cima de uma bicicleta. Percebendo a aptidão do garoto, sua avó começa a incentivar seu treinamento, para fazê-lo um verdadeiro campeão e poder participar do Tour de France, principal competição ciclística do país. Porém, durante a disputa, Champion é sequestrado. Sua avó e seu cachorro Bruno partem então em sua busca, indo parar em uma megalópole local izada além do oceano, chamada Belleville. O filme tem um humor muito particular, elegante, de gags inventivas, de pouco ou nenhum diálogo.

. A Rainha da Bicicleta – Doc, França, 2013, 52′ . De Laurent Védrine – Amplamente adotada pelos franceses no dia seguinte ao seu surgimento, no final do séc. XIX, a bicicleta moderna é equipada com pneus, freios, pedais e corrente. Inicialmente uma atividade de lazer para ricos, rapidamente se democratizou graças à segunda revolução industrial, tornando-se produto acessível às classes populares. Virou sinônimo de revolução social. Em 1903, a criação do Tour de France transformou o ciclismo em esporte profissional popular, permitindo a jovens proletários fazer carreira. O período pós-guerra marcou declínio acentuado do ciclismo, em virtude da preferência dos franceses pelo automóvel. O carro para todos se transformou em cred o dos “Trente Glorieuses”. Somente em maio de 1968 e com o nascimento da Ecologia, a bicicleta experimentou retorno. O filme apresenta a história social e política da relação dos franceses com a bicicleta, de 1890 aos dias atuais, entre a modernidade, as lutas sociais e a ecologia política.

. “Bikes vs Carros” – Doc, Suécia, 2015, 91′. De Fredrik Gertten – Em tempos de crise generalizada, é necessário relacionar algumas discussões referentes ao clima, recursos naturais e cidades. A indústria automobilística cresce desenfreadamente. Ciclistas militantes buscam mudanças radicais na mobilidade nas grandes cidades. As diferenças do uso de bicicletas e de carros são gritantes na comparação entre algumas cidades, como São Paulo e Copenhague. Os carros atropelam pedestres e ciclistas em todos as partes do globo todos os dias, poluem o meio ambiente, provocam doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos, contribuem para o aquecimento do planeta — entre outros graves problemas — e ainda assim continu a havendo todo um sistema que os apoia e que impulsiona o crescimento desenfreado deles até o dia em que tudo entrará em colapso.

. “Carrossel da Esperança” – Comédia, França, 1949, 86′. De Jacques Tati – Em uma aldeia da França, um cinema é instalado. Um filme norte-americano sobre o serviço postal do país entra em cartaz. François (Jacques Tati), o antiquado carteiro do lugar, se esforça em aprender com os estadunidenses modernizaram o serviço postal de sua cidade. François é um carteiro distraído e frequentemente interrompe suas tarefas para conversar com os habitantes de sua cidade. Ele observa atenciosamente Marcel (Paul Frankeur) e Roger (Guy Decomble) montarem sua feira. Nos dias que se seguem à projeção do filme, François inicia uma nova jornada em sua bicicleta.

. “O Quadro Invisível” – Doc-Ensaio, Alemanha, 2009, 60′. De Cynthia Beatt. Com participação de Tilda Swinton – Em 1988, a realizadora Cynthia Beatt e a atriz Tilda Swinton embarcaram numa viagem fílmica ao longo do Muro de Berlim para criar o curta-metragem “Cycling The Frame”. O filme consistia em passeio metafísico de bicicleta, partindo do Portão de Brandemburgo, passando pelos subúrbios, lagos, campos e postos de controle. As duas observavam a insólita e opressiva estrutura de concreto que cercava Berlim Ocidental, cortando bairros e prédios, parecendo indestrutíveis na época. Um ano após as filmagens, o Muro foi aberto e o processo de reunificação da Alemanha começou. Mais de 20 anos depois, em 2009, Beatt e Swinton voltaram a se reunir e refizeram sua jornada, mas desta vez circulando pelos dois lados do muro destruído.

. “O Sonho de Wajda” – Drama, Arábia Saudita, 2012, 97′ – De Haifaa Al Mansour – Wadjda tem dez anos de idade e mora no subúrbio de Riade, capital saudita. Ela é uma garota teimosa e cheia de vida, que gosta de brincar com os garotos. Um dia, após disputa com o amigo Abdullah, ela vê bela bicicleta à venda. Wadjda gostaria de comprar a bike, para superar o colega em uma corrida, mas na sociedade conservadora na qual vive, não permite que garotas dirijam carros ou bicicletas. Ela decide então fazer de tudo para conseguir o dinheiro sozinha.

. “Porque Pedalamos” – Doc, Holanda, 2020, 110′ – De Gertjan Hulster, Arne Gielen – Para os holandeses andar de bicicleta é tão normal quanto respirar. Mas nem sempre foi assim. Até a década de 1970, o desenvolvimento da mobilidade urbana no paísparecia seguir as tendências de todo o mundo. O futuro pertencia ao carro. No entanto, a sociedade holandesa optou por tomar rumo diferente e a bicicleta passou a ser um símbolo do País. Mas quais são as necessidades mais profundas dos ciclistas? No documentário “Porque pedalamos” o diretor promove passeio com ciclistas comuns e especialistas de diversas disciplinas. As conversas revelam os efeitos do ciclismo nas pessoas, na sociedade e na organização das cidades. Participantes con tam a história da estrada acidentada que conduziu ao estado atual, no qual o ciclismo é escolha óbvia da maioria.

. “Velotopia” – Doc em ritmo de comédia, França, 2012, 52′ – De Erik Fretel – O fim do mundo está próximo: crises de matérias-primas, financeiras, políticas e sociais. Mas a solução está diante dos nossos olhos! Divertido, glamoroso, sexy: a bicicleta, uma fonte de felicidade para salvar a humanidade! Uma docu-comédia sobre os benefícios da bicicleta como meio de transporte, para devolver seu título de nobreza à pequena rainha.

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