Prêmio Almanaque: “Espelho”, com Lázaro Ramos

O Prêmio Almanaque desta edição vai para o programa “Espelho”, de Lázaro Ramos, apresentado semanalmente no Canal Brasil. Em especial, para o “Espelho” dedicado a Ana Maria Gonçalves, autora do romance “Um Defeito de Cor”. Paulo Betti e Lázaro tornaram-se os mais ativos divulgadores deste livro de fartas 952 páginas e nome fascinante. No início do programa, o apresentador disse à escritora que faria o que não costumava fazer com seus entrevistados: confessar-se fã dela. Depois da confissão, os espectadores assistiram a uma conversa densa, bem informada, amorosa. De ambas as partes. E metalinguística, mas sem exibicionismos. Em determinado momento do “Espelho”, Ana Maria afirmou ser “fictícia” a personagem central do livro, Kehinde, africana vendida como escrava, que viveu no Brasil e, aqui, teria dado à luz um filho, o abolicionista Luiz Gama (1830-1882). Lázaro, pego de surpresa, protestou docemente. Contou que lera o livro como se Kehinde fosse de carne e osso, um personagem real de nossa História. O apresentador, em tom de brincadeira, disse que retiraria aquele trecho da edição final do “Espelho”. Não retirou, claro. No plano da linguagem, o programa de Lázaro é dinâmico, usa recursos gráficos sem ser abusivo e aposta em belos enquadramentos. O recurso do uso de espelhos dá ótimos resultados ao programa. O livro “Um Defeito de Cor” foi comprado pela O2, de Fernando Meirelles, e deve virar minissérie para TV.

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