Mostra reúne obras de Cao Guimarães

Ver é uma Fábula – Mostra de Cao Guimarães entra em cartaz no Itaú Cultural no dia 28 de março e permanece até 1º de junho. Moacir dos Anjos, o curador, e Marta Bogéa, a arquiteta da exposição, seguem o rastro inquieto do artista e oferecem uma mostra inusitada em que nenhuma obra é apreciada de forma estática. Os 21 vídeos, filmes e fotografias – estas apresentadas em slide show – se movimentam constantemente em uma espécie de coreografia audiovisual temporal e espacial.

A mostra se estende ainda a um ciclo de filmes de longas-metragens, exibidos na sala Itaú Cultural. O artista também faz workshop com uma participação de O Grivo, cuja música tem forte presença em sua obra, e que também faz uma apresentação na sala Itaú Cultural.

Todos esses trabalhos já foram vistos isoladamente em exposições nacionais e internacionais. No entanto, é a primeira vez que elas estão juntas em uma exposição antológica.

O nome da mostra foi tomado emprestado do livro Catatau, de Paulo Leminski, no qual a noção de que ver é uma fábula implica o poder particular de cada um para formatar as suas histórias.

A aventura pelo mundo de Cao pode começar no vão da escada que liga o hall de entrada ao piso 1 onde está Sculpting, primeiro de uma série de vídeos, fotos, textos e um filme de longa-metragem sobre o vento, que provoca uma reflexão sobre a escultura. Em uma sala fechada do piso abaixo (-1), é transmitida a única vídeo instalação da exposição Histórias do Não Ver. Com quase 25 minutos de duração, é resultado de uma série de ações do artista realizadas entre 1996 e 1998, em diversas cidades do mundo, onde ele pediu para as pessoas o sequestrarem. De olhos vendados e sem nenhuma informação sobre os lugares a que era levado, registrou suas impressões sensoriais em fotografias e relatos dos sequestros que deram origem a essa obra.

Como uma extensão da exposição de obras do artista, o ciclo de filmes traz oito longas-metragens realizados pelo cineasta. Vale destacar a projeção de Ex-Isto (86′) para cuja criação Cao se inspirou justamente em Catatau, de Leminski. Nele, o poeta curitibano imaginou o poeta René Descartes chegando ao Brasil com Maurício de Nassau. No filme, o personagem interpretado por João Miguel aventura-se pelos trópicos sob o efeito de ervas alucinógenas.

Em A Alma do Osso (74’), ele revela, aos poucos, a existência aparentemente isolada de Dominguinhos, 72 anos, um ermitão que vive numa caverna encravada numa montanha de pedra. Acidente (72’) tem como corpo rítmico um poema composto por 20 nomes de cidades de Minas Gerais. Andarilho (80’) é sobre a relação entre caminhar e pensar.

Elvira Lorelay Alma de Dragón (61’) acompanha a vida de uma cartomante uruguaia e os contrastes desse ofício milenar que lida com o destino das pessoas, inserido na sociedade contemporânea sedenta por respostas rápidas. Em uma celebração à vida e ao amor, Otto (71’) acompanha a gravidez da mulher de Cao e o nascimento do filho. O Fim do Sem Fim (92’), é um documentário sobre o eminente desaparecimento de certos ofícios e profissões no Brasil. Rua de Mão Dupla (75’) trata da realidade do indivíduo urbano que vive só.

Dentro do evento ainda, de 9 a 11 de maio (das 14h às 17h30), Cao Guimarães realiza um workshop. Com informações da trajetória pessoal, traça um panorama histórico de suas obras e, com base nos trabalhos expostos no Itaú Cultural e em outras obras, fala da relação entre seu cinema e as artes plásticas.

No dia 10, tem participação especial do O Grivo comentando a construção das trilhas nos filmes. Formado por Nelson Soares e Marcos Moreira, O Grivo trabalha com a pesquisa de fontes sonoras acústicas e eletrônicas, com a construção de máquinas e mecanismos sonoros, e com a utilização, não convencional, de instrumentos musicais tradicionais. Há uma forte presença de trilhas sonoras deles nas obras de Cao Guimarães.

Dois dias antes – quarta-feira, 8, às 20h – eles fazem uma apresentação na sala Itaú Cultural, quando executarão trilhas sonoras ao vivo sobre projeções de alguns curtas de Cao – entre eles, trabalhos criados em conjunto com o artista especialmente para esse espetáculo.

Programação

MARÇO

Dia 28
18h30 – Rua de Mão Dupla
20h30 – A Alma do Osso

Dia 29
18h30 – Elvira Lorelay Alma de Dragón
20h30 – O Fim do Sem Fim

Dia 30
16h – Acidente
18h – Ex Isto

Dia 31
16h – Andarilho
18h – Otto

ABRIL

Dia 27
14h – Rua de Mão Dupla
16h – A Alma do Osso
18h – Acidente
20h – Ex Isto

Dia 28
14hElvira Lorelay Alma de Dragón
16h – O Fim do Sem Fim
18h – Andarilho
20h – Otto

MAIO

Dia 23
18h30 – Rua de Mão Dupla
20h30 – A Alma do Osso

Dia 24
18h30 – Elvira Lorelay Alma de Dragón
20h30 – O Fim do Sem Fim

Dia 25
16h – Acidente
18h – Ex Isto

Dia 26
16h – Andarilho
18h – Otto

 

Ver é uma Fábula – Mostra de Cao Guimarães
De 28 de março a 1 de junho
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábs. doms. e feriados, das 11h às 20h
Entrada franca
Classificação indicativa: livre
Estacionamento com manobrista: R$ 14 uma hora; R$ 6 a segunda hora; e mais R$ 4 p/ hora adicional
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado      

Ciclo de filmes de Cao Guimarães
De 28 a 31 de março;  25 a 28 de abril e 23 a 26 de maio
5ª feira e 6 ª feira sessões às 18h30 e 20h30
Sábados e domingos, às 16h e 18h
Salta Itaú Cultural (247 lugares)

Apresentação de O Grivo
8 de maio
4ª feira às 20h
Sala Itaú Cultural

Workshop Cao Guimarães
De 9 a 11 de maio, das 14h às 17h30
Com participação de O Grivo no dia 10
Vagas: 20
Inscrições abertas a partir de 22 de abril pelo telefone 2168-1876
Sala Vermelha

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777
www.itaucultural.org.br

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