A Conquista do Inútil
O diário de Werner Herzog, “A Conquista do Inútil” (Editora Martins Fontes), escrito durante as filmagens de “Fitzcarraldo, o Preço de um Sonho”, realizado na floresta Amazônica, em 1981, não trata das filmagens, mas de um relato existencial sobre os momentos em que Herzog nada tinha para fazer e refletia sobre sua vida e as coisas e as pessoas à sua volta.
Trata-se de um relato subjetivo, uma observação do mundo novo sob o ponto de vista do europeu, que a todo o momento se espanta com o comportamento dos latinos. O mais importante fica por conta de seus relatos sobre o vazio que sentia nas filmagens na selva, quando tudo parecia estar em perfeita harmonia. “Hoje pela manhã acordei para um horror que até então não conhecia: eu me via totalmente desprovido de sentimentos. Tudo desaparecera, me sentia vazio, sem dor, sem alegria, sem anseios, sem calor, amizade, fúria, ódio”, confessa Herzog.
Se não é um livro sobre o filme, é sobre o cinema, e, sobretudo uma radiografia de um cineasta que explora, em seus livros e filmes, os limites da natureza humana.