Antologia pernambucana

O cinema pernambucano vive, desde 1996, quando o Festival de Brasília consagrou “Baile Perfumado”, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, duas décadas de ouro. Cineastas como Cláudio Assis (“Amarelo Manga”), Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”), Kleber Mendonça (“O Som ao Redor”), Camilo Cavalcante (“A História da Eternidade”) e Gabriel Mascaro (“Ventos de Agosto”) reforçam a fama do Estado. Agora, quem quiser conhecer a história do cinema pernambucano, que conheceu outra era de ouro na fase muda, e os curtas que serviram de meio de expressão e escola a meia centena de realizadores, poderá consultar, em bibliotecas, casas de cultura e universidades, a coleção “Antologia Cinema Pernambucano” (vinte DVDs agrupados em nove volumes), organizada e produzida por Germana Pereira e Isabela Cribari, com curadoria de Rodrigo Almeida. Foram reunidos quase 180 filmes, a maioria absoluta de curta duração. Há também médias-metragens como “Eu Vou de Volta”, de Cláudio Assis e Camilo Cavalcante. E longas da era muda: “Aitaré da Praia”, de Gentil Ruiz, e “A Filha do Advogado”, de Jota Soares. No terreno do curta, está a força motriz do projeto. Há filmes badaladíssimos como “That’s a Lero Lero”, de Lírio Ferreira e Amin Stepple, “Simião Martiniano”, de Clara Angélica e Hilton Lacerda, “Superbarroco”, de Renata Pinheiro, “O Homem da Mata”, de Antônio Carrilho, “Acercadana”, de Felipe Calheiros, e “Recife Frio” e “Eletroméstica”, de Kleber Mendonça. E há filmes menos conhecidos nacionalmente, mas que marcaram a produção local, como os super-8 de Jomard Muniz de Brito e documentários do veterano Fernando Spencer. Três títulos não podem ser esquecidos: “A Cabra na Região Semi-Árida”, de Rucker Vieira (1962), “História de Amor em 16 Quadros por Segundo”, de Spencer e Amin Stepple (1999), e “Janela Molhada”, de Marcos Enrique Lopes (2010). Amin, há que se registrar, é o cérebro pensante do Árido Movie. O curador da coleção agrupou os quase 180 filmes sob três conceitos: Cinema-Transcinema, Câmera-Cidade e Árido Movies. Germana e Cribari avisam, convictas, que a “antologia é ampla, controversa e polêmica. Como a vida”. Poderiam ter acrescentado: quem discordar, que produza uma nova seleção. Anos atrás, a Bahia também realizou projeto de igual envergadura. É chegada a hora de Ceará e Paraíba, dois Estados com significativa produção audiovisual no Nordeste, lançarem suas caixas.

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