Galeano por Birri

A morte do uruguaio Eduardo Galeano, autor do livro de cabeceira de muitos jovens brasileiros (“As Veias Abertas da América Latina”, 1971), deixou imensa lacuna. Ele mesmo fazia críticas ao livro que o consagrou. E seguia escrevendo outros e mais outros volumes. Um deles (“Futebol ao Sol e à Sombra”, 1995) causou também grande emoção nos leitores brasileiros, em especial, os boleiros. Quem quiser reencontrar a obra de Galeano e conviver com suas tiradas espirituosas-e-afetivas poderá fazê-lo assistindo a dois projetos audiovisuais: o longa-metragem “El Siglo del Viento”, do mestre argentino Fernando Birri, e a série em treze capítulos, “A Vida Segundo Galeano”, produzida pelo Canal Encuentro. “O Século do Vento” foi realizado em 1999, como documentário contaminado por todas as liberdades possíveis. O próprio Galeano atua como narrador desta saga da América do século XX, inspirada no último volume de “Memórias do Fogo”.

Birri, que acaba de completar 90 anos, foi amigo muito próximo de Galeano. O amor pela América Latina e fino senso de humor os uniu. Já a série de TV “A Vida Segundo Galeano” desenhou, tendo o escritor como mestre de cerimônia, envolvente série de programas dedicados a temas que o apaixonavam: as mulheres, o futebol, a poesia, a escrita em primeiro pessoa, os primeiros americanos (os índios, claro), os filhos da África (para cá trazidos como escravos), os zé-ninguém, as crianças, as memórias e desmemórias.

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