Festival de Curitiba exibirá filme perdido de Glauber Rocha

O 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que acontece de 10 a 18 de junho, na capital paranaense, exibirá uma extensa e especial programação de 91 filmes de 32 países, curtas e longas-metragens, inéditos e clássicos restaurados, além de importantes discussões e mesas de debates. A sessão de abertura, marcada para as 20h30 desta quarta-feira, 10 de junho, exibirá “Rabo de Peixe”, documentário português inédito no Brasil dirigido por Joaquim Pinto e Nuno Leonel, a mesma dupla do premiado “E Agora? Lembra-me?”.

Dentro da programação, chama a atenção um trabalho de arqueologia cinematográfica empreendido pelo próprio festival. Trata-se do filme “A Vida é Estranha”, com Glauber Rocha, um registro de viagem que jamais veio a público, e que será mostrado em primeiríssima mão no evento.

Tudo começou quando Cristiano Castilho, jornalista da Gazeta do Povo, entrevistou a cantora e musicista novaiorquina Mossa Bildner, atualmente morando em Curitiba. Na entrevista, Castilho ficou sabendo que Mossa foi namorada de Glauber Rocha nos anos 70, quando ambos viajaram para Marrocos e registraram o passeio na antiga bitola Super 8. A produção do Olhar de Cinema, alertada e incentivada por outro jornalista paranaense, Paulo Camargo, fez contato com Mossa, e teve acesso ao material filmado, armazenado numa única fita VHS, há anos esquecido numa prateleira.

A oportunidade era única e imperdível: digitalizar o arquivo e exibi-lo no Olhar de Cinema 2015. Com produção de William Biagioli, Alexandre Rogoski ficou responsável pelo som do filme, finalizado em 5.1. Guilherme Delamuta realizou a correção de cores e a restauração digital, enquanto Pedro Giongo confeccionou, a mão, as novas cartelas que constam no filme, tudo sob a supervisão de Mossa.

O resultado é “A Vida é Estranha”, 39 minutos jamais exibidos em público, trazendo imagens da viagem de Glauber e Mossa pelo Marrocos, mais especificamente pela cidade de Essaouira, no litoral do Atlântico. Há cenas também de Madri, Marrakech e de Casablanca. Entre várias imagens raras, há uma cena onde Glauber apara sua imensa barba num barbeiro marroquino, além de várias tomadas feitas pelo próprio cineasta baiano.

O som do filme é composto por músicos marroquinos, amigos de Mossa, que tocam um estilo de música chamada Gnawa Lila, além de uma poesia de Clarice Lispector musicada pela diretora.

O festival apresentará também uma retrospectiva especial de Jacques Tati. Em cópias digitais restauradas exibidas pela primeira vez no Brasil, a Mostra Olhar Retrospectivo – Jaques Tati exibirá 13 filmes dirigidos e interpretados pelo mestre francês, entre longas e curtas-metragens.

O Olhar de Cinema trará também convidados internacionais e uma programação exclusiva de filmes icônicos da história do cinema dentro da nova Mostra Olhares Clássicos, que exibirá obras de Elia Kazan, Nicholas Ray, Roberto Rosselini, Jean Cocteau, Andrea Tonacci e Hayao Miyazaki. Entre os convidados internacionais, já estão confirmadas as presenças da mexicana Eva Sangiorgi e do israelense radicado em Paris Ariel Schweitzer, que comporão o júri da Mostra Competitiva ao lado do cineasta brasileiro Rodrigo Grota.

E com foco na reflexão sobre o desenvolvimento e viabilização de projetos e também nas possibilidades comerciais de filmes, o Encontros de Negócios do festival (composto por palestras, estudos de casos, debates, encontros) tem como público alvo empresas produtoras e profissionais de cinema. A inscrição é gratuita para até dois participantes por empresa.

Já o Seminário de Cinema terá como foco a reflexão sobre a linguagem cinematográfica e diálogos da expressão dessa linguagem com a sociedade A entrada é gratuita, e não necessita de inscrição prévia. Já estão confirmados nomes como: Lisandro Alonso, Stéphane Goudet, Nathan Silver, Pablo Vilaça, Ariel Schweitzer, Eduardo Valente, e vários outros.

 

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