O Lobo e o Platino

Há filmes que vão aos poucos construindo seu espaço e mostrando sua relevância. Este é o caso de “O Lobo Atrás da Porta”, do discreto Fernando Coimbra. No Brasil, teve desempenho apenas razoável (pouco mais de 30 mil ingressos), mas colecionou troféus (no Festival do Rio, no Festival Melhores do Ano do CineSesc, no Prêmio Fiesp-Sesi). Conquistou também prêmios internacionais e foi o título brasileiro que mais indicações (cinco) recebeu da comissão ibero-americana que seleciona os pré-candidatos ao Prêmio Platino. Na hora da lista final, concorrendo com filmes de Espanha, Portugal e toda América Latina, só emplacou a vaga de melhor atriz. Leandra Leal estará em Marbella, na Andaluzia espanhola, disputando o prêmio com a vencedora do ano passado, a chilena Paulina García, com a cidadã do mundo Geraldine Chaplin, com a cubana Laura de la Uz, a argentina Érica Rivas e a venezuelana Samanta Castillo. Além de Leandra, o Brasil tem mais três filmes na disputa: “O Sal da Terra”, sobre Sebastião Salgado (finalista a melhor documentário) e as animações “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, vencedor do Festival de Annecy, meca do gênero, e “Até que a Sbórnia nos Separe”, do experiente Otto Guerra.

Mesmo assim, o Brasil continua sub-representado no prêmio de alcance ibero-americano. Um país pequeno como o Uruguai (menos de quatro milhões de habitantes e média de dez longas por ano) cravou oito indicações com “Mr. Kaplan”. Cuba cravou dez vagas (oito com “Conducta”, mais uma em animação, com “Meñique”, e filme de diretor estreante, com “Vestido de Noiva”). A Venezuela emplacou dez vagas (oito com o festejadíssimo “Pelo Malo”, mais trilha sonora para o badalado Gustavo Dudamel, por “Libertador”, e filme de estreante, “La Distancia mas Larga”). Espanha e Argentina lideram com, respectivamente, 13 e 11 indicações. Dois filmes vindos destes países (o castelhano “La Isla Mínima” e o portenho “Relatos Selvagens”) calaram fundo no amplo corpo de jurados montado pela Egeda + Fipca (Entidade de Gestão de Direitos Autorais e Federação Ibérica de Produtores de Cinema). Estes dois organismos contam, este ano, com um time de astros latinos que deve causar sensação no balneário espanhol: Antonio Banderas, o homenageado, mais Benício del Toro, Jorge Perugorría, Gael García Bernal (produtor de forte candidato a melhor documentário, “Quem É Dayani Cristal?”), o maestro Gustavo Dudamel e o compositor oscarizado Gustavo Santaolalla. A eles se somarão o fotógrafo Sebastião Salgado, a mais espanhola das norte-americanas Geraldine Chaplin e o alemão Wim Wenders.

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