Tahar Rahim, Argélia-França

Tahar Rahim tinha tudo para ser mais um jovem de origem árabe a crescer na periferia francesa. A paixão pelo cinema e um pouco de sorte mudaram seu destino. Ele é hoje um dos atores mais populares da França. Nascido numa imensa família (dez irmãos) argelina, em Belfort, resolveu procurar uma escola de cinema. Acabou sendo o foco de “Tahar, o Estudante”, documentário com um quê de ficção. Sua origem árabe o levou, em 2006, ao papel secundário de um talibã submetido a interrogatório em “O Relatório da Comissão – 9/11”. Depois, interpretou um policial em “A Invasora” e atuou na série de TV “La Comune”. Começou a chamar atenção. Mas o reconhecimento pleno – com dois prêmios Cesar, o de ator revelação e o de melhor ator, fato raro – veio com “O Profeta” (2009), longa de Jacques Audiard, no qual interpretou o delinquente Malik El Djebena, contracenando com o veterano e respeitadíssimo Niels Arestrup. Rahim não parou mais. Tem feito três ou quatro filmes por ano. Com Jean-Jacques Annaud, protagonizou “O Príncipe do Deserto”, épico sobre sheiks do petróleo, trabalhou com o chinês Lou Ye, em “Homens Livres”, com o anglo-saxão Kevin McDonald, em “A Legião Perdida”, com o iraniano Asghar Farhadi, em “O Passado”, e com o turco-alemão Fatih Akin, em “The Cut”.

O filme que o trouxe ao Brasil, para participar do Festival Varilux do Cinema Francês, foi a comédia dramática “Samba”, da dupla Eric Toledano e Olivier Nakache. A mesma que comandou uma das maiores bilheterias da história do cinema francês, “Intocáveis” (20 milhões de ingressos na França e um milhão no Brasil, onde também virou peça de teatro). Em “Samba” – protagonizado por Omar Sy, o senegalês que, em “Intocáveis”, cuidava do paraplégico milionário interpretado por François Cluzet – Tahar Rahim interpreta um imigrante “brasileiro”, cheio de malandragens e discurso verbal e corporal sedutor. Um estereótipo? Quem for ver “Samba”, que tem na trilha sonora duas composições brasileiras, sendo uma delas um sambalanço de Jorge Benjor, verá que não. O ator franco-argelino disse que se preparou para o papel “brasileiro” com um coach e uma fonoaudióloga. Nem precisava, pois os rumos de seu personagem na consistente trama de Toledano & Nakache (eles também, filhos de imigrantes) permitia qualquer tipo de improvisação. Tahar Rahim, que é casado com a atriz Leila Behkti, protagonizou, com a voluntariosa estrela Lea Seydoux, o drama “Grand Central”. Seus personagens viveram histórias de amor no entorno ameaçador de uma central nuclear. O filme teve boa aceitação no circuito de arte brasileiro. Mesmo caso de “O Passado”, do iraniano que conquistou o Oscar de melhor filme estrangeiro com o perturbador “A Separação”.

Quem quiser seguir a carreira do jovem astro francês (nascido em 1981) deve torcer para que seus novos filmes sejam lançados no Brasil. Caso de “Gilbraltar”, “The Cut”, “Père Noel” e “Les Anarchistes”.

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