Mostra Nossa Terra, nossa Voz estreia na Spcine Play
Treze filmes de diferentes partes do mundo, com estilos e formatos variados e um objetivo em comum: mapear e aproximar histórias de luta de povos espalhados por nosso planeta pelo direito à terra. É com essa proposta ambiciosa que a Mostra Nossa Terra, nossa Voz, com curadoria de Carol Almeida e Kênia Freitas, chega ao catálogo da Spcine Play para todo Brasil, de forma gratuita.
Produzida pela empresa carioca Caprisciana Produções, a mostra é formada por 5 longas e 8 curtas-metragens de diferentes países, obras em que, nas palavras das curadoras, “a demanda pela terra e a afirmação da própria voz unem-se de forma inseparável em reivindicações políticas e estéticas”. São documentários, ficções, filmes experimentais e animações que vão além da denúncia: reforçam as identidades de cada comunidade.
As obras selecionadas defendem, de formas poéticas, o direito à terra por meio de suas narrativas visuais e criações artísticas. Da Palestina aos Andes colombiano, passando pelo território Maxakali (entre os hoje denominados estados de Minas Gerais e Bahia, no Brasil); do México à zona da mata pernambucana, passando Favela da Prainha, no Guarujá/SP; do mar haitiano aos campos agrícolas do Mali, passando pela luta do Movimento sem Terra, no sul de Goiás.
O Brasil aparece em filmes que mapeiam lutas de populações nativas na zona da mata de Pernambuco (“Acercadacana”, de Felipe Peres Calheiros), no litoral paulista (“Estamos Todos Aqui”, de Chica Andrade e Rafael Mellim) e no sul de Goiás (“Chão”, de Camila Freitas), que a mostra relaciona com outras vivências.
Com olhar atento ao público infantil, dois delicados filmes integram a seleção: a animação brasileira “Mãtãnãg, a Encantada” (2019), de Shawara Maxakali e Charles Bicalho, que busca a ancestralidade em mitos e narrativas que estão na fundação do povo Maxakali, e o palestino “Um Filme Curto sobre Crianças” (foto, 2023), de Ibrahim Handal, que usa a imaginação infantil para desafiar fronteiras.
Entre as reflexões engajadas e/ou poéticas propostas sobre comunidades que tiveram seus territórios ancestrais invadidos ou que foram expulsas deles em processos colonizatórios ostensivos, a população palestina ganha atenção especial. Além do curta de Ibrahim Handal, cabe destacar “Ouroboros” (2017), de Basma Alsharif, que usa a montagem reversa para produzir a sensação de “eterno retorno”, e “Seu Pai Nasceu com 100 Anos, assim como o Nakba” (2017), curta experimental de Razan Al Salah, que reconstrói mapas de uma história com a ajuda de arquivos e da tecnologia.
Os filmes da mostra ficarão disponíveis durante um ano no catálogo da Spcine Play.