Debate de “Cidade de Deus – 10 Anos Depois”, por Maria do Rosário
O Espaço Itaú Frei Caneca SP viveu, ontem, uma noite única. Havia, lá quatro (pré) estreias e dois debates. Rodrigo Saturnino Braga, da Sony Pictures recebeu cineastas como André Klotzel, Lauro Escorel, Evaldo Mocarzel e Anibal Massaíni para a pré-estreia de CHICO, UM ARTISTA BRASILEIRO, de Miguel Faria Jr., que estreia no próximo dia 26. No mesmo horário, no Frei Caneca, LUIS DANTAS, fotógrafo, cineasta e professor da USP, apresentou e debateu seu primeiro longa ficcional: SE DEUS VIER QUE VENHA ARMADO. E parte do público assistiu a pre-estreia de SAMBA/JAZZ, longa documental sobre afinidades entre o samba brasileiro e o jazz de raízes profundamente “black” de New Orleans. Vi este filme, em poético preto e branco, no FESTIVAL IN-EDIT, meses atrás, em sessão seguida de ótimo debate, na Cinemateca Brasileira.
Com tantas atividades, pensei que não sobraria público para debater com FERNANDO MEIRELLES, CAVI BORGES e eu, Rô Caetano, o longa documental CIDADE DE DEUS 10 ANOS DEPOIS. Pois sobrou… e muito. Sala quase cheia se manteve no local até perto de uma hora da manhã, debatendo o filme de Cavi Borges e LUCIANO VIDIGAL. Pensamos num debate de 50 ou 60 minutos, devido ao adiantado da hora (o filme, que dura 69 minutos, teve sua sessão iniciada às 21h35). Pois o debate durou quase duas horas. Na foto, o editor (e um dos roteiristas) do documentário, ANDRÉ SAMPAIO, filho do montador cinemanovista SEVERINO DADÁ, o diretor CAVI BORGES, que foi lutador de jiu jitsu até tornar-se dono de locadora, produtor e cineasta, a jornalista Rô Caetano, e o cineasta e produtor FERNANDO MEIRELLES, diretor de CIDADE DE DEUS, lançado em setembro de 2012 e visto por público de 3,2 milhões de brasileiros. E vendido para diversos países do mundo.
MEIRELLES contou que, em 2025, portanto daqui a dez anos, ele recuperará os direitos internacionais sobre o filme (nos EUA estão com a Disney) e na Europa, com o Canal Plus.
CONTO A MAIS INCRÍVEL DE TODAS, que eu desconhecia, mesmo tendo escrito para a Coleção APLAUSO, da Imprensa Oficial de DP, o livro-depoimento FERNANDO MEIRELLES – BIOGRAFIA PRECOCE: LÁZARO RAMOS ia interpretar Mané Galinha, em “Cidade de Deus”. Os ensaios corriam à solta quando KARIN AINOUZ, que preparava MADAME SATÃ, percebeu, junto com SEU JORGE, que este não iria render dramaticamente o que necessitava na pele do transformista que fez a vida na Lapa carioca. Seu Jorge não se sentia confortável em cenas com outros homens (e ele já declarou em entrevistas que não conseguiria interpretar a complexa personagem do longa de Karim). AINOUZ E MEIRELLES se entenderam e trocaram os atores. LAZARO deixou Mané Galinha e tornou-se o protagonista de MADAME SATÃ, até hoje seu papel mais impressionante e arrebatador. E SEU JORGE transformou-se no sedutor Mané Galinha, cartão de visitas para sua carreira no cinema internacional. Incrível como o ACASO apronta as suas, não?
Por Maria do Rosário Caetano
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