Lázaro e Seu Jorge

O acaso prega peças inacreditáveis. Quem, hoje em dia, poderia imaginar a Madame Satã, de Karim Aïnouz, encarnada em Seu Jorge? Ou o Mané Galinha, de “Cidade de Deus”, na pele de Lázaro Ramos?

Durante debate recente sobre o documentário “Cidade de Deus – 10 Anos Depois”, de Cavi Borges e Luciano Vidigal, Fernando Meirelles contou que Lázaro seria Mané e Seu Jorge, Satã. Como os dois filmes foram realizados na mesma época (começo dos anos 2000), Lázaro foi escolhido para viver o sedutor personagem da “Cidade de Deus” e Seu Jorge para corporificar o transformista pernambucano que fez da Lapa carioca o seu reduto. Só que o cantor (e ator iniciante) não estava se sentindo bem na pele de Satã. O jeito foi sugerir a troca.

O experiente Lázaro, que vinha do Bando de Teatro Olodum, deixaria o elenco de Meirelles para protagonizar “Madame Satã” e seria substituído por Seu Jorge. A troca foi feita três semanas antes do início das filmagens e o resultado agradou a todos. Madame Satã tornou-se o papel mais impressionante e arrebatador da carreira de Lázaro. E Seu Jorge encontrou no sedutor Mané Galinha seu poderoso cartão de visitas para a carreira no cinema brasileiro e internacional, convidado que foi para atuar em “A Vida Marinha com Steve Sissou”, “Elipsis”, “Escapist”, “Casa de Areia”, “Carmo” e “Tropa de Elite 2”.

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