Só dá comédia
Nós, brasileiros, nos atormentamos com a óbvia opção de nosso grande público pelas comédias. Ou “globochanchadas”, como as definiu o cineasta Guilherme de Almeida Prado. Será tal opção uma exclusividade brasileira? Seríamos, por nossos baixos índices educacionais, um público pouco exigente?
Frente ao sucesso da comédia italiana “Funcionário Público” (Quo Vado?), de Gennaro Nunziante, estrelada por Checco Zalone, temos o conforto de descobrir que não é só por aqui que o gênero arrebenta a boca do balão. O filme peninsular está, para a Itália, na mesma medida em que a comédia azteca “Não Aceitamos Devoluções”, de Eugenio Derbet, está para o México: sucesso arrasador.
Nossos vizinhos argentinos também não restringem sua dieta de “tanques” ao gênero drama (caso de “O Segredo dos seus Olhos” e “O Clã”). A maior bilheteria da temporada, entre os hermanos, é a comédia “Me Casé com un Boludo” (ao pé da letra “Me Casei com um Babaca”, aqui rebatizado “Roteiro de Casamento”). O que deve preocupar o Brasil, mais que outros países, é a monocultura. O termo agrícola se aplica bem à fruição cinematográfica. Aqui, nos tempos que correm, o grande público só quer saber de comédias ligeiras.