Produtores independentes têm entidade renovada

A Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão, mais conhecida como ABPITV, mudou a sigla para BRAVI – Brasil Audiovisual Independente, neste segundo semestre, e ampliou o escopo de sua atuação, atendendo a um universo maior de empresas voltadas para a produção de conteúdo no país. Com isso, além de agregar um perfil mais abrangente de associados, a entidade também acompanha as mudanças da própria atividade dos seus membros, os quais diversificaram o seu plano de negócios nos últimos anos, atendendo às novas demandas do setor.

Segundo Mauro Garcia, presidente executivo da nova entidade, a BRAVI já conta com mais de 621 associados em todo o país e, boa parte deles, não mais se dedica apenas à produção independente de séries e programas para a televisão, embora com a criação da Lei 12.485, da TV Paga, o impulso nessa área tenha sido enorme. As produtoras, da mesma forma, se voltaram para conteúdos multiplataforma, com difusão mobile, web, vídeo sob demanda (VOD), além dos próprios filmes de curta e longa-metragem para cinema e produtos de publicidade.

Mudanças para aprimorar gestão 

A mudança do nome também convergiu com as alterações do estatuto da associação, que completou 17 anos em junho. O Conselho Federal foi ampliado de nove para 16 membros, sendo que 25% deles passaram a ser de fora dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, visando a uma descentralização das demandas e maior representatividade em todo o país. Outra novidade é a extinção dos cargos de presidente, vice-presidente e secretário geral desse conselho. De acordo com Garcia, essa nova configuração pretende evitar que os produtores se exponham tão diretamente e delega a função de representante legal somente ao presidente executivo da BRAVI, o qual não pode ser um produtor. A partir disso, ele se torna responsável pelas reivindicações em nome da classe, especialmente, junto aos demais órgãos, conselhos e comissões federais voltados para os interesses dos produtores.

Pelo novo texto, os 16 membros terão mandato de apenas três anos e, a cada renovação, quatro membros são substituídos. Assim, após quatro mandatos, toda a equipe será renovada, porém, dentro de um processo de transição gradual, capaz de manter um histórico das últimas atividades e dar prosseguimento às demandas que já estavam previstas.

Representando as produtoras no mercado internacional

Ao estender as atividades dos associados, a BRAVI também pretende, nos próximos anos, ampliar a oferta e sua participação em mercados e eventos internacionais voltados para o setor audiovisual, contemplando novas plataformas. Dessa maneira, o programa de exportação Brazilian TV Producers (BTVP) também deverá ser ampliado. No entanto, ainda não há uma previsão imediata para que esses novos mercados-alvo sejam definidos.

Sobre uma eventual fusão do Brazilian TV Producers com o Programa Cinema do Brasil – ambos projetos setoriais da Apex-Brasil para a exportação de conteúdo e cinema brasileiros, respectivamente –, tendo em vista essa ampliação do escopo da BRAVI, Garcia afirma que ainda não há nenhuma conversa nesse sentido. Para ele, a atuação dos dois programas ainda atende a demandas distintas.

Parceria com a Ancine

Com a proximidade de uma regulamentação do vídeo sob demanda no Brasil, a nova BRAVI também deverá atuar juntamente à Agência Nacional do Cinema (Ancine), contribuindo para o marco regulatório. Segundo Garcia, a entidade já acompanha essa discussão há bastante tempo e ficará ainda mais próxima a partir dessa ampliação de representatividade. Entretanto, se comparada à atuação decisiva da antiga ABPITV na articulação e aprovação da Lei da TV Paga, ele acredita que será um pouco menor, até porque esse marco regulatório deverá ser igualmente menor.

Na opinião de Garcia, as regras para o VOD terão um impacto mais significativo é na regulação dos direitos de propriedade, de equity, uma vez que as negociações, que hoje são realizadas com os canais, já preveem essa divisão, porém, com a normativa, essa divisão deverá ser rediscutida para melhor trabalhar a exploração comercial dos conteúdos e janelas de exibição.

Por Belisa Figueiró