Cinema & Futebol
Houve um tempo em que eram raros os filmes sobre futebol no cinema brasileiro. Agora, quando os direitos autorais e de imagem de atletas chegam à estratosfera, o quadro produtivo, paradoxalmente, vai ganhando em quantidade e qualidade. E pensar que, há alguns anos atrás, o produtor Rodrigo Teixeira tentou, mas não conseguiu, viabilizar a série “Camisa 13”, projeto de cinebiografias dos principais times de futebol do país. Pois, ano passado, Teixeira conseguiu pontuar o longa “O Filho Eterno”, que produziu para Paulo Machline, com imagens de quatro Copas do Mundo. Não com imagens disfarçadas. Mas sim com registros de grandes partidas e de estrelas do futebol, graças à parceria com a Rede Globo e a Fifa.
Times como o Corinthians contam, desde os festejos de seu centenário, com meia dúzia de longas-metragens para narrar sua história. O melhor deles é “1976, o Ano da Invasão Corinthiana” (Aidar e Boechat, 2016). O Santos tem dois filmes que registram suas glórias, um de Lina Chamie e outro de Katia Lund. O Palmeiras, campeão brasileiro de 2016, teve suas façanhas históricas registradas por Mauro Beting e Kim Teixeira. Flamengo e Botafogo sempre fascinaram cinegrafistas e foram registrados em filmes. O primeiro, por ser o time de maior torcida do Brasil, e o segundo, por ter sido, junto com o Santos de Pelé, a base de algumas das mais vitoriosas seleções brasileiras, além de time do craque Garrincha. Os gaúchos Internacional e Grêmio também já têm suas histórias narradas em filmes. E mesmo times de Estados menos poderosos, como a Bahia (graças ao divertido “Bahêa, minha Vida”) e o Pará (“Payssandu, 100 Anos de Payxão”), já emplacaram bons longas documentais. A outrora famosa Geral, torcida popular do Maracanã (que se colocava em espaço destruído pela reforma do estádio) deu origem a um filme fascinante: “Geraldinos” (Asbeg e Martins, 2016). Afonsinho, ex-jogador do Botafogo, é um privilegiado: viu sua rebeldia registrada em três longas (“Passe Livre”, “Trem da Alegria – Arte Futebol e Ofício” e, ao lado de Paulo César Caju e Ney Conceição, em “Barba, Cabelo e Bigode”). Só Pelé, razão de ser de “Pelé Eterno”, de Aníbal Massaíni, teve igual repercussão.