É Tudo Verdade anuncia seleção

De 19 a 30 de abril, o melhor do cinema documentário brasileiro e internacional ocupa as telas do Rio de Janeiro e São Paulo no É Tudo Verdade – 22º Festival Internacional de Documentários. Premiados e destaques participam a seguir de circuito de itinerâncias em Porto Alegre e Brasília.

Fundado e dirigido pelo crítico Amir Labaki, o festival conta com sete produções nacionais inéditas no país, selecionadas para a Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens, e nove, sendo seis inéditas no Brasil, para a Competição Brasileira de Curtas-Metragens.

Participam da Competição Internacional de Longas e Médias-Metragens 12 documentários inéditos no país, e da Competição Internacional de Curtas-Metragens, nove títulos igualmente aqui inéditos. Pela primeira vez, o festival apresenta uma Competição de Longas Latino-Americanos, com sete produções. As mostras informativas são: Projeções Especiais, O Estado das Coisas, Retrospectiva Internacional – 100: de Volta à URSS, Retrospectiva Brasileira: Sergio Muniz, Mostra É Tudo Verdade/BNDES, 16ª Conferência Internacional do Documentário É Tudo Verdade – Petrobras e É Tudo Verdade no Itaú Cultural.

O festival qualifica os curtas vencedores para inscrição direta junto a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood visando a disputa do Oscar de melhor documentário de curta-metragem.

A estreia mundial de Eu, meu Pai e os Cariocas – 70 Anos de Música no Brasil, de Lúcia Veríssimo, e a première latino-americana de Cidade de Fantasmas, de Matthew Heineman, farão as sessões de abertura do festival, respectivamente no Rio de Janeiro (19/4) e em São Paulo (20/4). Depois das sessões de abertura para convidados, ambos os filmes serão apresentados em projeções abertas ao público nas duas cidades que sediam o festival.

Confira os filmes selecionados para a 22ª edição do É Tudo Verdade:

COMPETIÇÃO BRASILEIRA: LONGAS OU MÉDIAS – METRAGENS

A Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens apresentará sete filmes – todos em estreia no país. O título vencedor conquista o Prêmio É Tudo Verdade, no valor de R$ 110 mil, e um troféu criado pelo artista Carlito Carvalhosa.

Cidades Fantasmas (Dir.: Tyrell Spencer, Brasil, 2017, 70 min.)

Em Humberstone (Chile), pouco restou da prosperidade do salitre. Perto da antiga Fordlândia (PA), casas de posseiros são os últimos sinais da cidade construída por Henry Ford. Armero (Colômbia), teve a população dizimada pela erupção do vulcão Nevado del Ruiz, em 1985. Vinte e cinco anos depois de uma inundação, ruínas da Villa Epecuén (Argentina) expõem os restos da velha estação de águas.

Em um Mundo Interior (Dir.: Flavio Frederico e Mariana Pamplona, Brasil, 2017, 75 min.)

Alternando entrevistas de médicos, terapeutas e testemunhos de pais, o documentário retrata a complexidade do universo do autismo – uma disfunção neurológica que afeta a linguagem e a parte motora e, especialmente, a interação com os outros. Retratando diversos personagens, o filme cria condições para que o espectador possa compartilhar as situações.

Maria – Não Esqueça que Eu Venho dos Trópicos (Dir.: Francisco C. Martins, Brasil, 2017, 80 min.)

Escultora, gravurista, pintora, desenhista e escritora, Maria Martins (1894-1973) foi uma mulher que desafiou o conformismo. Estudando escultura na Europa com Oscar Jespers, em Bruxelas, desenvolveu um talento que a aproximou do surrealismo. Depois radicada nos EUA, conhece Marcel Duchamp, com quem manteria uma ligação amorosa e artística de mútuas influências.

Mexeu com Uma, Mexeu com Todas (Dir.: Sandra Werneck, Brasil, 2017, 71 min.)

Reunindo depoimentos de vítimas e sobreviventes, o documentário coloca em pauta o abuso sexual. Depoentes como a farmacêutica Maria da Penha – que empresta o nome à lei de 2006 que criminaliza a violência contra a mulher –, a nadadora Joana Maranhão, a ex-modelo Luíza Brunet, a escritora Clara Averbuck e várias outras mulheres constroem suas narrativas.

Quem É Primavera das Neves (Dir.: Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, Brasil, 2017, 75 min.)

Em março de 2010, o cineasta Jorge Furtado escreve uma postagem em seu blog, indagando quem pode ter notícias sobre a tradutora Primavera das Neves, cujo nome o fascina. A busca o leva ao encontro deste documentário, em que é guiado por amigas de infância da tradutora, Eulalie Ligneul, e a artista plástica Anna Bella Geiger.

A Terceira Margem (Dir.: Fabian Remy, Brasil, 2016, 56 min.) 

Em 1953, treze anos depois do início da célebre “Marcha para o Oeste”, os indigenistas irmãos Villas-Boas encontram, entre os índios Caiapó, o jovem João Kramura, um branco roubado de seus parentes e criado na tribo. Através do índio Funi-ô Thini-á, reconstitui-se a história de João e também a do próprio Thini-á.

Tudo é Irrelevante. Helio Jaguaribe (Dir.: Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan, Brasil, 2017, 83 min.)

Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Helio Jaguaribe é um dos cientistas políticos mais importantes do Brasil. Pertencente a uma geração de intelectuais devotados a repensar o Brasil desde meados dos anos 1950, ele é um dos expoentes do nacional-desenvolvimentismo, que formulou teorias para um capitalismo autônomo no Brasil, apoiado na integração latino-americana.

 

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL: LONGAS OU MÉDIAS – METRAGENS

Doze longas-metragens inéditos no Brasil participam da Competição Internacional de Longas ou Médias-Metragens. O vencedor receberá um prêmio no valor de R$ 15 mil e o troféu É Tudo Verdade, criado pelo artista plástico Carlito Carvalhosa.

Abacus: Pequeno o Bastante para Condenar (Dir.: Steve James, EUA, 2016, 88 min.)

Diretor do premiado “Basquete Blues” (1994), Steve James mergulha no singular processo da família Sung de imigrantes chineses, donos do banco Abacus Federal Savings, acusados de fraude hipotecária em 2012 pelo procurador-geral de Nova York, Cyrus Vance Jr., na esteira da grave crise financeira de 2008.

Comunhão (Dir.: Anna Zamecka, Polônia, 2016, 72 min.)

Ola tem apenas 14 anos, mas é a chefe de uma pequena família disfuncional. Cuida de um pai destituído de senso de realidade, que só pensa em TV e cerveja, e de um irmão autista de 13 anos, Nikodem. A mãe vive com outro homem e um bebê. Ainda assim, Ola acredita que pode reunir sua família dividida.

A Copa dos Trabalhadores (Dir.: Adam Sobel, Reino Unido, 2017, 89 min.)

Imigrantes asiáticos e africanos que constroem os estádios e instalações da Copa do Mundo de 2022, no Catar, participam, em 2015, de um torneio de futebol. Pensado como jogada de marketing pelas companhias contratantes dos operários, o evento torna-se uma oportunidade para que o documentário revele os bastidores de inacreditáveis condições de vida e de trabalho.

Luz Obscura (Dir.: Susana de Sousa Dias, Portugal, 2017, 77 min.)

Assim como os filmes anteriores da diretora Susana de Sousa Dias, “Natureza Morta” (2005) e “48” (2010), a origem deste documentário encontra-se nos arquivos da PIDE, a polícia política portuguesa, que atuou de 1926 a 1974. Aqui, o ponto de partida é a fotografia de uma mulher com um bebê no colo, o que conduz a uma investigação sobre os familiares de Octavio Pato.

No Exílio: Um Filme de Família (Dir.: Juan Francisco Urrusti, México, 2016, 124 min.) – première internacional

O cineasta Juan Francisco Urrusti resgata a memória de sua família, sobrevivente da Guerra Civil Espanhola e refugiada no México, em 1939. Seus pais, uma tia e os quatro avós vieram num barco de carga, desfrutando, como milhares de outros exilados espanhóis, de acolhida calorosa numa época em que o México era governado pelo presidente esquerdista Lázaro Cárdenas.

No Tempo que Chegará (Dir.: Tan Pin Pin, Singapura, 2017, 62 min.)

Durante as comemorações do cinquentenário da independência de Singapura, a cineasta Tan Pin Pin acompanha a preparação de uma cápsula do tempo, que conterá objetos representativos desta era para o futuro. Ao mesmo tempo, processa-se a abertura de uma antiga cápsula, revelando artefatos de uma outra época que hoje exigem esforços de interpretação.

A Prisão em 12 Paisagens (Dir.: Brett Story, Canadá/EUA, 2016, 87 min.)

Recorrendo a situações filmadas em diversas regiões dos EUA, a cineasta canadense Brett Story compõe uma instigante reflexão sobre como a atual filosofia do encarceramento em massa naquele país – hoje com 2,2 milhões de detentos – penetrou cada aspecto da vida.

Paris é uma Festa – Um Filme em 18 Ondas (Dir.: Sylvain George, França, 2017, 96 min.)

Em busca de traçar uma nova cartografia social de Paris, o diretor Sylvain George recorre a alguns adolescentes estrangeiros em seus percursos pelas ruas da capital francesa, após os atentados que a sacudiram desde o final de 2015. Passam pelo crivo destes jovens discriminados paisagens, canções, violência de Estado, a revolta, a busca de expressão.

Perón, Meu Pai e Eu (Dir.: Blas Eloy Martínez, Argentina, 2017, 80 min.) – première mundial

Autor de livros como “Santa Evita” (1996), o escritor e jornalista argentino Tomás Eloy Martinez realizou, há 45 anos, uma mítica entrevista com o ex-presidente Juan Domingo Perón. Depois da morte do autor, em 2010, seu filho Blas Martinez recupera as gravações. Inicia, então, um mergulho não só na história de seu país como em sua própria vivência pessoal.

Relações Próximas (Dir.: Vitaly Mansky, Letônia/Alemanha/Estônia/Ucrânia, 2016, 112 min.)

De maio de 2014 a maio de 2015, o cineasta Vitaly Mansky viajou por diversas regiões da Ucrânia, visitando integrantes de sua família. A partir de conversas com a mãe, o avô e tias, aos poucos ele forma um mosaico das opiniões dos moradores do país sobre os desdobramentos da grave crise política que divide a nação desde novembro de 2013.

O Show da Guerra (Dir.: Andreas Dalsgaard e Obaidah Zytoon, Dinamarca/Noruega/ Síria, 2016, 100 min.)

Quando a Primavera Árabe chega à Síria, em 2011, a radialista e DJ Obaidah Zytoon e seus amigos começam a filmar, com suas câmeras e celulares, os protestos que tomam as ruas. Intuitivamente, captam em primeira mão os acontecimentos que iriam moldar a progressiva radicalização no país, finalmente destruído por uma guerra civil até hoje sem solução.

Uma Vida Alemã (Dir.: Christian Krones, Olaf Muller, Roland Schrotthofer e Florian Weigensamer, Áustria, 2016, 113 min.)

Funcionária da máquina administrativa nazista, Brunhilde Pomsel (1911-2017) foi secretária e estenógrafa pessoal do ministro de Propaganda, Joseph Goebbels. Neste documentário despojado, em preto-e-branco, ela fala de seu trabalho, que incluía, entre outras coisas, maquiar estatísticas. Apesar disso, ela nega qualquer sentimento de culpa.

 

COMPETIÇÃO BRASILEIRA: CURTAS-METRAGENS

A Competição Brasileira de Curtas-Metragens exibirá nove filmes. O vencedor receberá um prêmio no valor de R$ 10 mil e o troféu É Tudo Verdade, criado pelo artista plástico Carlito Carvalhosa.

Bênção (Dir.: Guilherme Reis e Marcelo Reis (in memoriam), Brasil, 2016, 18 min.)

Documentário registra o cotidiano da benzedeira Dalila Senra Fabrini, de 97 anos. Moradora do bairro Santa Mônica, em Belo Horizonte, ela passa seus dias em oração, à espera que cheguem os clientes, pessoas que buscam sua benção para problemas tão distintos como bronquite, doenças de pele, dor no joelho, desemprego e a inveja alheia.

Boca de Fogo (Dir.: Luciano Pérez Fernández, Brasil, 2017, 9 min.)

Na cidade de Salgueiro (PE), os torcedores de futebol, na arquibancada, enfrentam o desconforto em busca das emoções dos jogos de futebol locais. Eles acompanham, pelo rádio, o comentarista Boca de Fogo, com sua voz poderosa e dicção inconfundível, tornando mais eletrizante cada lance das disputas. Mesmo que ele não possa ver cada um deles.

Candeias (Dir.: Reginaldo Farias e Ythallo Rodrigues, Brasil, 2017, 20 min.)

Filmado ao longo de cinco dias, entre 29 de janeiro e 2 de fevereiro de 2016, o curta retrata a dimensão da romaria de Nossa Senhora das Candeias, em Juazeiro do Norte (CE), que abre todos os anos o ciclo de romarias na terra de Padre Cícero. Imagens desta verdadeira maré humana nas ruas em momentos impressionantes, como a Procissão das Velas, povoam o filme.

Cópia Própria (Dir.: Ian Schuler, Brasil, 2017, 14 min.)

Mergulhados na profusão de imagens que definem nosso mundo, buscamos conhecer a versão real, original, de cada uma delas – mas tudo o que encontramos é o mar de suas cópias. Nosso próprio olhar, afinal, é uma cópia.

Festejo Muito Pessoal (Dir.: Carlos Adriano, Brasil, 2016, 9 min.)

Tendo como ponto de partida o artigo “Festejo muito pessoal”, escrito em 1977 pelo crítico e professor Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977) e publicado postumamente, este ensaio poético estrutura-se com uma reapropriação de arquivos – evocando não só trechos de filmes citados no texto de Paulo Emílio, como de outros evocados a partir de afinidades diversas.

Improviso Ambulante (Dir.: Leandro Aragão, Brasil, 2017, 19 min.)

O documentário investiga o fenômeno da improvisação, procurando superar os preconceitos em torno de sua aparente precariedade. Explora-se a ideia de que o ato de improvisar possa ser, antes de mais nada, um mecanismo inerente à natureza humana no sentido de buscar soluções e recursos novos, criando novos saberes, científicos ou não.

A Lembrança que Eu Gosto de Ter (Dir.: Filipe Carvalho, Brasil, 2017, 28 min.)

Um homem retorna ao sertão pernambucano, na zona rural de Caruaru, onde viveu num sítio, até os 12 anos de idade. Gradativamente, por meio das próprias reminiscências e do encontro com personagens locais, vão ressurgindo os contornos mais definidos de memórias de sentimentos diversos.

Manual (Dir.: Letícia Simões, Cuba/Brasil, 2016, 7 min.)

A cineasta Letícia Simões passou o primeiro semestre de 2016 frequentando o mestrado na Escuela Internacional de Cinema y TV, em San Antonio de los Baños, Cuba. O resultado está neste curta, em forma epistolar, em que ela conta à mãe suas impressões sobre o país, diante da iminência de grandes transformações e do que restará da revolução socialista de 1959.

Se Você Contar (Dir.: Roberta Fernandes, Brasil, 2017, 29 min.)

Seguindo o dispositivo do documentário “Jogo de Cena“, de Eduardo Coutinho, cinco mulheres dispõem-se a contar experiências de abuso sexual, sofridas por elas mesmas ou outras que não conseguiram expor-se diante da câmera. O filme retrata oito histórias que têm em comum detalhes impactantes, como o fato de que a maior parte dos casos não chega à polícia.

 

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL: CURTAS-METRAGENS

A Competição Internacional de Curtas-Metragens exibirá nove filmes inéditos no país. O vencedor receberá um prêmio no valor de R$ 8 mil e o troféu É Tudo Verdade, criado pelo artista plástico Carlito Carvalhosa.

Os vencedores das Competições Brasileira e Internacional de Curtas-Metragens qualificam-se para serem examinados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de melhor curta documental. É Tudo Verdade é o único festival sul-americano a merecer este status.

O Acervo (Dir.: Adam Roffman, EUA, 2016, 11 min.) – première internacional

Dois amigos descobrem um formidável acervo de objetos ligados ao cinema num lugar inusitado, em Omaha, Nebraska. Terceiro curta documental do diretor Adam Roffman, depois de “Spearhunter” (2015) e “All the Presidents’ Heads” (2016).

Casa à Venda (Dir.: Emanuel Giraldo, Cuba/Colômbia, 2016, 13 min.)

Após a suspensão da proibição de venda de imóveis que vigorou por mais de 50 anos em Cuba, proprietários de casas preparam-se para dar início a um incipiente mercado imobiliário. Três famílias abrem as portas de seus lares, como diante de compradores em potencial, declinando os aspectos que, a seu ver, poderiam funcionar como chamariz.

O Cuidador (Dir.: Joost van der Wiel, Países Baixos, 2016, 22 min.)

Há mais de 60 anos, o clínico-geral Nico van Hasselt mantém uma rotina de realização de dez atendimentos domiciliares, em média, por dia, num bairro de Amsterdã. Desde 1989, essa sua forma individualizada de praticar a medicina vem sendo confrontada por operadoras de planos de saúde. Mesmo com mais de 90 anos de idade, ele resiste à pressão.

Olhos nos Olhos (Dir.: Angelo Caperna, França, 2016, 22 min.) – première mundial

Uma câmera capta uma cena intimista no meio do trânsito e do barulho de uma grande cidade: uma moça e um rapaz descobrem a atração um pelo outro. Tendo como cenário o ambiente despojado dos conjuntos habitacionais, eles andam, param, conversam. O tempo parece suspenso entre os corpos, enquanto eles buscam uma forma de encurtar a distância.

Polonesa (Dir.: Agnieszka Elbanowska, Polônia, 2016, 16 min.)

No interior da Polônia, o centro cultural da pequena cidade de Aleksandrow Kujawski vai sediar uma singular competição artística em torno do tema da “atitude patriótica”. Os candidatos podem optar por qualquer forma de expressão, música, performance, oratória, teatro ou recitação, desde que se trate de um trabalho próprio e original.

Radiovisão (Dir.: Gregor Zupanc, Igor Simić, Jelena Milunovic e Miloš Tomić, Sérvia, 2016, 25 min.)

Dos arquivos de uma das rádios públicas mais antigas da Europa, a rádio Belgrado, saíram as nove histórias que serviram de base a esta animação, pesquisadas entre as inúmeras entrevistas gravadas entre os anos 1950 e 1990 e protagonizadas por alguns dos maiores escritores, artistas e intelectuais da antiga Iugoslávia e da Sérvia.

Spielfeld (Dir.: Kristina Schranz, Alemanha, 2016, 27 min.) – première internacional

A pequena cidade de Spielfeld, com cerca de 1.000 habitantes, teve seu tranquilo cotidiano drasticamente abalado quando, no inverno de 2015, cerca de 100 mil refugiados atravessaram a fronteira austríaca sem nenhum tipo de controle. Como resposta, o governo apresentou o que chamou de “plano moderno de manejo de fronteiras”.

A Sibéria Não é Tão Gélida (Dir.: Isabel Coixet, Espanha, 2016, 20 min.)

Quando a cineasta catalã Isabel Coixet viaja pelo interior da Sibéria, para participar do júri de um festival de cinema, acontecem-lhe coisas inusitadas. Ela é tomada por sonhos estranhos e encontra um homem, de aparência amável, que lhe entrega uma sacola cheia de fotografias. Em cada uma delas, anotou cuidadosamente a data e o local onde foram tiradas.

Territórios Extraordinários (Dir.: Diego Lumerman, Argentina, 2016, 25 min.)

Partindo das alturas do vulcão Domuyo, apresenta-se as paisagens e personagens de Neuquén, ao norte da Patagônia argentina. Percorrendo os picos e vales da Cordilheira do Vento, veem-se áreas naturais de difícil acesso, territórios protegidos e também os largos espaços onde velhos habitantes do local desenvolvem atividades como criação de gado e mineração.

 

COMPETIÇÃO LATINO-AMERICANA

Nesta 22ª edição do É Tudo Verdade, o júri internacional atribuirá também um prêmio para o melhor documentário de longa-metragem latino-americano. Sete produções concorrem à premiação na nova categoria: 4 selecionados exclusivamente para a disputa, além de dois títulos da Competição internacional e um da Competição brasileira. O vencedor receberá um prêmio no valor de R$ 10 mil e o troféu É Tudo Verdade, criado pelo artista plástico Carlito Carvalhosa.

Atentamente (Dir.: Camila Rodríguez Triana, Colômbia, 2016, 80 min.)

No ambiente despojado de uma residência de idosos, Libardo e Alba começam a viver uma história de amor. A partir da descoberta de seus sentimentos, tudo o que pensam é em estar juntos. Torna-se uma obsessão para eles encontrar formas de juntar dinheiro que lhes permita pagar uma noite num hotel para que desfrutem de uma intimidade impossível na instituição.

O Esquecimento (Im)possível (Dir.: Andrés Habegger, Argentina/ Brasil/ México, 2016, 86 min.)

O cineasta argentino Andrés Habegger realiza uma viagem profundamente pessoal neste documentário, em busca de resgatar memórias e informações sobre seu pai, Norberto Habegger, jornalista e militante no Brasil, em 1978, numa operação conjunta entre militares argentinos e brasileiros.

Rito de Passagem (Dir.: Maite Alberdi, Chile, 2016, 83 min.)

Um grupo de amigos com síndrome de Down, na faixa dos 50 anos, encara um momento de mudança. Frequentando a mesma escola, com as mesmas rotinas há quatro décadas, já não podem contar com seus pais. Todos sonham em encontrar um trabalho, ter uma vida independente e formar família.

Ruínas Seu Reino (Dir.: Pablo Escoto, México, 2016, 65 min.)

Colocando-se dentro de um pequeno barco de pesca artesanal, o diretor Pablo Escoto compartilha o cotidiano de pescadores que extraem o sustento das águas do Golfo do México. Em ritmo de ensaio poético, o filme retrata condições de trabalho fisicamente exaustivas, mas também momentos de contemplação de intensa beleza, passados entre o céu e o mar.

Da competição de longas e médias-metragens brasileiros:

Cidades Fantasmas 

Da competição de longas e médias-metragens internacionais:

No Exílio: Um Filme de Família 

Perón, Meu Pai e Eu 

  

PROGRAMAS  ESPECIAIS

78/52 (Dir.: Alexandre O. Philippe, EUA, 2017, 91 min.) 

O documentário dedica seus 90 minutos à minuciosa análise de uma das cenas mais famosas da história do cinema: o assassinato, sob o chuveiro, do suspense “Psicose” (1960), de Alfred Hitchcock. Exploram-se inúmeros aspectos da sequência que, completa, não ultrapassa três minutos, o que não impediu, na época do lançamento, que o público gritasse ao vê-la nas salas.

Caçando Fantasmas (Dir.: Raed Andoni, França/Palestina/Suíça/Catar, 2017, 94 min.)

Por meio de um anúncio de jornal, o cineasta palestino Raed Andoni seleciona um grupo de ex-prisioneiros que sofreram detenção e tortura em Al-Moskobiya, o principal centro de interrogatório israelense, onde ele mesmo esteve preso, quando tinha 18 anos. Os próprios homens reconstroem um cenário semelhante à prisão, reconstituindo as situações que viveram.

Dawson City: Tempo Congelado (Dir.: Bill Morrison, EUA, 2016, 120 min.)

Em 1978, a construção de um novo centro recreativo levou a uma inusitada descoberta em Dawson City, Canadá: uma coleção de 533 latas de filmes e noticiários em 35 mm, datados entre os anos 1910 e 1920, perdidos há mais de 50 anos. O documentário recupera a história deste achado, permitindo refazer também parte da crônica da corrida ao ouro local.

Eu, um Negro (Dir.: Jean Rouch, França, 1958, 80 min.)

Atendendo a uma proposta do cineasta Jean Rouch, jovens imigrantes que vivem de biscates no bairro de Treichville, em Abidjan, Costa do Marfim, representam diante das câmeras personagens de uma vida ideal. Contrapondo a pobreza de suas condições reais de sobrevivência, assumem nomes tirados do cinema, como Edward G. Robinson, Dorothy Lamour e Tarzan. Homenagem ao centenário de nascimento de Jean Rouch (1917-2004).

Já Visto, Jamais Visto (Dir.: Andrea Tonacci, Brasil, 2013, 54 min.)

Revirando seu arquivo de imagens acumuladas ao longo de quase 50 anos, o cineasta Andrea Tonacci permite-se o exercício de uma revisita ao seu próprio sentido e também à sua existência e seu passado. Fotografias, vídeos familiares, trechos de filmes concluídos ou obras inacabadas passam diante dos olhos, convidando o espectador a mergulhar neles. Homenagem póstuma a Andrea Tonacci (1944-2016).

No Intenso Agora (Dir.: João Moreira Salles, Brasil, 2017, 127 min.) – première brasileira

Imagens recolhidas por sua mãe numa viagem à China em 1966 dão ao cineasta João Moreira Salles o fio inicial para este documentário. Colocando em paralelo estas imagens e outras de diversas origens e arquivos, ele capta não só aspectos de sua vida familiar como os movimentos que atravessaram alguns dos momentos políticos mais transformadores do século XX.

 

O ESTADO DAS COISAS

A Batalha de Florange (Dir.: Jean-Claude Poirson, França, 2016, 109 min.)

Crônica da crise em torno do fechamento dos últimos dois altos-fornos da siderúrgica indiano-britânica Arcelor-Mittal, no vale de la Fensch, em Florange, região nordeste da França. Entre 2012 e 2013, trabalhadores valeram-se de todas as formas de resistência e de luta para salvar a usina e milhares de postos de trabalho.

Cine São Paulo (Dir.: Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, Brasil, 2017, 78 min.) – première mundial

Desde 1940, quando seu pai comprou um cinema na cidade de Dois Córregos (SP), a vida de Francisco Teles foi definida por esse lugar. A sala, que já teve diversos nomes, mortes e ressurreições, é o símbolo vivo da passagem do projetor a carvão ao digital, da resistência diante da TV e do videocassete e também da memória afetiva da cidade.

Laerte-se (Dir.: Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum, Brasil, 2017, 101 min.) – première mundial

Perfil da transgênero mais famosa do Brasil, a cartunista Laerte, que fala das particularidades de sua vida desde que decidiu viver como mulher, em 2009. Suas relações familiares, o apoio de amigos e familiares, as mudanças de seus personagens e suas posições políticas fazem parte das conversas.

Permanecer Vivo – Um Método (Dir.: Erik Lieshout, Países Baixos/ Bélgica, 2016, 70 min.)

Em 1991, inspirado pelas histórias de vida de algumas pessoas com distúrbios psiquiátricos, o escritor francês Michel Houellebecq escreveu seu provocativo ensaio “Rester Vivant” (Permanecer vivo). Vinte e cinco anos depois, o roqueiro norte-americano Iggy Pop extrai do ensaio trechos que correspondem a alguns de seus próprios desafios pessoais.

Offshore – Elmer e o Sigilo Bancário Suíço (Dir.: Werner Schweizer, Suíça, 2016, 102 min.)

Quando, há seis anos, o auditor Rudolf Elmer, do banco suíço Julius Baer, decidiu divulgar informações sobre milhares de clientes e corporações que mantinham contas nas ilhas Cayman, começa a cair o véu que encobria uma generalizada evasão fiscal. O até então todo-poderoso sigilo do sistema bancário suíço sofre um de seus maiores abalos.

Todos os Governos Mentem (Dir.: Fred Peabody, Canadá, 2016, 90 min.)

Adotando como título a máxima de I.F.Stone (1907-1989), o documentário explora a sobrevivência do legado do célebre jornalista investigativo norte-americano. Em tempos em que corporações midiáticas optam pelos altos índices de audiência em detrimento da busca da verdade, mais do que nunca é fundamental o trabalho de repórteres comprometidos com sua revelação.

 

RETROSPECTIVA BRASILEIRA: SERGIO MUNIZ

A retrospectiva nacional do ano destaca a obra do cineasta e poeta Sergio Muniz. Como documentarista, Muniz dirigiu alguns dos títulos mais marcantes da chamada “Caravana Farkas” nos anos 1970 e realizou em 1971 um pioneiro filme-denúncia contra a violência institucionalizada pela ditadura militar, filme mantido inédito até o começo dos anos 2000. Desde o começo de sua amizade com o cineasta argentino Fernando Birri, no princípio dos anos 1960, ele tem sido um dos mais ativos catalisadores de parcerias entre o cinema brasileiro e o latino-americano, tendo destacada participação no estabelecimento e consolidação Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba (EICTV).

Andiamo In‘Merica (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1978, 80 min.)

Base da proposta de uma série, idealizada por Sergio Muniz e Thomaz Farkas, sobre as correntes migratórias para o Brasil, tendo como piloto a imigração italiana. Analisam-se aspectos culturais, políticos, sociais e culinários desta presença italiana em São Paulo que, no começo dos anos 1980, é a terceira maior cidade do mundo em número de descendentes daquele país.

O Berimbau (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1977, 9 min.)

A partir de um depoimento do instrumentista Papete, explica-se a história do berimbau na África e a chegada do instrumento à Bahia. O curta fez parte do movimento da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas) numa luta, desde 1975, para que um curta brasileiro acompanhasse obrigatoriamente a exibição de todo longa-metragem estrangeiro.

Beste (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1969, 20 min.)

Em Santa Brígida, norte da Bahia, João Batista dos Santos prepara uma “beste”, como é chamada na região a besta, arma rudimentar e primitiva muito usada antes do aparecimento da pólvora e das armas de fogo, e que se acredita ter chegado ao Brasil ao tempo de sua descoberta, no século XVI. Originalmente, era parte do documentário “Rastejador, s.m.”.

A Cuíca (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1977, 9 min.)

O instrumentista Osvaldinho da Cuíca conduz uma apresentação histórica sobre a presença da cuíca em vários países do mundo e sua popularização no Brasil. Assim como “O Berimbau”, fez parte do movimento pela obrigatoriedade da exibição de um curta brasileiro antes de todo longa-metragem estrangeiro, determinada por uma lei nunca revogada mas não cumprida até hoje.

De Raízes & Rezas, Entre Outros (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1972, 38 min.)

Documentário montado com sobras de vários filmes que fazem parte do que foi chamado pela crítica de “A Caravana Farkas”. A narração é feita principalmente não através de um texto lido, mas com fragmentos de poemas e de letras de inúmeras canções brasileiras e latino-americanas.

Rastejador, s.m (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1969, 24 min.)

João Batista dos Santos e Joaquim Correia Lima são velhos rastejadores profissionais, originalmente dedicados à caça de animais. Suas habilidades para guiar-se no mato e encontrar sinais de passagem foram requisitadas para rastrear pessoas, tornando-os eficientes auxiliares das “volantes”, patrulhas especializadas na perseguição a cangaceiros nos anos 1930.

Roda & Outras Estórias (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1965, 9 min.)

Apresentando cinco canções do então desconhecido cantor Gilberto Gil, o filme, produzido a partir de contribuições de amigos, propôs-se como um protesto contra a ditadura civil-militar recém-iniciada em 1964 e como um ato de agitação cultural em tempos de autoritarismo ufanista.

Você Também Pode Dar um Presunto Legal (Dir.: Sergio Muniz, Brasil, 1970/2006, 39 min.)

Filmado clandestinamente, o documentário faz uma reflexão sobre a atuação do Esquadrão da Morte, sob o comando do delegado Sergio Paranhos Fleury, que serviu de guia para a violenta repressão política durante a ditadura militar. Inclui uma imagem nunca divulgada pela TV brasileira do delegado Fleury sendo condecorado pela marinha brasileira.

 

RETROSPECTIVA INTERNACIONAL – 100: DE VOLTA À URSS 

100: De Volta à URSS apresenta, em oito programas, doze documentários da era soviética, com cópias especialmente disponibilizadas pelo Austrian Fim Museum, Gosfilmofond, Net Film Moscou e Lenfilm.

Avante, Soviete! (Dir.: Dziga Vertov, Rússia, 1926, 53 min.)

Encomendado pelo Soviete de Moscou para as eleições municipais, este deveria ser um filme-relatório que mostraria aos eleitores as ações da administração. Vertov, porém, recusa o simples institucional ao encadear as imagens por meio de um texto poético que reflete sobre a situação da cidade e da URSS como um todo no presente, no passado e no futuro.

Moscou (Dir.: Mikhail Kaufman e Iliá Kopálin, Rússia, 1927, 58 min.)

Primeiro trabalho de Kaufman e Kopálin dissociados de D. Vertov, esta sinfonia urbana do grupo Cine-Olho usa a estrutura de “um dia na cidade” para explorar visualmente Moscou e as transformações de suas ruas, edifícios e instituições, preocupando-se em nomear precisamente os locais mostrados, em contraste com a estratégia adotada em Avante, soviete!.

O Grande Caminho (Dir.: Esfir Chub, Rússia, 1927, 74 min.)

Neste filme realizado para a comemoração dos dez anos da Revolução, Chub narra, por meio de atualidades cinematográficas e documentos oficiais, a primeira década de existência da URSS, passando por Outubro, pela guerra civil e pela progressiva recuperação econômica do país, destacando ainda movimentos simpatizantes e opositores surgidos no exterior.

Sal para a Svanécia (Dir.: Mikhail Kalatôzov, Rússia, 1930, 62 min.)

Neste retrato etnográfico nada convencional da vida de uma isolada comunidade camponesa no Cáucaso, o cineasta georgiano Mikhail Kalatôzov incorporou materiais filmados originalmente para uma ficção que realizou no local, mas que não foi acabada. O resultado é um filme híbrido, com roteiro do escritor Serguei Tretiakóv, frequente colaborador da revista LEF.

Um Dia do Novo Mundo (Dir.: Roman Karmén e Mikhail Slútski, Rússia, 1940, 23 min.)

No dia 24 de agosto de 1940, 97 cinegrafistas espalhados por toda a URSS registraram os acontecimentos de um dia comum do país, de um café-da-manhã na casa de uma família à estreia de uma ópera de Prokófiev, passando por expedições no Ártico e pelo trabalho na rádio. Seguindo o estilo então em voga, uma vigorosa canção patriótica acompanha os eventos.

A Batalha por Nossa Ucrânia Soviética (Dir.: Aleksándr Dovjenko e Iúlia Sôlntseva, Rússia, 1943, 73 min.)

Primeiro documentário feito depois da entrada da URSS na Segunda Guerra Mundial pelo famoso cineasta ucraniano Aleksándr Dovjenko, mais conhecido por suas ficções, que participou também de campanhas militares e foi muito ativo na imprensa durante o conflito. Aqui, seu tom pessoal e poético impregna o texto e as imagens deste registro dos horrores da guerra.

Diante do Julgamento da História (Dir.: Fridrikh Ermler, Rússia, 1965, 93 min.) 

Vassíli Chulguín, figura-chave do movimento Branco antibolchevique, visita Leningrado após décadas de emigração e prisão nos campos soviéticos. Em diálogo com um historiador, ele reflete sobre a monarquia, a revolução e suas próprias decisões. Ao invés de simples culpa e arrependimento, surge a complexidade de suas opiniões sobre os caminhos da Rússia.

Olhe Para o Rosto (Dir.: Pável Kogan, Rússia, 1968, 11 min.)

No museu Hermitage, diante do quadro “Madonna Litta” de Leonardo da Vinci, o cineasta aponta sua câmera não para a pintura, mas para os rostos das pessoas comuns que admiram a obra. Um gesto aparentemente simples que evidencia um dos anseios do chamado período do Degelo: que as atenções se voltassem não apenas para as massas, mas também para os indivíduos.

O Início (Dir.: Artavazd Peleshian, Rússia, 1967, 10 min.)

No aniversário de cinquenta anos da Revolução de Outubro, o cineasta armênio Artavazd Peleshian, ainda aluno do instituto de cinema VGIK, retoma, transforma e condensa procedimentos cinematográficos de Chub, Vertov e Eisenstein para realizar um ensaio visual e sonoro sobre imagens de arquivo da história da URSS e de sua influência ao redor do mundo.

Mais Luz! (Dir.: Marina Babak, Rússia, 1987, 90 min.)

Marcando os 70 anos da Revolução em meio às incertezas e euforia da glasnost perestroika, o filme propõe uma “conversa franca e aberta sobre o passado e o presente”, refletindo sobre os erros e acertos do país desde 1917. Seguindo o espírito de abertura, são apresentados materiais contendo personalidades há muito tempo apagadas da história oficial.

O Poder de Solovkí (Dir.: Marina Goldovskaya, Rússia, 1988, 93 min.)

Criado em 1923 e funcionando até 1939, Solovkí foi um dos primeiros campos soviéticos de trabalhos forçados. Mais de sessenta anos depois de suas detenções, antigos prisioneiros políticos relembram suas experiências e o cotidiano do campo onde imperava, como diziam os guardas do local, não o poder soviético, mas o “poder soloviético”.

Elegia Soviética (Dir.: Aleksándr Sokúrov, Rússia, 1989, 35 min.)

No centro desta meditação realizada no ocaso da URSS, desfilam retratos de mais de uma centena de líderes soviéticos, tanto conhecidos – como Lênin, Trótski e Stálin – quanto hoje obscuros. Destacando-se dos demais, Borís Iéltsin, então caído em desgraça, é acompanhado por Sokúrov em três momentos distintos.

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