Filmes brasileiros estão na disputa dos Prêmios Fênix

O Brasil está muito bem na fita dos Prêmios Fênix, láurea atribuída aos melhores do Cinema Ibero-Americano. Os troféus serão entregues pela Associação Cinema23, na Cidade do México, dia 7 de novembro próximo.

O documentário brasileiro conquistou quatro das sete vagas de finalistas ao troféu dedicado a premiar o melhor do cinema ibero-americano. Estão na disputa do Fênix os longas documentais “O Processo”, de Maria Augusta Ramos (sobre o impeachment de Dilma Roussef), “Baronesa”, de Juliana Antunes, “Bixa Travesty”, de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman, e “Aeroporto Central”, produção germano-brasileira dirigida pelo cearense Karim Aïnouz. Completam a lista, o espanhol “Muitos Filhos, um Macaco e um Castelo”, de Gustavo Salmerón (vencedor do Platino), “Teatro de Guerra”, de Lola Arias, e “El Silencio Es un Cuerpo que Cae”, de Agustina Comedi. Um registro, o documentário “Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi, foi indicado ao Fênix de melhor fotografia, para Pedro J. Márquez.

Na área da ficção, o Brasil emplacou uma vaga entre os sete indicados com o terror social “As Boas Maneiras”, de Juliana Rojas e Marco Dutra. O filme foi indicado também na categoria melhor montagem (Caetano Gotardo).

Dois dos outros seis concorrentes ao Fênix de melhor filme de ficção têm parceria com o Brasil. O paraguaio “As Herdeiras”, de Marcelo Martinessi, contou com a Taiga Filmes, de Lúcia e Júlia Murat, na coprodução. Mesmo caso de “Zama”, da argentina Lucrécia Martel, fruto de parceria com a produtora carioca Bananeira Filmes (e, nos créditos, com atores, como Matheus Nachtergaele, e técnicos, como a diretora de arte Renata Pinheiro, indicada nesta categoria). A pernambucana Renata venceu o Platino, meses atrás, na Riveira Maya mexicana.

Os outros quatro concorrentes a melhor longa ficcional são o mexicano “Museo”, de Alonso Ruizpalacios, o colombiano “Pájaros de Verano”, de Ciro Guerra e Cristina Gallego, o argentino “Alanis”, de Anahi Berneri, e o dominicano “Cocote”, de Nelson Carlo de los Santos Arias.

Os filmes com mais indicações são o argentino “Zama” e o colombiano “Pájaros de Verano” (com nove cada um), seguidos pelo paraguaio “As Herdeiras” (com sete).

Na categoria melhor atriz, aparece outro nome brasileiro com chances de brilhar: Karine Telles, a protagonista absoluta de “Benzinho”, de Gustavo Pizzi. Ela disputa o Fênix com as argentinas Antonela Costa, por “Dry Martina”, e Soia Gala, por “Alanis”, com a espanhola (de origem argentina) Bárbara Lennie, por “Uma Espécie de Família”, e com a colombiana Carmiña Martinez, por “Pajáros de Verano”. Curioso notar que Ana Brun, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim, por “As Herdeiras”, não foi indicada.

Entre os candidatos a melhor ator, está outro brasileiro, Rodrigo Santoro, mas por um filme estrangeiro: “Un Traductor”, dos irmãos Rodrigo e Sebastián Barriuso, coprodução entre Cuba e o Canadá. Como ele, estão indicados os mexicanos Daniel Giménez Cacho (“Zama”) e Gael García Bernal (“Museo”), o espanhol Javier Gutiérrez (“El Autor”), e o argentino Lorenzo Ferro, de apenas 19 anos (“El Ángel”).

O Brasil marca presença em mais uma categoria: melhor música original, para Tomaz Alves Souza e Mestre Anderson Miguel, pelo longa pernambucano de linguagem híbrida, “Azougue Nazaré”, de Thiago Melo.

Na área de séries de TV, a produção brasileira não marca presença no Fênix. Ao que tudo indica, emissoras locais (incluindo a poderosa Rede Globo) continuam mais interessadas em prêmios anglo-saxões, portanto desinteressadas de prêmios ibero-americanos. Os concorrentes deste ano são a segunda temporada de “Casa de Papel” (Espanha/Netflix), a série que transformou o hino partigiani, “Bella Ciao”, em hit pop, “Narcos”, terceira temporada (Colômbia/Netflix), as mexicanas “Luiz Miguel” (sobre o astro da música) e “Aqui em la Tierra” (Fox Latina) e a castelhana “ Félix” (Movistar +).

Por Maria do Rosário Caetano