6º BIFF apresenta duas mostras competitivas com 16 filmes, 8 de ficção e 8 documentários
Um encontro com o melhor do novo cinema mundial. Filmes lançados recentemente, assinados por jovens diretores e com prêmios em alguns dos mais importantes festivais internacionais são a essência da sexta edição do BIFF – Brasília International Film Festival, que acontece de 9 a 18 de novembro, em dois importantes espaços do cinema no DF, Cine Brasília e Cine Cultura Liberty Mall, e no SESC Ceilândia. Logo na abertura, o novo filme de Spike Lee, Infiltrado na Klan (BlacKKKlansman), inédito nos cinemas, com história inspirada em fato real. O filme, lançado mundialmente em agosto, será exibido no dia 9 de novembro, no Cine Brasília.
Maior festival internacional da região central do Brasil, o BIFF traz duas mostras competitivas com um total de 16 filmes, oito de ficção e oito documentários, três mostras paralelas – Mundo Animado, Mostra Spike Lee e Memória BIFF –, além de três pré-estreias, com os mais recentes filmes assinados pelos realizadores Lars Von Trier, Pawel Pawlikowski e Erik Poppe, a exibição de dois longas-metragens premiados em edições anteriores do festival e uma oficina de roteiro, ministrada pelo cineasta argentino Miguel Rocca.
Um dos mais prestigiados palcos do cinema no país, o Cine Brasília receberá os filmes das mostras competitivas e também os debates com diretores ou curadores, após as sessões. O local ainda exibirá os filmes da mostra Mundo Animado, em sessões gratuitas, os dois títulos da mostra Memória BIFF e acolherá as cerimônias de abertura, no dia 9 de novembro, e de encerramento, no dia 17. Para o encerramento do 6º BIFF, está programada a sessão Clássicos do Cinema, uma homenagem ao grande diretor Sam Peckinpah, com exibição do clássico Os Implacáveis (1972), no Cine Brasília, em sessão que contará com a participação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, interpretando músicas imortalizadas pelo cinema de Peckinpah.
No Cine Cultura Liberty Mall, serão exibidos os filmes das mostras competitivas e os títulos da Mostra Spike Lee. E, no SESC Ceilândia, poderão ser vistos os filmes infantis de Mundo Animado, a Mostra Spike Lee e dois filmes vencedores de edições anteriores do BIFF: o cubano Numa Escola em Havana e o paraguaio 7 Caixas. As sessões no SESC Ceilândia ocorrerão diariamente e terão sempre entrada franca – de manhã e à tarde, sessões infantis, e à noite, filmes com classificação indicativa para maiores de 16 anos.
Após a exibição de Numa Escola em Havana, que integra a mostra Memória BIFF, tanto no Cine Brasília quanto no SESC Ceilândia, serão realizados debates sobre o tema “Cinema e Educação”, com dois convidados. O festival ainda programou atividades formativas como palestras sobre o cinema de animação no Brasil, a produção de mulheres cineastas e a presença negra no cinema.
Ao longo de dez dias, o 6º BIFF vai exibir 40 filmes de diferentes nacionalidades, muitos deles detentores de alguns dos mais prestigiados prêmios do cinema mundial. Só dentre as pré-estreias, estão títulos como Guerra Fria, do polonês Pawel Pawlikowski, premiado como melhor diretor do Festival de Cannes 2018, e Utoya – 22 de Julho, do norueguês Erik Poppe, indicado ao Urso de Ouro de Berlim e com lançamento mundial previsto para 29 de novembro.
Produzidos na Alemanha/México, Brasil, Eslovênia, França, China, Coreia do Sul, Dinamarca, Suécia, Itália, Nigéria, Peru, Argentina, Espanha, Vietnã, Polônia e Colômbia, filmes que irão integrar as duas mostras competitivas são finalizados entre 2017 e 2018 e, de acordo com o perfil do festival, compõem até o terceiro filme de cada diretor. Alguns deles já conquistaram o júri de festivais como Sundance, Berlim e Locarno.
Na Mostra Competitiva de Ficção, estão filmes assinados por jovens e já consagrados realizadores, como a polonesa Agnieszka Smoczynska, detentora de 25 prêmios na carreira. Ela chega com Fuga, seu segundo longa-metragem, um filme que fala de identidade e memória. Também o sueco-dinamarquês Gustav Möller, que participa do BIFF com seu primeiro longa, o suspense Culpa, vencedor em quatro festivais internacionais. E ainda o chinês Sheng Qiu, reconhecido e premiado diretor de curtas, que faz sua estreia em longas-metragens com Pássaros Suburbanos, indicado ao Leopardo de Ouro em Locarno.
Há ainda outros realizadores estreantes em longas-metragens participando da Mostra Competitiva de Ficção, como o nigeriano Ekene Som Mekwunye, do drama Luz na Escuridão, que em tom de thriller, fala de violência doméstica; a vietnamita Ash Mayfair, de A Terceira Mulher, um drama histórico que volta ao século XIX para abordar questões como direitos femininos e liberdade; o colombiano Santiago Caicedo (que virá ao Brasil para o festival), de Vírus Tropical, animação celebrada como obra-prima, também abordando o universo feminino; e a atriz e diretora sueca Fanni Metelius, do drama romântico Coração. Finalizando o time de concorrentes ao prêmio de melhor filme de ficção do 6º BIFF, está a argentina Inés María Barrionuevo (que participará de debate ao final da sessão) com seu segundo longa-metragem, o drama Julia e a Raposa, que trata de questões como vida, morte, luto, amor.
O grupo de títulos que compõem a Mostra Competitiva de Documentários começa com um filme que recebeu o Prêmio de Melhor Doc no Festival Cine Las Américas 2018, em Austin, Texas. É Nada Resta além de nossa Ternura, de Sébastien Jallade (que virá ao BIFF para conversar com a plateia), que investiga a memória de uma região do Peru. O passado é também a matéria-prima do longa Cartas a Inger, de Maria Lucia Castrillon (outra diretora com presença confirmada no festival), sobre uma das primeiras documentaristas da França; e de O Silêncio dos Outros, o premiadíssimo filme de Almudena Carracedo e Robert Bahar, que recupera os vestígios da ditadura do General Franco na Espanha. Dentre outras premiações, o filme recebeu o Prêmio Panorama do Festival de Berlim.
Único brasileiro no elenco dos filmes concorrentes, La Manuela, de Clara Linhart, revela a trajetória de uma militante de causas indígenas que é exilada do Equador, país onde morava, por motivos políticos. Clara Linhart virá a Brasília acompanhar o festival e todas as sessões do filme, tanto no Cine Brasília quanto no Cine Cultura Liberty Mall, terão legendagem descritiva. Outro exílio, desta vez social, está retratado em Histórias à Meia Luz, do italiano Luca Magi, que penetra na realidade de um abrigo para moradores de rua. E um exílio intencional moveu a diretora alemã Zita Erffa a compor O Melhor que Você Pode Fazer com sua Vida: a diretora acompanhou a rotina de seu irmão, que entrou para uma ordem religiosa ortodoxa, que o afastou da família. Zita Erffa participará de debate ao final da sessão.
A programação de documentários em competição ainda reserva Os Últimos Caçadores do Gelo, sobre o povo Inuit, da Groenlândia, cuja direção é assinada pelos eslovenos Jure Breceljnik (que faleceu precocemente) e Rožle Bregar; e Vila Soseongri, do sul-coreano Park Baeil, sobre a luta de idosos de uma aldeia contra a construção de um sistema antimísseis no local.
A comissão de seleção foi composta pelo cineasta, professor e curador Sérgio Moriconi, pela professora e curadora Erika Bauer, pela jornalista e curadora Anna Karina de Carvalho, pela produtora e curadora Rafaella Rezende e pelo crítico Rodrigo Fonseca. E o Júri oficial é composto pela pesquisadora Berê Bahia, pelo professor João Lanari, pelo diretor e roteirista Miguel Rocca, pela diretora e produtora Paloma Rocha e pelo jornalista, tradutor e crítico de cinema José Geraldo Couto.
Os longas-metragens que concorrem na Mostra de Ficção disputam os prêmios de Melhor Filme do Júri Oficial (R$ 20 mil) e do Júri Popular (R$ 5 mil). Os filmes de documentário também concorrem aos prêmios de Melhor Filme do Júri Oficial (R$ 10 mil) e do Júri Popular (R$ 5mil). E as duas categorias competem pelo Troféu da Crítica José Carlos Avellar, que terá júri composto pelos jornalistas e críticos Cecília Barroso, Celso Araújo e Ricardo Daehn.
MOSTRA SPIKE LEE
Realizador dos principais filmes sobre a questão do negro na sociedade norte-americana, Spike Lee é um dos mais influentes diretores norte-americanos. Cineasta, escritor, produtor e ator, tendo assinado mais de 80 títulos, entre longas-metragens de ficção, documentários, curtas, séries e filmes para a televisão, é celebrado pela originalidade estética e por suas opiniões políticas. A mostra começa logo na sessão de abertura do festival, com a exibição do mais recente filme de Lee, Infiltrado na Klan (BlacKKKlansman), que revela a extraordinária história real de um policial negro que conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan. O filme chegou ao mercado mundial há apenas dois meses e é inédito nos cinemas do Brasil. A mostra segue apresentando desde o premiado Faça a Coisa Certa, de 1989, até A Última Noite, de 2002, em que Lee apresenta a metáfora de uma Nova York deprimida, perplexa e tensa, após os atentados de 2001. Também estarão nas telas outras obras-primas de Spike Lee, Malcom X (que deu a Denzel Washington mais de 10 prêmios de melhor ator), Mais e Melhores Blues (prêmios da crítica em Veneza), Febre da Selva (que rendeu a Samuel L. Jackson o prêmio de melhor ator em Cannes) e Irmãos de Sangue (a parceria de Lee com Martin Scorsese).
OFICINA DE ROTEIRO
A ser ministrada pelo cineasta argentino Miguel Angel Rocca, professor de roteiro na Universidade de Buenos Aires e diretor da Escuela de Cine Eliseo Subiela. O cineasta já produziu dezenas de títulos de longa e curta-metragem, dirigiu seis filmes (sendo três longas: Maracaibo, de 2017, La Mala Verdade, de 2011, e Arizona Sur, de 2006), dos quais também assina o roteiro. A oficina terá duração de 16 horas/aula e será direcionada a iniciantes, tendo como pré-requisito a fluência em língua espanhola. Mais informações no site do BIFF www.biffestival.com.
Os ingressos para o 6º BIFF custam R$12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia), no Cine Brasília e no Cine Cultura Liberty Mall – exceção para os filmes da Mostra em Homenagem a Spike Lee, que terá ingressos a preço único de R$ 5,00 e para a mostra Mundo Animado, que será gratuita. Já as exibições no SESC Ceilândia terão entrada franca. O 6º BIFF é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Governo do Distrito Federal, tem direção geral de Nilson Rodrigues, coordenação de Lorena Quintas e direção de programação de Anna Karina de Carvalho.