Indie Fest faz sua primeira edição online
O INDIE, festival criado em 2001, realiza pela primeira vez uma edição online, que trará, de 4 a 11 de novembro, no site do festival – www.indiefestival.com.br – para todo o Brasil, 35 filmes, de 16 países, entre longas e curtas, em 43 sessões. Durante os oito dias do festival, as sessões começarão a partir das 15 horas, todas gratuitas, e o site terá cerca de 8 horas diárias de cinema. Os filmes terão sessões e limites de views/espectadores que variam de 200 a 800 por sessão, portanto, fora do horário das sessões ou se alcançar o limite de views, os filmes ficarão indisponíveis.
A programação foi dividida em mostra competitiva e sessões informativas. Pela primeira vez em 19 edições, o INDIE realiza uma Mostra Competitiva. Foram selecionados 8 filmes, em que latinos e asiáticos dominam o programa, há realizações de diretores veteranos e estreantes, documentário e ficções. O cinema latino em Sanctorum, do mexicano Joshua Gil; Agosto, do cubano Armando Capó, e o filme argentino dirigido por quatro diretores de diferentes gerações, Edição Ilimitada, de Edgardo Cozarinsky, Santiago Loza, Virginia Cosin e Romina Paula. O genial diretor americano James Benning, em On Paradise Road. O primeiro filme da jovem diretora chinesa Zheng Lu Xinyuan, que ganhou o Tiger Awards em Rotterdam, Uma Nuvem no quarto Dela, se reúne com outros diretores da nova geração do cinema asiático, como Liu Shu, com o seu segundo filme Lost Lotus; o japonês Kazuhiro Soda, que tem seu próprio método observacional de produção de documentários, em Zero; além de Love Poem, de Wang Xiaozhen, que é ator e diretor do filme e brinca com as noções de real e interpretação.
O INDIE 2020 apresenta, na seção Retrospectiva, o cinema do diretor americano Dan Sallitt. Um dos principais autores do cinema independente americano contemporâneo, Sallitt traz filmes com uma aparente simplicidade que se revelam de alta complexidade, em diálogos cotidianos, em pequenos acontecimentos que se mostram de grande relevância. Uma câmera que acompanha encontros, conversas frugais que nascem das caminhadas com os amigos, as relações amorosas, um certo humor e charme. Sallitt, que nasceu na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1955, além de cineasta, é roteirista, foi crítico de cinema, além de escrever para várias publicações, como The Chicago Reader, Slate e Mubi. A retrospectiva exibe todos os filmes de Sallitt, inclusive seu último trabalho, o curta Caterina (2019), e os longas Fourteen (2019), The Unspeakable Act (2012), All the Ships at Sea (2004), Honeymoon (1998) e Polly Perverse Strikes Again! (1986).
Nove filmes em pré-estreia estão na seção Première. Baseado na experiência da produtora do INDIE, a Zeta Filmes, na realização, durante os seis meses da quarentena, da ação nas redes sociais do #zetanaquarentena, o programa propõe sessões únicas de filmes inéditos do circuito que tiveram seus lançamentos interrompidos pela pandemia. A Première nos lembra que o cinema de arte é hoje um mercado economicamente ameaçado e vive assombrado por dúvidas se os cinemas voltarão a ser uma opção viável para a maioria dos espectadores. Acreditando que um dia as pessoas irão voltar ao espaço físico do cinema com confiança, a programação traz os últimos filmes de diretores como Wayne Wang (De Volta para Casa), Koji Fukada (Perfil de uma Mulher), Angela Schanelec (Eu Estava em Casa, mas…), Pedro Costa (Vitalina Varela), Jennifer Reeder (Knives and Skin), Albert Serra (Liberté), Seamus Murphy (PJ Harvey: Um Cão Chamado Dinheiro), além dos filmes do brasileiro Leandro Lara (Rodantes) e a coprodução Argentina/Brasil A Barqueira, estreia da argentina Sabrina Blanco.
Para a Sessão Especial, o INDIE convidou o diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul para escolher uma das suas obras para o festival online. O diretor escolheu o curta Vapor, de 2015, que mostra a cidade onde Apichatpong mora sendo envolvida por nuvens brancas de inseticida. Para ele, o filme é especial, porque trata da casa e de como o meio-ambiente cria essa condição especial para cada um de nós, principalmente depois da experiência com a quarentena. Outro filme convidado foi o longa Memórias do meu Corpo, do diretor indonésio Garin Nugroho, que trata a questão da sexualidade como uma questão política. Para Nugroho, o filme “é uma afirmação e uma crítica. Afirma que a mistura de masculinidade e feminilidade sempre foi uma parte normal da natureza e tradição. Também critica a violência contra o corpo em contextos sociais e políticos”. Para complementar o programa, a diretora americana Jennifer Reeder escolheu alguns curtas realizados por ela. Sua obra traz a marca do universo feminino, jovem e adolescente, para o cinema que realiza. Em Jennifer Reeder: FFDF (Feminist Future Dream Fever), quatro curtas da diretora em que o uso da música, através de versões à capela, de coros e bandas, de músicas pop e metal, a estética high school do interior americano e o marcante trabalho com o imaginário adolescente, principalmente feminino, criam uma identidade única para seus filmes sobre relacionamentos, traumas, as angústias e como amadurecer com essas experiências.
Seis curtas nacionais e internacionais foram escolhidos exclusivamente para a versão online do INDIE e estão no programa Sessão Fluxus. O programa exibe produções do Irã, Brasil, Suíça, Índia, Estados Unidos e Alemanha, com destaque para a videoarte Motriz, do mineiro Rodolfo Magalhães; o documentário indiano Ritu Vende Online, de Vrinda Samartha; e o filme de ficção suíço Leo, de Fabienne Mahé.