Festival da América Latina apresenta documentário sobre Clarice Lispector

Por Maria do Rosário Caetano

O filme “Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo”, da diretora pernambucana Taciana Oliveira, é uma das atrações da 16ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, que acontece a partir dessa sexta-feira, 10 de dezembro, até o dia 17.

O festival terá edição híbrida, com parte da programação disponibilizada on-line e parte presencial (no Centro Cultural São Paulo e Sala Spcine Roberto Santos). Os fãs da escritora pernambucano-carioca, nascida na Ucrânia (1920-1977), terão que comparecer ao CCSP, à Rua Vergueiro paulistana, pois o documentário sobre a autora de “A Hora da Estrela” terá sessão única e presencial.

Serão exibidos, ao longo de oito dias, um total de 38 filmes oriundos de doze países do subcontinente e um dos destaques é “Abajures”, da paraguaia Paz Encina. Anos atrás, a diretora causou sensação no circuito de arte com “Hamaca Paraguaya”, laureado pela Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema), no Festival de Cannes 2006. Além de apresentar seu terceiro longa-metragem, inédito no Brasil, a realizadora, nascida há 50 anos, em Assunção, proferirá masterclass virtual sobre seu projeto estético-cinematográfico, de tons evocativo-memorialísticos. E o fará sob título provocador: “Mil Ventos na Encenação de Documentários”.

O festival paulistano vai homenagear a diretora argentina Liliana Romero, devota do cinema de animação. Dela será exibido o longa-metragem “O Gigante Egoísta”, que ela realizou em 2020. Dedicada a seu ofício (el dibujo animado) desde os anos 1990, Liliana fará, na plataforma Sesc Digital, palestra sobre “A Arte da Animação, Técnicas e Adaptações”.

Cineastas da América Hispânica e do Caribe somar-se-ão às suas colegas brasileiras para mostrar seus novos trabalhos. Afinal, a intenção do festival é destacar a presença feminina em todos os segmentos da produção cinematográfica, da direção à fotografia, do roteiro à montagem, da direção de arte ao design sonoro. Produções inéditas (ficções e documentários) como “Anos Curtos, Dias Eternos”, da argentina Silvina Estévez, “Matar a la Bestia”, de Agustina San Martín, fruto de coprodução entre Argentina, Brasil e Chile, “A Gran de Viagem ao País Pequeno”, da uruguaia Mariana Viñoles, e “Hope, Soledad”, da mexicana Yolanda Cruz, somam-se aos brasileiros “Desterro”, de Maria Clara Escobar, e à ficção científica do Terceiro Mundo, “Carro Rei”, de Renata Pinheiro. Mas haverá, claro, espaço para filmes assinados por diretores, caso de “LXI (61)”, do peruano Rodrigo Moreno del Valle, e dos brasileiros “Ossos da Saudade”, de Marcos Pimentel, “As Almas que Dançam no Escuro”, de Marcos DeBrito, e “Alianças Profanas – Esquizoanálise de uma Mente Fragmentária”, de Well Darwin.

O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo foca, também, na herança afro-americana do subcontinente. Como o Brasil, a Colômbia conta com imensa população negra. Por isso, a mostra “Foco Cinema Afro-Colombiano” trará produções dirigidas ou protagonizados por afro-colombianos. Caso de “Fullhd”, de Catalina Navas e Carolina Torres, “Marímbula”, de Diana Kuéllar, “O Homem Universal”, de Andrés Morales, e “O Mal dos Sete Dias”, de Victor Alfonso González Urrutía.

Quando foi criado, 16 anos atrás, o festival paulistano tinha o Memorial da América Latina, na Barra Funda, como seu centro nevrálgico. Lá realizou edições históricas, com participações dos cineastas Fernando Birri, Paul Leduc, Fernando Solanas, Octávio Getino, entre outros. Até o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, abriu espaço nobre para que o diretor de “Frida, Natureza Viva”, refletisse sobre seus filmes e desafios do cinema realizado abaixo do Rio Grande, ou seja, do México à Terra do Fogo.

Criado pelos cineastas João Batista de Andrade, Francisco César Filho e Jurandyr Muller, o Festival contou, sempre, com o apoio do Governo do Estado de São Paulo. Mas, a edição desse ano tem como esteios a Prefeitura Municipal paulistana, a Spcine e o Sesc São Paulo (sólido parceiro de muitas edições).

Por causa da pandemia e das dificuldades atravessadas pelo país, o FCLA-SP realiza edição de dimensões contidas, mas continua apostando na busca de diálogo com os países da América Hispânica e Caribe. Tanto que promoverá Encontro de Diretoras Mulheres para refletir sobre “A Indústria Cinematográfica Latino-Americana” e Encontro de Circuitos de Distribuição e Exibição Cinematográfica na América Latina, que contarão com diversos convidados. Mesmo que, dessa vez, aconteçam no espaço virtual.

 

16ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo
Data:
10 a 17 de dezembro, em edição híbrida, com parte da programação disponibilizada on-line e parte presencial no Circuito Spcine – Centro Cultural São Paulo e SPCine Roberto Santos (Ipiranga). Após a solenidade de abertura (às 19h dessa sexta-feira), os filmes (nem todos, daí a necessidade de consultar a programação) serão liberados nas plataformas Sesc Digital, Spcine Play e InnSaei TV.
A programação é totalmente gratuita
Mais informações: youtube.com/festlatinosp

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