Globo de Ouro anuncia finalistas

Por Maria do Rosário Caetano

O Globo de Ouro, em crise ou não, coloca suas cartas na mesa. A Associação de Correspondentes Internacionais, que atua em Holywood, anunciou os finalistas ao seu questionado, mas cobiçado, prêmio. Dois filmes despontam entre os favoritos – os dramas “Ataque dos Cães”, de Jane Campion, e “Belfast”, de Kenneth Branagh. Ela neozelandensa, ele irlandês.

A septuagésima-nona cerimônia de premiação acontecerá dia 9 de janeiro. Não será transmitida pela poderosa rede NBC, que rompeu com os promotores do Globo de Ouro, acusados de práticas antiéticas pelo jornal Los Angeles Times. Mas claro que a festa, plena de glamour, transmitida direto de Beverly Hills, na Califórnia, encontrará espaço em emissoras a cabo. E na internet.

O Brasil, que tem quatro filmes pré-indicados ao Oscar (“Deserto Particular”, de Aly Muritiba, na categoria filme internacional; dois documentários – “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, e “Os Arrependidos”, de Ricardo Calil e Armando Antenore – e a animação “Bob Cupe, Nós Não Gostamos de Gente”, de César Cabral) não marcou presença nas listas do Globo de Ouro.

Primeiro, porque os Correspondentes Internacionais não dão bola para o cinema documentário. Eles só cultuam a ficção e a animação. Segundo, não avaliam filmes indicados oficialmente por academias de países estrangeiros (tanto que indicaram “Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar, e o candidato oficial da Espanha ao Oscar é “El Buen Patrón”, de Fernando Leon de Aranoa). Com Almodóvar, disputarão o prêmio global os cotadíssimos ao Oscar “Drive my Car, do japonês Ryusuke Hamaguchi, “A Mão de Deus”, do italiano Paolo Sorrentino, “Um Herói”, do iraniano Asghar Farhadi, e o finalandês (filmado na Rússia e falado em russo) “Compartment No. 6”, de Juho Kuosmanen.

No terreno dos filmes animados, os Correspondentes Internacionais não mostraram interesse por “Bob Cuspe”, baseado em personagens de Angeli.

O Globo de Ouro continua dividindo o cinema-espetáculo em dois gêneros: drama e comédia (esta com uma costela, o musical). A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é bem mais moderna. Embora preserve categorias como melhor documentário e melhor animação, ao definir os candidatos em sua categoria principal – melhor filme – não discrimina gênero. Aceita épico, musical, drama, comédia ou animação. Um dia aceitará até documentário.

No drama, o Globo de Ouro destaca – além de Jane Campion e de Kenneth Branagh – “King Richard: Criando Campeãs”, de Reinaldo Marcus Green, protagonizado pelo astro black Will Smith (que vive o pai-e-preparador das tenistas Vênus e Serena Willians), “No Ritmo do Coração”, de Sian Heder, e a superprodução “Duna”, de Denis Villeneuve. Um fracasso comercial na versão de David Lynch (1984) e um êxito de bilheteria na recente versão do canadense (apesar dos tempos pandêmicos).

No terreno da comédia e do musical, mais um remake: “Amor Sublime Amor”, de Steven Spielberg. Os outros quatro são o badaladíssimo “Licorice Pizza”, de Paul Thomas Anderson, “Cyrano”, de Joe Wright (outra história canônica, filmada infinitas vezes), “Não Olhe para Cima”, de Adam Mckay, e “Tick, Tick … Boom!”, de Lin-Manuel Miranda.

Criticados por não darem atenção às minorias, seguindo eurocentristas, antiblack, antilatinos, antiorientais, anti-indígenas etc, a Associação dos Correspondentes Internacionais parece estar acordando. Nesse ano, na categoria melhor ator de drama, há três astros black: Will Smith (por “King Richard: Criando Campeãs”), Denzel Washington (por “The Tragedy of Macbeth”) e Mahershala Ali (por “Swan Song”), um latino (Javier Bardem, por “Being the Ricardos”) e só um anglo-saxão (o inglês Benedict Cumberbatch (por “Ataque dos Cães”).

Já na categoria de melhor atriz (drama), as estrelas anglo-saxãs ocupam as cinco vagas: Jessica Chastain, por “Os Olhos de Tammy Faye”, Nicole Kidman, por “Being the Ricardos”, Lady Gaga, por “Casa Gucci”, Kristen Stewart, por “Spencer”, e Olivia Colman, por “The Lost Daughter”.

Confira os indicados:

CINEMA

Melhor filme (drama)

“Ataque dos Cães”, de Jane Campion
“Belfast”, de Kenneth Branagh
“King Richard: Criando Campeãs”, de Reinaldo Marcus Green
“No Ritmo do Coração”, de Sian Heder
“Duna”, de Denis Villeneuve

Melhor filme (comédia ou musical)

“Cyrano”, de Joe Wright
“Não Olhe para Cima”, de Adam Mckay
“Licorice Pizza”, de Paul Thomas Anderson
“Tick, Tick … Boom!”, de Lin-Manuel Miranda
“Amor, Sublime Amor”, de Steven Spielberg

Melhor filme em língua estrangeira

“Drive my Car”, de Ryusuke Hamaguchi (Japão)
“A Mão de Deus”, de Paolo Sorrentino (Itália)
“Madres Paralelas”, de Pedro Almodóvar (Espanha)
“Um Herói”, de Asghar Farhadi (Irã)
“Compartment No. 6”, de Juho Kuosmanen (Finlândia)

Melhor animação

“Encanto”
“Flee”
“Luca”
“My Sunny Maad”
“Raya e o Último Dragão”

Melhor roteiro

“Licorice Pizza”
“Belfast”
“Ataque dos Cães”
“Não Olhe para Cima”
“Being the Ricardos”

Melhor diretor

Kenneth Branagh, por “Belfast”
Jane Campion, por “Ataque dos Cães”
Maggie Gyllenhaal, por “The Lost Daughter”
Steven Spielberg, por “Amor, Sublime Amor”
Denis Villeneuve, por “Duna”

Melhor trilha sonora

“A Crônica Francesa”
“Encanto”
“Ataque dos Cães”
“Madres Paralelas”
“Duna”​

Melhor canção original

“Be Alive”, de “King Richard: Criando Campeãs”
“Dos Orugitas”, de “Encanto
“Down to Joy”, de “Belfast”
“Here I Am (Singing My Way Home)”, de “Respect: A História de Aretha Franklin”
“No Time to Die”, de “Sem Tempo para Morrer”

Melhor ator (drama) 

Mahershala Ali, por “Swan Song”
Javier Bardem, por “Being the Ricardos”
Benedict Cumberbatch, por “Ataque dos Cães”
Will Smith, por “King Richard: Criando Campeãs”
Denzel Washington, por “The Tragedy of Macbeth”

Melhor atriz (drama)

Jessica Chastain, por “Os Olhos de Tammy Faye”
Olivia Colman, por “The Lost Daughter”
Nicole Kidman, por “Being the Ricardos”
Lady Gaga, por “Casa Gucci”
Kristen Stewart, por “Spencer”

Melhor ator (musical ou comédia)

Leonardo DiCaprio, por “Não Olhe para Cima”
Peter Dinklage, por “Cyrano”
Andrew Garfield, por “Tick, Tick … Boom!”
Cooper Hoffman, por “Licorice Pizza”
Anthony Ramos, por “In the Heights”

Melhor atriz (musical ou comédia)

Marion Cotillard, por “Annette”
Alana Haim, por “Licorice Pizza”
Jennifer Lawrence, por “Não Olhe para Cima”
Emma Stone, por “Cruella”
Rachel Zegler, por “Amor, Sublime Amor” ​

Melhor ator coadjuvante

Ben Affleck, por “The Tender Bar”
Jamie Dornan, por “Belfast”
Ciarán Hinds, por “Belfast”
Troy Kotsur, por “No Ritmo do Coração”
Kodi Smit-McPhee, por “Ataque dos Cães”

Melhor atriz coadjuvante

Caitríona Balfe, por “Belfast”
Ariana DeBose, por “Amor, Sublime Amor”
Kirsten Dunst, por “Ataque dos Cães”
Aunjanue Ellis, por “King Richard: Criando Campeãs”
Ruth Negga, por “Identidade”

TELEVISÃO

Melhor série de drama

“Succession”
“Round 6”
“Pose”
“The Morning Show”
“Lupin”

Melhor série de comédia

“The Great”
“Only Murders In the Building”
“Ted Lasso”
“Hacks”
“Reservation Dogs”

Melhor minissérie ou filme para TV

“Dopesick”
“Impeachment: American Crime Story”
“Maid”
“Mare of Easttown”
“The Underground Railroad”

Melhor ator (drama)

Brian Cox, por “Succession”
Lee Jung-jae, por “Round 6”
Billy Porter, por “Pose”
Jeremy Strong, por “Succession”
Omar Sy, por “Lupin”

Melhor atriz (drama)

Jessica Chastain, por “Cenas de um Casamento”
Cynthia Erivo, por “Genius: Aretha”
Elizabeth Olsen, por “WandaVision”
Margaret Qualley, por “Maid”
Kate Winslet, por “Mare of Easttown”

Melhor ator (comédia)

Anthony Anderson, por “Black-ish”
Nicholas Hoult, por “The Great”
Steve Martin, por “Only Murders in the Building”
Martin Short, por “Only Murders in the Building”
Jason Sudeikis, por “Ted Lasso”

Melhor atriz (comédia)

Hannah Einbender, por “Hacks”
Elle Fanning, por “The Great”
Issa Rae, por “Insecure”
Tracee Ellis Ross, por “Black-ish”
Jean Smart, por “Hacks”

Melhor ator (minissérie ou filme para a TV)

Paul Bettany, por “WandaVision”
Oscar Isaac, por “Cenas de um Casamento”
Michael Keaton, por “Dopesick”
Ewan McGregor, por “Halston”
Tahar Raheem, por “O Paraíso e a Serpente”

Melhor atriz (minissérie ou filme para a TV)

Jessica Chastain, por “Cenas de um Casamento”
Elizabeth Olsen, por “WandaVision”
Kate Winslet, por “Mare of Easttown”
Cynthia Erivo, por “Genius: Aretha”
Margaret Qualley, por “Maid”

Melhor ator coadjuvante

Billy Crudup, por “The Morning Show”
Kieran Culkin, por “Succession”
Mark Duplass, por “The Morning Show”
Brett Goldstein, por “Ted Lasso”
Oh Yeong-su, por “Round 6”

Melhor atriz coadjuvante

Jennifer Coolidge, por “The White Lotus”
Kaitlyn Dever, por “Dopesick”
Andie MacDowell, por “Maid”
Sarah Snook, por “Succession”
Hannah Waddingham, por “Ted Lasso”

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