Itaú Cultural e Cinemateca Brasileira firmam parceria e streaming abre espaço permanente para mostras com curadoria da instituição

Na última sexta-feira deste mês, 29 de abril, a plataforma de streaming de cinema brasileiro Itaú Cultural Play – itauculturalplay.com.br – amplia as suas parcerias com a recém-firmada com a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. A exibição de 13 filmes – vindos desta fundamental memória do cinema do país, que contém mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental que abarca 120 anos da produção nacional –, se divide em duas mostras de obras preservadas pela instituição.

O cinema sempre foi colorido traz seis produções dos tempos do cinema mudo brasileiro, colorizadas por técnicas como pintura à mão, estêncil, tingimento e viragem. Veja o Brasil apresenta sete filmes curtos realizados pelo pesquisador Alceu Maynard de Araújo para a extinta TV Tupi, nos anos de 1950.

Maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, a Cinemateca tem sua origem em 1946 com o segundo Clube de Cinema de São Paulo; passando em 1949 à Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e em 1956 torna-se Cinemateca Brasileira. Foi idealizada pelo seu conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes – para quem o site do Itaú Cultural presta homenagem, publicando, também em 29 de abril, texto sobre ele, assinado por Carlos Augusto Calil, presidente do Conselho de Administração da Cinemateca.

Hoje, o acervo desta instituição soma mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional.   

Para a maioria do público contemporâneo, filmes silenciosos são preto-e-branco. Porém, desde 1895, muitos deles já eram colorizados por técnicas diversas, como se vê na mostra O cinema sempre foi colorido. Ela oferece títulos em uma mescla do charme do cinema silencioso e o encanto da cor, sob a direção de importantes pioneiros da filmografia brasileira.

No total, este recorte traz seis títulos, como Braza Dormida, drama realizado em 1928 por Humberto Mauro e marco do cinema silencioso brasileiro, restaurado pela Cinemateca. O filme se destaca pela sobriedade de sua construção dramática, pelos cenários e pela direção de atores, qualidades que fazem do diretor mineiro um dos maiores criadores cinematográficos de sua época. Nele, um malandro carioca é contratado como gerente de uma usina para substituir um funcionário da fazenda, que não aceita a demissão. Ao conhecer a filha do industrial, o carioca se apaixona por ela, mas o demitido faz tudo para impedir que se consuma um relacionamento entre os dois.

Outro destaque nesta mostra, também restaurado pelo Cinemateca, é Veneza Americana, de Ugo Falangola e J. Cambiéri. Eles entraram para história do cinema nacional ao fundarem uma das primeiras companhias produtoras do estado de Pernambuco. A dupla dirigiu este filme de beleza plástica em seus letreiros e imagens colorizadas, em 1925. Trata-se de um documentário, onde o porto do Recife e suas obras de reparação nos anos 1920 são a principal inspiração, ao lado do elogio aos figurões da política local na época, como o governador Sérgio Loreto. A modernidade da chamada Veneza americana é também captada por meio do registro de construções viárias e automóveis.

Mais quatro produções do gênero completam esta mostra: Exemplo Regenerador, comédia de sete minutos realizada por José Medina, em 1919; Brasil pitoresco: as viagens de Cornelio Pires, sob a direção do próprio viajante, em 1925; Ouro Fino, documentário de Bruno Guidi, de 1926; Companhia Docas de Santos, mais um documentário, realizado em 1928 e cuja direção não foi identificada.

Por sua vez, Veja o Brasil, traz filmes do programa de Restauro Cinemateca Brasileira – Petrobras, edição 2007. O recorte é de produções realizadas pelo pesquisador Alceu Maynard de Araújo para a extinta TV Tupi. Foram produzidos na década de 1950 com a preocupação de retratar e preservar muitas das tradições populares brasileiras, além de conformar um retrato de época do ponto de vista econômico e social.

Os filmes contemplam diferentes aspectos da sociedade brasileira da época e resgatam elementos da vida material, social e comportamental dos brasileiros. São todos sonoros e de curta duração, entre 3 e 10 minutos. São eles: Petróleo, Sondas e Refinarias, Manaus – Rubens FerreiraArte PopularBahia de Dona JanaínaCasa de FarinhaNoite de São João e Crepúsculo de Tupã.

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