Cinemateca reabre com festa e homenagem a Lygia Fagundes Telles, Grande Otello e Oscarito

A Cinemateca Brasileira foi reaberta, com festa para patrocinadores e convidados, na noite da ultima quinta-feira, 12 de maio, em sua sede na Vila Mariana, antigo Matadouro Municipal, e com muitas novidades.

A esperança voltou ao meio audiovisual depois de dois anos de crise, devido à falta de apoio do governo Bolsonaro, agravada por alagamento em subsede e incêndio que destruíram, além de filmes de nitrato (o fogo), acervos do Instituto Nacional de Cinema e da ECA-USP (Escola de Comunicação  e Artes) depositados na instituição.

Os professores da USP, Maria Dora Mourão e Carlos Augusto Calil, ela diretora da Cinemateca, ele presidente do Conselho, anunciaram novos tempos para a instituição criada há mais de 60 anos por grupo de intelectuais liderados por Paulo Emilio Salles Gomes, Francisco de Almeida Salles e Rudá de Andrade.

A antiga Sala Petrobras, a menor, passa a chamar-se, agora, Sala Oscarito, e a maior, a BNDES, Sala Grande Otelo. Tais siglas já não patrocinam mais o órgão responsável pela preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, como fizeram nos governos anteriores. E a sala de reuniões do Conselho Deliberativo da Cinemateca passa a chamar-se Lygia Fagundes Telles, presidente de honra da instituição desde a morte (em 1976) de seu companheiro, o professor da UnB e USP, pesquisador e biógrafo de Jean Vigo, Paulo Emilio Salles Gomes. Lygia morreu em abril deste ano, aos 102 anos.

A noite de festa pela reabertura da Cinemateca reuniu centenas de convidados, entre eles, cineastas, professores de Cinema, pesquisadores e quadros técnicos do audiovisual como Ugo Giorgetti, Walter Salles, João Batista de Andrade, Tizuka Yamasaki, Ismail Xavier, Hermano Penna, Lauro Escorel, Francisco Ramalho, João Luiz Vieira, Eugenio Puppo, Débora Ivanov, Adilson Ruiz, Augusto Seva, Ícaro Martins, Rodolfo Nani, Sergio Muniz, Roberto Gervitz, Guilherme de Almeida Prado, Aurelio Michiles, Patricia Moran, Joel Pizzini, Adhemar Oliveira, Rodrigo Saturnino Braga, Renata Almeida, Lucio Kodato, Sara Silveira, entre outos. A ausência mais notada foi a de Jean-Claude Bernardet, um dos quadros dos anos pioneiros da Cinemateca Brasileira. O filme exibido na noite inaugural foi “Macunaníma”, de Joaquim Pedro de Andrade, realizado em 1969, um dos ícones do Modernismo e do Tropicalismo, com sua feijoada antropofágica, sua trilha sonora em namoro explícito com o pop-brega, suas cores fortes e carnavalizadas, suas flores de papel crepom ouro, prata e muiraquitã.

Os festejos da Cinemateca rediviva prosseguem com exibição de Mostra José Mojica Marins (filmes restaurados por Eugenio Puppo) e, depois, com a Semana ABC (Prêmio, debates e filmes da Associação Brasileira de Cinematografia). Ou seja, da agremiação dos fotógrafos. (MRC)

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