Gramado entrega Oscarito a Marcos Palmeira

Por Maria do Rosário Caetano

O Festival de Gramado, que realizará sua quinquagésima edição de 12 a 20 de agosto próximo, na Serra Gaúcha, anunciou a lista de cinco documentários de longa-metragem que integrarão nova mostra competitiva criada em parceria com o Canal Brasil. Anunciou, também, em noite festiva no Rio de Janeiro, que o ator Marcos Palmeira receberá o Troféu Oscarito, por sua trajetória no cinema, na TV e no teatro, iniciada há quatro décadas. Neste exato momento, o integrante do clã Anísio-De Paula-Viana-Palmeira interpreta o personagem José Leôncio no remake da novela “Pantanal”, na Globo. Se o troféu for entregue no dia 19 de agosto, Palmeira estará completando 59 anos.

Os cinco longas-metragens documentais escolhidos pela curadoria (Dira Paes, Soledad Villamil e Marcos Santuário), entre 116 candidatos, são 100% inéditos e um deles deixa os amantes da grande música popular brasileira em estado de total ansiedade: “Elton Medeiros – O Sol Nascerá”, de Pedro Murad. O grande artista, como diz o título do filme, compôs com Cartola os versos imortais de belíssimo samba. Aquele que promete “finda esta saudade/ ei de ter outro alguém para amar”. E, não podemos esquecer, outra obra-prima, chamada “Pressentimento”, com versos hipnóticos de Hermínio Bello de Carvalho.

Como não poderia deixar de ser, o filme eltoniano é carioca, assim como o longa-metragem dedicado ao colunista social Ibrahim Sued, aquele que, por longos anos, dedicou-se ao high society e criou expressões e procedimentos que até inspiraram uma comédia de Cecil Thiré e Astolfo Araújo, “Ibrahim do Subúrbio” (1976). O filme une a filha do jornalista ao craque Paulo Henrique Fontenelle (“Cássia” e “Loki”).

Dois documentários, “Eu Nativo” e “O Destino Está na Origem”, ambos realizados fora do eixo Rio-São Paulo (Goiás e Pará) tratam da temática indígena, de grande relevância em momento em que territórios de povos originários são invadidos por garimpeiros, grileiros, madeireiros e fazendeiros.

Por fim, um filme paulistano volta seu olhar à terceira idade e às mulheres. A diretora Kelly Cristina Spinelli acompanha aquelas que gostam de dançar e saem acompanhadas de um “personal dancer”. A realizadora aproveita para refletir sobre solidão, sexualidade e privilégio entre mulheres maduras.

Caberá aos longas documentais preservar o diálogo com o público de todo território brasileiro que, nos dois últimos anos, por causa da pandemia, puderam acompanhar o Festival de Gramado pela telinha do Canal Brasil. A emissora será a janela exclusiva de exibição dos cinco selecionados. O escolhido pelo júri será exibido no Palácio dos Festivais como filme da noite de encerramento.

Longas-Metragens Documentais selecionados:

. “Elton Medeiros – O Sol Nascerá”, de Pedro Murad (Rio, 80’) – Registro da trajetória de Elton Medeiros, um dos compositores mais representativos do samba brasileiro. Ele foi o principal parceiro de Paulinho da Viola, integrante do grupo Rosa de Ouro e criou composições antológicas com Cartola (caso de “O Sol Nascerá”), Zé Ketti e muitos outros. Com participação de Adriana Monteiro, Alan Pellegrino, Alberto Damit, Alex Rech, Alice Cardoso, Ana Luisa De Oliva Augusto, Ana Priscila, Arlinda Di Baio, Carol França, Catharina Monteiro, Eliana Monteiro, Fernanda Nogueira, Fifo Benicasa, Flávio Birman, Jessica Antunes, Jonatas Silva, Karina Sattler, Letícia Santos, Marcella Merlino, Márcia Cristtal, Marcos Magno, Mírian Meee, Munique Mattos, Pietro Mario Bogianchini, Raysa Santos, Ricardo Soares, Roberto Santos, Sérgio Cruz, Tarsila Alves, Thiago Fonseca Vidal Assis e Miguel Schimid.

. “Ademã – A Vida e as Notas de Ibrahim Sued”, de Isabel Sued Perrin e Paulo Henrique Fontenelle (Rio, 106’) – Relato da filha do Ibrahim Sued, que rememora por meio de entrevistas, fotos e filmes do arquivo pessoal, a trajetória desse colunista social que agitou a imprensa brasileira dos anos 50 até sua morte em 1995.

. “Eu Nativo”, de Ulisses Rocha (Pará – 71’) – O filme mostra aspectos da vida das tribos Kayapó, Potiguara, Tabajara, Fulni-ô e Pankararu e mostra as belezas naturais que cercam as aldeias, além de depoimentos surpreendentes sobre como os indígenas sofrem com o preconceito racial e a discriminação. Com particip-ação de Akiaboro Kayapó, Tafkea Fulni-ô, Ednaldo Tabajara, Carmem Pankararu, Sandro Potiguara.

. “O Destino Está na Origem”, de Pedro de Castro Guimarães (Goiás – 61’) – Um encontro revelador entre oito etnias indígenas, as caixeiras do Divino do Maranhão, a regente Renata Amaral e o produtor musical André Magalhães.

. “Um Par para Chamar de meu”, de Kelly Cristina Spinelli (São Paulo – 82’) – O documentário acompanha a vida da mãe e de quatro outras mulheres que saem com os chamados personal dancers para discutir solidão, sexualidade e privilégio entre as mulheres da terceira idade. Com Eni Aparecida Spinelli, Regeane Melo, Mara Codo , Elisabeth Sertorio, Nilce Aboud, Luis Fernando da Silva, Vinicius Souza, Leandro Porto, Ricardo Mello, Jefferson Xavier, Hernandes Rodrigues e Bruno Cesar Vicente.

OS PRÊMIOS ESPECIAIS DE GRAMADO ANO 50:

Troféu Oscarito: Marcos Palmeira
Troféu Eduardo Abelin: Joel Zito Araújo
Troféu Cidade de Gramado: Araci Esteves
Troféu Kikito de Cristal: a definir

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