A luta de um cineasta independente em busca de visibilidade pelo Oscar de melhor longa documental
A Revista de CINEMA solicitou ao cineasta Vinicius Girnys, diretor de “Samuel e a Luz”, vencedor do Festival de Guadalajara (e, semana passada, da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo), depoimento sobre sua luta por uma vaga no Oscar de melhor longa documental.
Ele foi habilitado a pleitear tal vaga por ter triunfado no festival mexicano, um dos eventos credenciados pela Academia de Arte e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Eis seu testemunho:
“Para termos um parâmetro, no ano passado, 144 filmes foram qualificados para as prévias do Oscar na categoria ‘melhor documentário de longa-metragem’.
Os membros da Academia ocupados com o segmento ‘documentário’ (os jurados) são obrigados a assistir a, no mínimo, 15 filmes para poder votar no primeiro turno. Daí saem os 15 filmes mais votados para compor a shortlist final.
Na etapa seguinte, os jurados são obrigados a assistir a todos os 15 filmes desta shortlist para poder votar nos cinco que serão nomeados para concorrer ao Oscar. Ou seja, podemos facilmente supor que mais da metade dos filmes não são vistos pelos membros da comissão de jurados, por questão de tempo mesmo.
Em uma breve análise dos filmes que chegaram à shortlist nas últimas edições, você raramente encontra filmes mais artesanais e de baixo orçamento, como o nosso.
A grande maioria é composta com filmes documentais “de impacto” estilo Netflix. Tem muito lobby envolvido, distribuidoras e agentes de venda colocam muito dinheiro em publicidade, mailings oficiais e sessões privadas em cinemas pelo mundo, com coquetéis oferecidos aos membros da Academia e profissionais do meio.
Como nós não temos condições de fazer esse tipo de divulgação grandiosa, o que nos resta é enviar, através de um mailing oficial – de custo caríssimo (800 dólares por envio) – uma peça simples, com a sinopse, convidando os jurados a assistir “Samuel e a Luz” na plataforma da Academia.
Apesar de nosso “Samuel” estar disponível em tal plataforma e acessível aos membros do corpo de jurados – há quase dois meses –, por falta de recursos, até agora não enviamos nenhum desses mailings.
Pode ser que muitos dos jurados nem saibam da existência do filme ainda, e temos pouco mais de um mês para que se iniciem as votações.
Então, nesse momento estou tentando conseguir apoio financeiro para enviarmos ao menos dois destes mailings, nas próximas semanas, para que o corpo de jurados saiba da existência de ‘Samuel e a Luz’. E, a partir daí, torcer para que eles assistam ao filme”.