Cadê o cinema russo?
O cinema russo virou raridade em nosso circuito exibidor. Depois de brevíssimo ciclo que exibiu filmes da época da Perestroika & Glasnot (como “Taxi Blues” e “A Pequena Vera”), chegou a vez de Alexander Sokurov (“Arca Russa”). Graças à Mostra de São Paulo, conhecemos Andrei Zvyagintsev, que depois de “O Retorno”, ganhou certo destaque com o belíssimo “Leviatã”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Para evitar que nomes do cinema russo familiares aos cinéfilos brasileiros se reduzam a alguns dedos de uma de nossas mãos, dois dos mais poderosos cineastas da Era Putin, Nikita Mikalkov e Karen Shaknazarov (ambos ocupam altos cargos na hierarquia cultural moscovita) estão se mexendo. Através da Mosfilm, o maior e quase centenário estúdio cinematográfico herdado da era soviética, eles têm patrocinado mostras, inclusive no Brasil. Uma, em parceria com o CPC-UMES, organismo que vem, inclusive, lançando filmes eslavos em DVD. Outra, organizada por produtora independente, vem lotando salas por onde passa (em São Paulo, o Cine Caixa Belas Artes recebeu plateias entusiasmadas). Para apresentar o cinema russo contemporâneo aos brasileiros, Rio e SP receberam a visita do crítico Andrei Plakhov. Em ótima palestra, seguida de debate, o crítico deu destaque a dois nomes totalmente desconhecidos no Brasil (e que por isto receberam espaço nobre na Mostra Cinema Russo Contemporâneo): Alexei Balabanov, de “Mercadoria 200”, e Serguei Soloviev, de “A Pomba Branca”. Está mais que na hora de Brasil e Rússia trocarem duas substantivas mostras cinematográficas, com cem títulos cada uma. Ou não?