Prêmio Platino

O cinema brasileiro terá que mover mundos para manter um bom diálogo com seus pares ibero-americanos. Quem acompanhou as várias fases do Prêmio Platino, o “Oscar” da Península Ibérica e da América Latina, viu que não é fácil conquistar espaço em disputas encabeçadas por espanhóis e hispano-americanos. Nem o festejado “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça (com crítica positiva no NYT, três páginas na revista Cahiers du Cinèma, selecionado para dezenas de festivais espalhados pelo mundo) conseguiu uma vaga entre os sete indicados à disputa do Platino de melhor ficção. O Brasil buscou vaga entre os semifinalistas com “Colegas”, de Marcelo Galvão, e “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, ambos vencedores do Festival de Gramado. E com o filme de Kleber. Este passou pela primeira peneira. Mas não pela segunda. Espanha (com “Viver com os Olhos Fechados É Fácil” e “As Bruxas de Zugarramurdi”) e México (“Heli” e “A Jaula de Ouro”) cravaram duas vagas cada. O Chile, que vive momento muito especial, tornou-se finalista com o ótimo “Glória”, e a Colômbia com “Roa”. A poderosa Argentina só obteve uma vaga, e mesmo assim com um filme que pouco tem a ver com o cinema inovador de Martel, Trapero e cia. O filme selecionado, “O Médico Alemão” (“Wakolda”), lembra aqueles filmões da velha Hollywood dedicados ao combate do nazismo. O Brasil só conseguiu espaço em duas das muitas categorias do prêmio: melhor animação, com “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi, grande vencedor do Festival de Anecy, meca do gênero, e melhor documentário, com “O Dia que Durou 21 Anos”, do jovem Camilo Tavares. Mais nada. Nem nossos atores emplacaram. Não houve vaga nem para Glória Pires, que interpretou com paixão e garra a paisagista Lota Macedo Soares, companheira da poeta Elizabeth Bishop, em “Flores Raras”.

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