Cinemas do IMS exibem filmes do cineasta jamaicano Perry Henzell
Neste mês, o IMS Paulista e o IMS Rio promovem a nova edição da Sessão Mutual Films, programação bimestral que promove diálogos entre obras cinematográficas. Serão apresentados dois filmes do diretor jamaicano Perry Henzell: Balada Sangrenta (1972), considerado o primeiro longa-metragem de ficção produzido na Jamaica independente, e Não Há Lugar como nosso Lar (2006).
Os títulos serão exibidos em sequência, um após o outro, no IMS Rio, no dia 23 de julho, às 16h e às 18h, e no IMS Paulista, em 28 e 30 de julho, respectivamente às 18h e 20h As sessões dos dias 23 (Rio) e 28 (Paulista) serão apresentadas pelos curadores do projeto Aaron Cutler e Mariana Shellard.
Provindo de uma rica família de fazendeiros, Perry Henzell (1936-2006) foi um apaixonado pela Jamaica e por seu povo, fazendo cinema para mostrar ao mundo a realidade de seu país. Em 1972, o diretor lançou seu primeiro longa-metragem Balada Sangrenta, estrelado pelo músico de reggae Jimmy Cliff, que também compôs parte da trilha do filme, com destaque para a canção-tema, “The Harder They Come”.
Roteirizado em parceria com o dramaturgo jamaicano Trevor D. Rhone, o filme conta a trajetória de um jovem do campo que muda para a capital, Kingston, para seguir a carreira musical. O personagem principal, vivido por Cliff, foi inspirado na história real do lendário criminoso jamaicano Ivanhoe Martin (“Rhyging”), que amedrontou e causou admiração nos anos 1940.
Após seu lançamento, Balada Sangrenta tornou-se um título consagrado, ajudando a popularizar mundialmente o reggae com sua trilha sonora, lançada um ano antes do lendário álbum de Bob Marley & the Wailers, Catch a Fire (1973). Recentemente, o longa foi remasterizado em 4K. Esta cópia de Balada Sangrenta será exibida no IMS, 50 anos após o lançamento do filme no Carib Cinema, em Kingston, em 1972.
Não há Lugar como nosso Lar (2006), segundo e último longa do diretor, retrata um grupo de nova-iorquinos que viaja para a Jamaica para rodar um comercial de xampu. Quando a atriz do comercial desaparece, a produtora embarca em uma jornada pelo país acompanhada pelo motorista jamaicano da equipe.
O longa foi filmado ao longo de oito anos, entre 1973 e 1981, em locações reais e com diálogos frequentemente improvisados pelo elenco. No entanto, ao contrário do primeiro filme de Henzell, o este passou por grandes dificuldades de produção, e os negativos foram perdidos antes de sua conclusão. Em meados dos anos 2000, esse material foi encontrado e restaurado, e o longa finalizado e lançado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, alguns meses antes da morte do cineasta. Em 2019, o filme finalmente foi lançado comercialmente. Esta é a primeira vez que o título é exibido no Brasil.