Marcos Pimentel lança o documentário “Amanhã”
Exibido em competição no É Tudo Verdade e premiado no 27º FAM – Florianópolis Audiovisual Mercosul (Melhor Longa Júri Popular), “Amanhã”, de Marcos Pimentel, investiga a realidade social do Brasil acompanhando um grupo de crianças, em 2002, e depois, quando já são adultos, em 2022. Produzido pela Tempero Filmes, o longa é distribuído pela Descoloniza Filmes e chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de fevereiro, nas seguintes praças: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. A classificação indicativa é 14 anos.
Universos sociais distantes são separados pela Barragem Santa Lúcia, em Belo Horizonte. De um lado, uma favela, do outro, um bairro de classe média. A proximidade geográfica, no entanto, é contraposta pela distância social. O filme começa em 2002, quando Pimentel filma um grupo de crianças dos dois lados da barragem, abordando suas atividades cotidianas, seus sonhos e aspirações para o futuro. Duas décadas depois, ele volta, e reencontra os irmãos Julia e Christian. Assim como eles, o país não é mais o mesmo.
Pimentel conta que, ao se mudar para Belo Horizonte, em 2000, se espantou com a região da Barragem, com a discrepância que havia de cada lado. Uma das coisas que mais o impressionou é que as pessoas da classe média não iam para o outro lado, e vice-versa. Isso lhe pareceu uma espécie de apartheid em plena virada do milênio.
Depois das filmagens iniciais, o diretor sempre pensava como poderiam estar aquelas crianças, mas foi só com o governo de Bolsonaro que ele resolveu voltar ao local, procurá-las, e retomar o documentário.
Pimentel aponta que a divisão no país sempre existiu, mas, com a eleição de Bolsonaro, tudo ficou bem mais escancarado do que antes, fazendo com que países completamente diferentes coexistissem em uma mesma cidade, em uma mesma sociedade. E “Amanhã” convida o espectador a refletir sobre o conturbado momento que o país experimenta, apontando que isso é um reflexo dos abismos sociais que sempre existiram dentro de nossas fronteiras e dentro de nossas cidades.
Exibido em festivais, como 17º CineBH e no 27º Forumdoc, o longa recebeu menção honrosa no 5º Pirenópolis Doc.