Perdidos na convergência

A convergencia é um conceito antigo que vem tomando novos significados. Assim pensa Henry Jenkins, em “Cultura da Convergência” (Editora Aleph), que investiga o alvoroço em torno das novas mídias e expõe as importantes transformações culturais que ocorrem à medida que esses meios convergem entre si. Estamos no ápice do ciclo da convergência dos modelos e meios de enviar e receber informações, numa transição midiática, num momento de confusa transformação. Segundo o autor, a convergência mais importante nao está no sistema, no digital, mas na consciência das pessoas.

O livro aborda os precurssores desse pensamento, que nos anos 80 já apontavam para uma proliferação de informações transmididas por meio de fios, revelando uma tendência de concentração, numa época em que se iniciava o processo de globalização do planeta. O estudo evolui até o nascimento da internet, a bolha da web em 2000 e os primeiros resultados da cultura da transmídia. O livro cita também o famoso caso de “A Bruxa de Blair”, o mais importante exemplo de como uma nova cultura se cruzou com outra.
A cultura da convergência é um fenômeno que está revolucionando o modo de encarar a produção de conteúdo em todo o mundo. Todos os modelos de negócios a ela relacionados estão sendo revistos. Como exemplo, o autor nos introduz aos fãs de Harry Potter, que estão escrevendo suas próprias histórias, enquanto os executivos se debatem para controlar a franquia. Ele nos mostra, ainda, como o fenômeno “Matrix” levou a narrativa a novos patamares, criando um universo que junta partes da história entre filmes, quadrinhos, games, websites e animações.
O autor, ao invés de discorrer sobre prognósticos futuros, volta-se para trás e analisa o filme “Matrix” como sendo o primeiro filme a utilizar todos os recursos da convergência, o que ocorre nos três filmes da série. O filme utilizou-se de todas as mídias possiveis, no processo chamado de transmídia.
Esse mesmo filme viu nascer um grande número de fãs que orientaram essas diferentes mídias. Fãs que, no caso de Hary Potter, usam a internet para recriar histórias em sites onde se juntaram para ganhar força contra processos dos dententores dos direitos autorais da obra. Em resumo, o livro de Henry Jenkins, que em sua nova edição traz também um capítulo inédito sobre o YouTube, trata do fato de que esse novo expectador, conectado às novas mídias, não é mais passivo – maneira com a qual se comportam apenas diante das mídias tradicionais como a televisão –, mas participativos e interativos, prontos a consumir tudo quanto que é novidade propiciada por essa cultura da convergência.

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