Espanha de Almodóvar

A Espanha tem perto de 50 milhões de habitantes e 234 festivais (dado fornecido por Diego Rodríguez, coordenador da Associação de Festivais Espanhóis). O Brasil, com quase 200 milhões de habitantes, aproxima-se deste número. Nos dois países, os festivais transformaram-se em vitrine para a produção local, já que no mercado exibidor, hegemonizado pelo cinema norte-americano, restam poucas brechas. Rodríguez, que coordena o projeto “Cine Español in Ruta”, contou, em debate no Festival Cinema do Futuro (Bahia), que o cinema espanhol encontrou novo inimigo: “os partidos de direita”. Gente de cinema (como Javier Bardem e Almodóvar) posicionou-se firmemente contra a participação da Espanha (ao lado dos EUA) na Guerra do Iraque. Daí em diante, “os direitistas tomaram verdadeira ojeriza ao cinema espanhol e a seus realizadores”. Não se cansam de dizer que “a produção local ambienta, obsessivamente, seus filmes na Guerra Civil Espanhola e, quando não apela a esse contexto histórico, é porque está produzindo comédias de forte apelo sexual”. Por tal compreensão dos fatos, os partidos de direita – postula Rodríguez – estão dificultando a criação de políticas públicas em defesa da produção e difusão dos filmes da Espanha e de seus parceiros (em especial países da América Hispânica).

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