Glauber onipresente
Em recente palestra sobre Glauber Rocha, Ismail Xavier ouviu da plateia a seguinte pergunta: a obra do cineasta baiano está caindo no esquecimento? O professor da USP, autor de estudos seminais como “Sertão-Mar” e “Alegorias do Subdesenvolvimento”, disse acreditar que não, já que muitos pesquisadores, no Brasil e exterior, continuam debruçando-se sobre o legado glauberiano. Seus filmes, restaurados, são lançados nos cinemas e locadoras e motivam debates. Ismail não disse, mas poderia ter dito que, se por um lado há cineastas (como Fernando Meirelles) arredios aos “totalizantes, alegóricos e dilacerantes dramas barrocos” esculpidos por Glauber, há quem, mesmo entre os novíssimos, admire o baiano. Este é o caso dos irmãos Pretti & dos primos Parente, que recriaram a participação de Glauber em “Vento Leste”, de Godard, no ficcional “Estrada para Ythaca”. E muitos documentários surgem para revisitar vida e obra do cineasta (caso de “Que Viva Glauber”, de Aurélio Michiles, “Glauber Rocha, o Labirinto”, de Silvio Tendler, “A Rocha Que Voa”, de Eryk Rocha, “Anabasys”, de Paloma Rocha & Joel Pizzini, e “Diário de Sintra”, de Paula Gaitán). Os 30 anos da morte prematura de Glauber (1939-1981) serão lembrados, neste mês de agosto, com exibição e debates de seus filmes na TV Senado.