Anima Mundi completa 20 anos e prepara edição especial

No ano em que completa 20 edições, o Anima Mundi – criado em 1993 por Aída Queiroz, Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães – tem motivos de sobra para comemorar. Além de estar entre os três maiores festivais do gênero, também pode ser considerado o principal motor para a radical evolução que mercado brasileiro sofreu neste período. Hoje, o evento ostenta ainda outro título: entrou para o seleto grupo de festivais qualificados para indicação ao Oscar de curta-metragem de animação.

A 20ª edição do Anima Mundi acontece entre os dias 13 e 29 de julho, entre Rio de Janeiro e São Paulo, e contará com 448 filmes selecionados (80 brasileiros) de um total de 1.623 inscrições.

Países como França, Alemanha, Japão, Polônia, Portugal, Estados Unidos, Suíça, Dinamarca, República Tcheca e os estreantes Síria e Tunísia estarão representados nas telas do festival, que ocupará as dependências do Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Oi Futuro, Odeon, Arteplex e Memorial da América Latina (São Paulo).

Entre os convidados internacionais, o festival receberá PES, apelido do americano Adam Pesapane, famoso por animar objetos cotidianos com humor e ironia, em curtas como “Roof Sex” e “Spaghetti Western”. A inglesa Sarah Cox vem falar sobre um longa feito com a colaboração de centenas de crianças do mundo inteiro e Roger Horrocks fará uma palestra especial sobre o neozelandês Len Lye, morto em 1980 e ainda muito citado em trabalhos contemporâneos.

As já tradicionais oficinas gratuitas do Espaço Aberto estão garantidas no Rio e em São Paulo. Através delas, crianças e jovens podem ter o primeiro contato com técnicas como Stop Motion (na oficina de massinha), Desenho Animado, Zootrópio, Areia,Pixilation e Película. Uma nova atração promete chamar a atenção: a oficina 12I, uma espécie de zootrópio moderno, com tablets que serão animados pelo público. Assim como todas as oficinas, as sessões infantis – todas dubladas especialmente para o Anima Mundi – terão entrada franca.

Para comemorar o aniversário de 20 anos, além de uma sessão retrospectiva com premiados de diversos anos, o festival preparou uma exposição inédita para celebrar a data. A partir de 9 de julho, “Anima Mundi Memória” ocupará o Monumento a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo. Em parceria com a Universidade Estácio de Sá, administradora do local, a mostra vai apostar na tecnologia e na interatividade.

O visitante poderá explorar o conteúdo exclusivo através de tablets, painéis informativos, fones de ouvido e computadores. A ideia é exibir trechos, filmes, fotos e histórias do festival, além de celebrar todos os países por onde o Anima Mundi já passou. A concepção é do cenógrafo Jair de Souza, que ainda recuperou o projeto original do local, assinado por Lucio Costa.

A data redonda inspirou também a escolha do homenageado do ano: o animador carioca Marão, figura muito presente em todas as últimas edições do evento, seja como diretor de filmes concorrentes – e premiado diversas vezes – ou mesmo ao incorporar a função “agitador cultural”, recebendo animadores brasileiros de outros estados para os dias de exibição. Ele, inclusive, sempre reafirma que entrou para a profissão por conta do Anima Mundi.

O festival tem importância fundamental na carreira de toda uma geração de profissionais brasileiros. Carlos Saldanha – que alcançou intensa projeção ao dirigir o sucesso “Rio” e a franquia “A Era do Gelo” – sempre prestigiou o evento e foi a estrela de um Papo Animado no ano passado. Desta vez, propôs a criação de um prêmio, bancado por ele, para a melhor animação nacional. O Prêmio Carlos Saldanha se junta ao Prêmio de Aquisição do Canal Brasil, parceiro fiel do Anima Mundi.

Rodrigo Teixeira é outro brasileiro que se projetou recentemente em uma bem-sucedida carreira internacional. Há uma década trabalhando com efeitos especiais em Hollywood, ele consta nos créditos de longas como “O Dia Depois de Amanhã”, “Alice”, “Sin City” e do grande vencedor do Oscar 2012, “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, em que assina como diretor de efeitos visuais. Rodrigo virá ao evento falar sobre o uso do 3D nas animações.

Além dos jovens, o Anima Mundi 2012 vai exibir, com exclusividade, “Ritos de Passagem”, o primeiro longa de Chico Liberato, veterano animador baiano. Na mostra competitiva, está “Brichos 2”, em que o gaúcho Paulo Munhoz retoma os personagens e o universo do primeiro filme. Reflexo da excelente fase da animação brasileira, a programação do Anima Mundi também comemora a ampliação do Fundo Setorial do Audiovisual na abertura do Anima Fórum, que acontece entre os dias 17 e 20 de julho, no Rio de Janeiro.

A quinta edição do Anima Fórum começará com uma palestra de Glauber Piva, diretor da Ancine, que explicará a nova composição do Fundo Setorial do Audiovisual e sua imensa repercussão na produção nacional de conteúdo para TV e cinema. Os desdobramentos do FSA também serão debatidos por animadores (Luis Bolognesi e Marta Machado) e representantes do BNDES e da TV Cultura.

As estratégias de marketing para filmes de animação serão abordadas em palestras de Mark Shapiro, da produtora Laika, e do americano Ron Diamond, que vai esmiuçar os mecanismos de escolha do Oscar para o prêmio do Melhor Curta de Animação. Afinal, 2012 será o primeiro ano em que o Anima Mundi poderá habilitar filmes para a mais célebre premiação cinematográfica mundial.

Membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Diamond promete ensinar o caminho das pedras para entender os critérios usados nas escolhas dos indicados ao Oscar e assim aumentar as chances de um filme ser selecionado. Uma sessão especial, na mostra de filmes, terá os curtas premiados e outros que poderiam ter recebido a estatueta, mas que estratégias erradas acabaram os levando ao fracasso.

Já Shapiro vai focar em marketing e gerenciamento de marcas em uma palestra que mostrará trechos de bastidores inéditos de “Coraline” e “Para Norman”, que chegará aos cinemas ainda este ano. Outra mesa que também vai focar no mercado é a Animateens – Animando para Crianças e Adolescentes. Sarah Cox, diretora do longa “The icht of golden Nitch” – feito em parceria com dezenas de crianças e jovens – se juntará a Peter Hastings (“Kung Fu Panda”) e Kiko Mistrorigo (“Peixonauta”) para falar sobre os desafios da produção para esta faixa de público, cada vez mais conectada e exigente.

Como é de praxe, o Anima Mundi sempre apresenta ao grande público animadores que optaram por um caminho mais experimental. É o caso de PES, apelido do americano Adam Pesapane, famoso por animar objetos cotidianos com muito humor e ironia, em curtas como “Roof Sex” e “Spaghetti Western”. Em sua Master Class, ele pretende fazer da palestra uma divertida aula de culinária, animando objetos e alimentos nunca antes usados em filmes do gênero.

Em outra palestra, Jay Grace – diretor de animação de “Pirates” – vem contar porque a produtora Aardman é uma referência internacional para filmes em stop motion. Fechando o Fórum, uma mesa redonda receberá membros de três importantes Escolas de Animação mundiais (Animation Workshop, Bristol Animation School, Brigham Young University) para apresentar seus currículos e propostas pedagógicas.

A edição 2012 do festival vai ainda resgatar a obra seminal de Len Lye, animador neozelandês que influenciou bastante a nova geração de artistas gráficos. Roger Horrocks, biógrafo do diretor, dará um Papo Animado sobre seu trabalho e uma sessão especial com filmes de Lye completará a homenagem.

O 20º Anima Mundi acontece de 13 a 22 de Julho, no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Odeon, Oi Futuro, Arteplex e Monumento a Estácio de Sá. E em São Paulo, de 25 a 29 de Julho, no Memorial da América Latina.

A programação completa pode ser acessada no site do festival: www.animamundi.com.br.

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