Livro sobre o DOCTV, organizado por Maria do Rosário, será lançado no Festival de Brasília

A programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro está com uma série de lançamentos que fazem desta uma edição comemorativa. São obras que recuperam um pouco da importância e da trajetória de seu fundador, Paulo Emílio Salles Gomes, em artigos assinados por importantes intelectuais e ex-alunos; que apresentam um mapeamento da produção cinematográfica brasiliense; que oferecem diferentes visões críticas dos filmes premiados pelo Festival ao longo destes 45 anos de existência; que revelam o importante trabalho realizado pelo programa DOCTV, ligado à Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura; e que apresentam o talento do cineasta Antonio Carlos Fontoura como romancista, no livro Alma.

Também estão programados lançamentos de DVDs. O primeiro traz o mais recente filme do documentarista Sílvio Da-Rin, Paralelo 10, que vasculha a política indigenista na Amazônia, e o segundo apresenta uma seleção de curtas do mineiro Helvécio Marins. Todos os eventos têm entrada franca.

Confira a programação:

SEXTA, DIA 21, 18h

Foyer do Teatro Nacional Cláudio Santoro, acesso livre

CATÁLOGO BRASÍLIA 5.2 – CINEMA E MEMÓRIA, de Berê Bahia

Obra que apresenta uma ampla pesquisa, baseada em documentos colhidos ao longo de 52 anos de história. Mapeamento da produção brasiliense e do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro desde 1969, primeiro ano em que um filme de Brasília concorreu ao FBCB – Pirenópolis, o Divino e as Máscaras, de Lyonel Lucini, a 2012; Mapa da Mostra Brasília de1996 a 2012; Cronologia do movimento cineclubista de Brasília; Festivais do Filme Brasiliense (capítulo do Super 8 ao digital); Breve histórico do Polo de Cinema Grande Otelo e Jornal da Tela (curiosidades sobre fatos ocorridos no Festival de Brasília).

Berê Bahia: Nascida na cidade baiana de Jacobina, Berê Bahia se interessou por cinema desde a infância. Em Brasília, foi funcionária do então Ministério da Educação e Cultura, na Embrafilme, quando surgiu o interesse pela pesquisa de filmes brasileiros, a vida de atores, diretores e produtores. Tornou–se também cineclubista e programadora de filmes. Entre os catálogos que lançou, estão O Olhar da Igreja, sobre os filmes premiados com o Margarida de Prata, da CNBB; 100 Anos de Cinema – 1895-1995: O Olhar Poético de Jussara Queiróz; 30 Anos de Cinema e Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; Pra Falar da Dor, sobre a vida do ator e apresentador Eduardo Conde: e ainda Luz, Câmera, Mesa e Ação: o cinema brasileiro na cozinha (2003) e finaliza o projeto sobre os 50 anos de cinema na capital federal intitulado Brasília 5.2 – Cinema e Memória.

SÁBADO, DIA 22, 16H

Bamboo Bar – Kubitschek Plaza Hotel, acesso livre

PAULO EMILIO – O HOMEM QUE AMAVA O CINEMA E NÓS QUE O AMÁVAMOS TANTO, organizado por Maria do Rosário Caetano

Um texto reflexivo e bem-humorado, para lembrar e homenagear um de seus fundadores, Paulo Emília Salles Gomes. O livro é fruto de um projeto coletivo – mobilizou 63 pessoas e a equipe do Núcleo de Documentação da Cinemateca Brasileira, sob a organização da jornalista Maria do Rosário Caetano.

Primeiro, foram convocados dois nomes de fundamental importância na história de Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977): sua mulher, Lygia Fagundes Telles, e um de seus amigos mais próximos, Antonio Candido. Em seguida, foram convidados dez articulistas para que abordassem aspectos diversos da trajetória artística, intelectual e política de Paulo Emilio. Assinam os artigos nomes como Luzia Miranda & Pedro Veriano, Lúcio Vilar, Geraldo Veloso, Pablo Gonçalo, Fatimarlei Lunardelli, Walnice Nogueira Galvão, Ismail Xavier, Carlos Augusto Calil, Adilson Mendes e Mateus Araújo. O livro também inclui uma entrevista feita por Carlos Reichenbach, junto com Inácio Araújo e Eder Mazini, com Paulo Emilio para a revista “Cinegrafia” (1974).

Há ainda uma série de depoimentos afetivos, compostos por ex-alunos que estudaram com Paulo Emílio na USP: Ricardo Dias, André Klotzel, Claudio Kahns, Cristina Amaral, Carlos Roberto, Djalma Limongi, Sylvia Bahiense, Raquel Gerber, Alain Fresnot, entre outros.

Maria do Rosário Caetano: Jornalista, nasceu em Coromandel, MG (em 1955), onde permaneceu até os 15 anos. Mudou-se para Brasília, estudou na UnB e trabalhou no Jornal de Brasília, Correio Braziliense, TV Globo-Brasília e em alguns jornais alternativos (Cidade Livre, Cuca Livre, Jornaletras, Eleições Diretas). Ganhou o Prêmio OK de Jornalismo (com reportagens sobre Geraldo Vandré). Viveu na capital federal por 25 anos. Reside há 17 anosem São Paulo. Colaboracom a Revista de Cinema e com o jornal Brasil de Fato. É autora dos livros “Cineastas Latino-Americanos – Entrevistas e Filmes” e de três volumes da Coleção Aplauso (João Batista de Andrade, Fernando Meirelles, Marlene França). Escreveu o livro “40 Anos do Festival d e Brasília”. Organizou “ABD 30 Anos – Mais Que Uma Entidade Um Estado de Espírito”, “Cangaço, o Nordestern no Cinema Brasileiro” e “DocTV – Operação de Rede”. Colaborou com o livro “Alle Radici Del Cinema Brasiliano”, publicado na Itália (e traduzido pela Revista Alceu, da PUC-Rio), com os álbuns que contaram a história do Festival de Gramado e do CineCeará, entre outros. Recebeu medalhas/homenagens dos festivais de Recife, Tiradentes, Aruanda e Sergipe. Integra os quadros da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO, MEMÓRIA CRÍTICA, organizado por José Carlos Avellar e Hernani Reffner.

Um festival de cinema acontece tanto no momento em que exibe e promove o debate dos filmes que compõem as mostras competitivas e as sessões fora de concurso quanto na discussão de cinema, que, estimulada por ele, se estende ao longo do tempo em críticas, comentários, entrevistas, resenhas e ensaios que passam a circular em jornais e revistas, e hoje também nas mais diversas publicaçõesem internet. Reunidasnessa memória, o conjunto de críticas sobre os filmes de longa-metragem premiados com o Candango de Melhor Filme são um exemplo dessa ampliação do que a cada ano começa aqui, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O livro oferece uma seleção de críticas aos filmes vencedores do festival, demonstrando a imensa diversidade de abordagens, de compreensão, de provocações que um título pode suscitar.

José Carlos Avellar: Critico de cinema, com colaborações publicadas em jornais e revistas. Autor, entre outros, dos livros O chão da palavra – cinema e literatura no Brasil, A ponte clandestina, teorias de cinema na América Latina e O cinema dilacerado. Consultor do Festival de Berlim e programador de cinema do Instituto Moreira Salles. Uma coletânea de seus textos se encontra em www.escrevercinema.com.

Hernani Reffner: Diretor de conservação da cinemateca do MAM. Formado em Comunicação Social, habilitação cinema, pela Universidade Federal Fluminense. É diretor de conservação da cinemateca do MAM. Ministra as disciplinas Cinema Brasileiro e Cinema Mundial na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Documentário Silencioso Brasileiro na Fundação Getúlio Vargas, e História do Cinema Mundial, no CINETV-PR da Faculdade de Artes do Paraná. Entre os últimos textos publicados estão artigos para as coletâneas Cinema: Aprender e Desaprender (Booklinks, 2007), Ciência em foco: relações entre cinema e ciência (Garamond, 2008) e Aprender com experiências do cinema (Booklinks, 2009).

DOCTV – OPERAÇÃO DE REDE, organizado por Maria do Rosário Caetano, com apresentação do ex-secretário do Audiovisual, Orlando Senna, e editado pelo Instituto Cinema em Transe.

O programa foi criado em 2003 pela Secretaria do Audiovisual e até 2010 havia produzido mais de 170 filmes, com a exibição de mais de três mil horas de documentários nas TVs públicas do Brasil. O livro conta informações sobre os mais de 200 documentários realizados no Brasil e em outros países e com a colaboração de 10 estudiosos do cinema brasileiro de renome. Cada um escolheu um filme para analisar: Cidadão Jacaré, de Firmindo Holanda e Petrus Cariry, por Amir Labaki; Jesus no Mundo Maravilha, de Newton Cannito, por Jean-Claude Bernardet; Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro, por Ivonete Pinto; Preto Contra Branco, de Wagner Morales, por Ismail Xavier; Depois Rola o Mocotó, de Demora Herzenhut e Jeferson Oliveira, por Ivana Bentes; Acidente, de Cao Guimarães e Pablo Lobato, por Carlos Alberto de Mattos; Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro, por de Neusa Barbosa;  Inal Mama, de Eduardo Lopez, por Lúcio Vilar; Querido Camilo, de Daniel Ross e Júlio Molina, por Suzana Schild; As Vilas Volantes, de Alexandre Veras, por Karla Holanda. O livro é uma publicação do Instituto Cinema em Transe, em convênio com a Secretaria do Audiovisual.

ALMA, de Antônio Carlos Fontoura, publicado pelo Cine Literário

Segundo José Loureiro, o autor levou anos para compor o romance Alma, que é uma caixa de surpresas e, também, de certa maneira, uma homenagem à saudosa roteirista Regina Lúcia Viana Braga.

Antonio Carlos da Fontoura: Produz, escreve e dirige para cinema e televisão. Nome de referência do Cinema Novo. Entre suas obras destacam-se os curtas Heitor dos Prazeres (1965), Ver/Ouvir (1966), Meu Nome é Gal (1970), Mutantes (1970), Brasília Segundo Alberto Cavalcanti (1972) e Ouro Preto e Scliar (1972); dirigiu os longas Copacabana Me Engana (1968), A Rainha Diaba (1973), Cordão de Ouro (1976), Espelho de Carne (1985), Uma Aventura do Zico (1998) e No Meio Da Rua (2006). Na televisão, dirigiu os seriados Ciranda Cirandinha, Plantão de Polícia, Você Decide, Brava Gente e Carga Pesada, as minisséries Chapadão do Bugre e Capitães da Areia. Seu trabalho mais recente é o roteiro e direção do longa Gatão de Meia Idade, de 2006. Diversos trabalhos seus tiveram extensa participação e premiação em mostras e festivais no Brasil e no exterior.

DVD – PARALELO 10, de Silvio Da-Rin, 87min, RJ, 2011

O novo longa-metragem de Silvio Da-Rin é uma incursão em profundidade ao pensamento de um indigenista e à realidade de uma região da Amazônia. José Carlos Meirelles é um dos mais destacados sertanistas brasileiros. Sua atuação na Funai foi decisiva para a implantação da atual política de respeito à escolha dos índios que não querem contatos com não-índios. Ele foi o criador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, no Acre, próximo à fronteira com o Peru, área do Paralelo 10°Sul.

Sinopse: Um barco sobe o Rio Envira, no Acre, levando o sertanista José Carlos Meirelles e o antropólogo Terri de Aquino. Eles vão discutir com índios Madijá e Ashaninka como atenuar o tenso relacionamento com os índios “brabos” que habitam a região.

Silvio Da-Rin: Diretor cinematográfico, realizou mais de uma dezena de filmes e vídeos, vários deles premiados em festivais brasileiros e internacionais, como Paralelo 10, Hércules 56, Igreja da libertação, Nossa América, Príncipe do fogo e Fênix. Gravou o som de mais de 150 filmes, ministrou cursos e oficinas nas áreas de som para cinema e documentário e publicou vários artigos e livros, entre eles Espelho partido: tradição e transformação do documentário, versão revista de sua dissertação de mestrado em Comunicação e Teoria da Cultura na UFRJ. Foi presidente da Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro, da Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos, da Associação Brasileira de Documentaristas e vice-presidente da Associação Brasileira de Cineastas/Abraci-RJ. Foi Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, entre novembro de 2007 e maio de 2010, e Gerente Executivo de Articulação Internacional e Licenciamento da EBC/TV Brasil, até março de 2012.

DVD – CURTAS DE HELVÉCIO MARINS – coletânea de curtas em DVD pela Lume Filmes.

Curtas-metragens: 2 Homens – Dois homens estão sentados num bar cheio de gente, sem dizer nada, sem fazer nada, sem pensar em nada.

Alma nua – Sutil aproximação ao feminino.
Nascente – A vida flui e se renova como água, o destino torna-se nascente.
Nem marcha nem chouta – Nem lá nem cá…
Trecho – O filme acompanha a caminhada de Libério por estradas que o levam de Belo Horizonte a Recife. Um diário imagético e sonoro remonta uma viagem realizada há oito anos. As lembranças e os questionamentos do personagem se mostram transformados pelo passar do tempo, pela paisagem e pela própria experiência do filme.

Helvécio Marins: É pós-graduado em cinema pela PUC-MG. Seus filmes receberam mais de 50 prêmios nos mais importantes festivais internacionais e brasileiros, como Veneza, Havana, Nantes, Barcelona, Mar del Plata e Brasília, selecionados e exibidos nos principais eventos de cinema do mundo, como Toronto, Locarno, Veneza, San Sebastian, Roterdã, IDFA, Centre Georges Pompidou e MoMA NY. Girimunho, seu primeiro longa, teve sua estreia mundial no 68º Festival de Veneza, onde recebeu o prêmio Interfilm. Em julho de 2012, o festival internacional de Vila do Conde, exibiu uma retrospectiva de sua obra. Atualmente, trabalha no desenvolvimento de seu segundo longa como diretor, A mulher do homem que come raio laser, premiado pelo Hubert Bals Fund.

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